Um Voto De Glória

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Z serii: Anel Do Feiticeiro #5
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Um Voto De Glória
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Sobre Morgan Rice

Morgan Rice é a autora do best-seller #1 DIÁRIOS DE VAMPIROS, uma série destinada a jovens adultos composta por onze livros (mais em progresso); da série de Best-seller #1 – TRILOGIA DE SOBREVIVÊNCIA, um thriller pós-apocalíptico que compreende dois livros (outro será adicionado); a série número um de vendas, O ANEL DO FEITICEIRO, composta por treze livros de fantasia épica (outros serão acrescentados).

Os livros de Morgan estão disponíveis em áudio e página impressa e suas traduções estão disponíveis em: alemão, francês, italiano, espanhol, português, japonês, chinês, sueco, holandês, turco, húngaro, checo e eslovaco (em breve estarão disponíveis em mais idiomas).

Morgan apreciará muitíssimo seus comentários, por favor, fique à vontade para visitar www.morganricebooks.com faça parte de nosso newsletter, receba um livro gratuito, ganhe brindes, baixe nosso aplicativo gratuito, obtenha as novidades exclusivas em primeira mão, conecte-se ao Facebook e Twitter, permaneça em contato!

Crítica aclamada sobre Morgan Rice

“O ANEL DO FEITICEIRO reúne todos os ingredientes para um sucesso instantâneo: tramas, intrigas, mistério, bravos cavaleiros e florescentes relacionamentos repletos de corações partidos, decepções e traições. O livro manterá o leitor entretido por horas e agradará a pessoas de todas as idades. Recomendado para fazer parte da biblioteca permanente de todos os leitores do gênero de fantasia.”

--Books and Movie Reviews, Roberto Mattos.

“Rice faz um trabalho magnífico ao atrair você para a história desde o início, utilizando uma grande qualidade descritiva que transcende a mera imagem do cenário… Muito bem escrito e de uma leitura extremamente rápida.”

--Black Lagoon Reviews (referindo-se a Turned)

“Uma história ideal para jovens leitores. Morgan Rice fez um bom trabalho, dando uma interessante reviravolta na trama… Refrescante e original. As séries giram em torno de uma garota… Uma jovem extraordinária!… Fácil de ler, mas com um ritmo de leitura extremamente acelerado… Classificação10 pelo MJ/DEJUS.”

--The Romance Reviews (referindo-se a Turned)

“Captou a minha atenção desde o início e eu não pude soltá-lo… Esta é uma história de aventura incrível que combina agilidade e ação desde o início. Você não encontrará nela nenhum momento maçante.”

--Paranormal Romance Guild (referindo-se a Turned)

“Carregado de ação, romance, aventura e suspense. Ponha suas mãos nele e apaixone-se novamente.”

--Vampirebooksite.com (referindo-se a Turned)

“Uma ótima trama, este é especialmente o tipo de livro que lhe dará trabalho soltar à noite. O final é tão intrigante e espetacular que fará com que você queira comprar imediatamente o livro seguinte, só para ver o que acontecerá.”

--The Dallas Examiner (referindo-se a Loved)

“Um livro que é um rival digno de CREPÚSCULO (TWILIGHT) e AS CRÔNICAS VAMPIRESCAS (VAMPIRE DIARIES) e que fará com que você deseje continuar lendo sem parar até a última página! Se você curte aventura, amor e vampiros este é o livro ideal para você!”

--Vampirebooksite.com (referindo-se a Turned)

“Morgan Rice mais uma vez mostra ser uma narradora extremamente talentosa… Esta narrativa atrairá uma grande variedade de público, incluindo os fãs mais jovens do gênero vampiro/fantasia. Terminou com uma situação de suspense tão inesperada que o deixará chocado.”

--The Romance Reviews (referindo-se a Loved)
Livros de Morgan Rice

O ANEL DO FEITICEIRO

EM BUSCA DE HERÓIS (Livro #1)

UMA MARCHA DE REIS (Livro #2)

UM DESTINO DE DRAGÕES (Livro #3)

UM GRITO DE HONRA (Livro #4)

UM VOTO DE GLÓRIA (Livro #5)

UMA CARGA DE VALOR (Livro #6)

UM RITO DE ESPADAS (Livro #7)

UM ESCUDO DE ARMAS (Livro #8)

UM CÉU DE FEITIÇOS (Livro #9)

UM MAR DE ESCUDOS (Livro #10)

UM REINADO DE AÇO (Livro #11)

UMA TERRA DE FOGO (Livro #12)

UM GOVERNO DE RAINHAS (Livro #13)

TRILOGIA DE SOBREVIVÊNCIA

ARENA UM: TRAFICANTES DE ESCRAVOS (Livro #1)

ARENA DOIS (Livro #2)

DIÁRIOS DE UM VAMPIRO

TRANSFORMADA (Livro #1)

AMADA (Livro #2)

TRAÍDA (Livro #3)

DESTINADA (Livro #4)

DESEJADA (Livro #5)

PROMETIDA EM CASAMENTO (Livro #6)

JURADA (Livro #7)

ENCONTRADA (Livro #8)

RESSUSCITADA (Livro #9)

SUPLICADA (Livro #10)

DESTINADA (Livro #11)

Ouça a série O ANEL DO FEITICEIRO em formato audiobook!
Agora disponível em:
Amazon
Audible
iTunes

Copyright © Morgan Rice 2013

Todos os direitos reservados. Exceto os permitidos, sujeitos à Lei de direitos autorais dos Estados Unidos de 1976, nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida; distribuída; ou transmitida, em qualquer forma ou por qualquer meio; ou armazenada em um banco de dados ou sistema de recuperação, sem a prévia autorização da autora.

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Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, empresas, organizações, lugares, eventos e incidentes ou são o produto da imaginação da autora ou são utilizados ficcionalmente. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência.

A imagem de capa é de Unholy Vault Designs e usada sob licença da Shutterstock.com.

“A vida de cada homem lhe é valiosa; mas o homem de valor tem a honra como algo mais valioso que a própria vida.”

—William Shakespeare
Tróilo e Créssida


CAPÍTULO UM

Andronicus cavalgava orgulhosamente pelo centro da cidade real de McCloud. Ele estava flanqueado por centenas de seus generais e arrastava atrás de si o seu bem mais precioso: o Rei McCloud. McCloud havia sido despojado de sua armadura, seu corpo peludo e estufado de tão gordo, estava seminu. O rei McCloud estava atado e amarrado à parte de trás do selim de Andronicus, uma longa corda estava enrolada em seus pulsos.

Enquanto Andronicus cavalgava devagar, deleitando-se com o seu triunfo, ele arrastava McCloud pelas ruas, sobre as pedras poeirentas, levantando uma nuvem de poeira. O povo McCloud reunido ali presenciava a cena. Ele podia ouvir o Rei McCloud gritando, contorcendo-se de dor enquanto era conduzido em um desfile mórbido pelas ruas de sua própria cidade. Andronicus estava radiante. Os rostos dos súditos de McCloud estavam mortificados pelo medo. Ali estava o seu antigo rei, agora transformado no mais manso dos escravos. Aquele era um dos melhores dias que Andronicus conseguia recordar.

Andronicus estava surpreso ao perceber como tinha sido fácil tomar a cidade de McCloud. Era como se os homens de McCloud estivessem desmoralizados antes mesmo que o ataque tivesse começado. Os homens de Andronicus os haviam conquistado com a velocidade de um raio, seus milhares de soldados investiram subjugando os poucos soldados que se atreveram a defender-se e infestaram a cidade em um piscar de olhos. Eles deviam ter percebido que não fazia sentido resistir. Todos tinham deposto as armas supondo que se eles se rendessem, Andronicus iria levá-los cativos.

No entanto, eles não conheciam o grande Andronicus. Ele desprezava a rendição. Ele não mantinha ninguém cativo e baixar suas armas só tinha tornado tudo mais fácil para ele.

O sangue escorria pelas ruas da cidade de McCloud. Os homens de Andronicus percorreram cada viela, cada beco, massacrando todos os homens que podiam encontrar. Ele tinha tomado as mulheres e crianças como escravos, como sempre fazia. As casas foram todas saqueadas, uma de cada vez.

 

Enquanto Andronicus cavalgava lentamente pelas ruas, observando o seu triunfo, ele via os corpos por todos os lugares, os despojos empilhados e as casas destruídas. Ele virou-se e acenou para um de seus generais e imediatamente o general levantou uma tocha bem alto, acenou para seus homens e centenas deles se espalharam por toda a cidade, incendiando os telhados de palha. As chamas subiram ao redor deles, elevando-se para o céu e Andronicus já podia começar a sentir o calor, ali onde estava.

“NÃO!” McCloud gritou, enquanto se debatia no chão, atrás dele.

Andronicus sorriu de orelha a orelha e acelerou o passo, dirigindo-se para uma pedra particularmente grande; ouviu-se um baque surdo e ele sabia que o corpo de McCloud tinha ido de encontro a ela.

Andronicus sentiu enorme satisfação em assistir àquela cidade arder, tal como ele sempre fazia com cada cidade conquistada em seu império. Primeiro, ele reduzia a cidade a escombros, a cinzas, depois ele a construía novamente com seus homens, seus próprios generais, seu próprio império. Essa era a sua maneira. Ele não queria conservar nenhum vestígio da cidade anterior. Ele estava construindo um novo mundo. O mundo de Andronicus.

O Anel, o Anel sagrado que havia eludido todos os seus antepassados, agora era o seu território. Ele mal podia conceber isso. Ele respirou fundo, sentindo-se muito grande, muito importante. Muito em breve, ele iria atravessar as Highlands e conquistar a outra metade do Anel também. Então, não haveria nenhum lugar no planeta sobre o qual seu pé não tivesse pisado.

Andronicus cavalgou até a gigantesca estátua do Rei McCloud, na praça principal da cidade, e parou diante dela. Ela estava lá como um santuário, elevando-se por quinze metros, toda feita de mármore. Ela dava forma a uma versão de McCloud que Andronicus não reconhecia, a versão de um Rei McCloud jovem, em forma, musculoso, empunhando uma espada, com orgulho. Era algo ególatra. Andronicus admirava McCloud por isso. Uma parte dele queria levar a estátua de volta para casa e colocá-la em seu palácio para exibi-la como um troféu.

Mas outra parte dele estava muito repugnada com aquilo. Sem pensar, ele se abaixou e pegou sua funda, ela era três vezes maior do que a de qualquer ser humano e grande o suficiente para abrigar uma pequena rocha. Andronicus se inclinou e atirou com todas as suas forças.

A pequena rocha voou pelo ar e impactou contra a cabeça da estátua. A cabeça de mármore de McCloud quebrou-se em mil pedaços, desprendendo-se do corpo. Então Andronicus deu um grito, levantou o malho de duas mãos, preparou-se e o girou com toda sua força.

Andronicus golpeou o torso da estátua e o mármore tombou e logo caiu no chão quebrando-se com um grande estrondo. Andronicus fez o seu cavalo dar a volta para que enquanto ele cavalgasse, o corpo de McCloud fosse raspado pelos cacos da estátua despedaçada.

“Você vai pagar por isso!” Um McCloud agonizante gritou fracamente.

Andronicus riu. Ele tinha encontrado muitos seres humanos em sua vida, mas aquele parecia ser simplesmente, o mais patético de todos eles.

“Não me diga!” Andronicus gritou.

Esse McCloud era muito cabeça-dura; ele ainda não apreciava o poder do grande Andronicus. Ele teria de ser ensinado, de uma vez por todas.

Andronicus percorria a cidade, seus olhos logo pousaram sobre o que seria sem dúvida o castelo de McCloud. Ele esporou seu cavalo e partiu a galope, seus homens corriam atrás dele enquanto ele arrastava McCloud ao cruzar o pátio empoeirado.

Andronicus cavalgou sobre as dezenas de degraus de mármore, o corpo de McCloud atrás dele chocava-se contra cada degrau, fazendo-o gritar e gemer. Logo, Andronicus continuou a cavalgar diretamente sobre a entrada de mármore. Os homens de Andronicus já estavam montando guarda às portas, aos pés deles se encontravam os corpos sangrentos dos ex-guardas de McCloud. Andronicus sorriu com satisfação ao ver que cada canto da cidade já era seu.

Andronicus continuou cavalgando, ele atravessou as vastas portas do castelo e passou pelo interior de um corredor com seu teto abobadado todo feito de mármore. Ele ficou maravilhado com o requinte desse rei McCloud. Ele claramente não havia medido nenhum gasto para fazer os seus gostos.

Agora seu dia tinha chegado. Andronicus continuou a cavalgar com seus homens pelos corredores largos, o som dos cascos dos cavalos ecoava nas paredes. Ele se dirigia para o que era claramente a sala do trono de McCloud. Ele entrou pelas portas de carvalho e cavalgou diretamente para o centro da sala, para seu trono opulento, esculpido em ouro, situado no centro da sala.

Andronicus desmontou, subiu os degraus de ouro bem devagar e sentou-se no trono.

Ele respirou fundo quando se virou e observou seus homens, suas dezenas de generais montados a cavalo, aguardando o seu comando. Ele olhou para o McCloud sangrento que ainda estava preso ao seu cavalo, gemendo. Ele inspecionou a sala, examinou as paredes, as bandeiras, as armaduras e o armamento. Ele olhou para a o trabalho bem executado de seu trono e admirou-se. Ele considerou a possibilidade de fundi-lo, ou talvez de levá-lo para si mesmo. Talvez ele o desse para um de seus generais menores.

Naturalmente, aquele trono não era nada ao lado do próprio trono de Andronicus. O trono mais gigantesco de todos os reinos, o qual levou quarenta anos para ser construído por vinte trabalhadores. A construção tinha começado em vida de seu próprio pai e tinha sido concluída no dia em que Andronicus o havia assassinado. A sincronização dos dois eventos foi perfeita.

Andronicus olhava para McCloud, aquele pequeno ser humano patético. Ele se perguntava qual seria a melhor forma de fazê-lo sofrer. Ele examinou a forma e o tamanho do crânio dele e decidiu que gostaria de reduzi-lo e usá-lo em seu colar, junto com as outras cabeças encolhidas, ao redor de seu pescoço. No entanto, Andronicus percebia que antes de matá-lo, ele precisaria de algum tempo para afinar o rosto dele, especialmente as maçãs do rosto, de modo que ele se visse melhor em seu pescoço. Ele não queria que uma cara gorda e rechonchuda arruinasse a estética de seu colar. Ele iria deixá-lo viver um tempo e enquanto isso ele o torturaria. Ele sorriu para si mesmo. Sim, aquele era um plano muito bom.

“Tragam-no a mim.” Andronicus ordenou a um de seus generais, com sua voz milenar e semelhante a um rosnado profundo.

O general apeou e sem um momento de hesitação, correu para McCloud, cortou a corda e arrastou o corpo ensanguentado pelo chão, manchando-o de vermelho enquanto ele prosseguia. Ele deixou o corpo cair na base do trono, aos pés de Andronicus.

“Você não vai chegar muito longe com isso!” McCloud murmurou fracamente.

Andronicus balançou a cabeça; aquele humano nunca aprenderia.

“Aqui estou eu, sentado em seu trono.” Andronicus disse. “E aí está você, deitado aos meus pés. Eu acho que posso dizer com toda confiança que eu posso me sair bem de qualquer coisa que eu quiser. E eu já me saí bem.”

McCloud ficou ali deitado, gemendo e se contorcendo.

“A primeira ordem de meus assuntos…” Andronicus disse. “… Será fazer com que você mostre o devido respeito para com o seu novo rei e senhor. Venha a mim agora e tenha a honra de ser o primeiro a se ajoelhar diante de mim e sujeitar-se a meu novo reino, a honra de ser o primeiro a beijar a minha mão e me chamar de Rei do que foi outrora o lado McCloud do Anel.”

McCloud olhou para cima, apoiou-se sobre suas mãos e joelhos e fez um gesto de desprezo para Andronicus.

“Nunca!” Disse ele, então se virou e cuspiu no chão.

Andronicus inclinou-se para trás e riu. Ele estava desfrutando imensamente tudo aquilo. Fazia muito tempo que ele não encontrava um ser humano tão voluntarioso.

Andronicus virou-se e acenou com a cabeça, um de seus homens agarrou McCloud por trás, enquanto outro se aproximou e segurou sua cabeça imobilizando-o. Um terceiro veio para a frente com uma longa navalha. Quando ele se aproximou, McCloud dobrou-se de medo.

“O que está fazendo?” McCloud perguntou em pânico, sua voz soou mais alto várias oitavas.

O homem estendeu a mão e rapidamente raspou metade da barba de McCloud. McCloud olhou com espanto, claramente perplexo ao ver que o homem não o havia machucado.

Andronicus balançou a cabeça e outro homem deu um passo à frente, ele trazia um longo atiçador de ferro, em cuja ponta estava talhado o emblema do reino de Andronicus: um leão com um pássaro em sua boca. Ele estava incandescente, laranja, exalava o vapor quente, e enquanto os outros sujeitavam McCloud, o homem baixou o atiçador em direção ao seu rosto.

“NÃO!” McCloud guinchou, percebendo.

Mas era tarde demais.

Um grito horrível cortou o ar, acompanhado por um chiado e pelo cheiro de carne queimada. Andronicus assistia com alegria enquanto o atiçador queimava cada vez mais a bochecha de McCloud. O chiado ficou mais alto e os gritos quase intoleráveis.

Finalmente, depois de uns bons dez segundos, eles soltaram McCloud.

McCloud caiu no chão inconsciente, ele babava enquanto a fumaça subia da metade de seu rosto. Agora ele levava o emblema de Andronicus marcado em sua carne.

Andronicus se inclinou para frente, olhou para o McCloud inconsciente e admirou a obra.

“Bem-vindo ao Império.”

CAPÍTULO DOIS

Erec se encontrava no topo da colina, à beira da floresta e observava enquanto o pequeno exército se aproximava. Seu coração se encheu de fogo. Ele havia nascido para viver dias como aquele. Em algumas batalhas, a linha entre o que era justo e o que era injusto, costumava ser difusa, mas não naquele dia. O Lorde de Baluster havia roubado descaradamente sua noiva e tinha sido arrogante e orgulhoso. Ele havia sido informado de seu crime, tinha tido a oportunidade de endireitar as coisas, mas recusou-se a corrigir seus erros. Ele tinha invocado o mal sobre si. Seus homens deveriam ter deixado o assunto para trás, especialmente agora que ele estava morto.

Mas ali estavam eles, cavalgando, centenas deles, mercenários pagos por aquele lorde de segunda categoria, todos com intenções de matar Erec apenas porque tinham sido pagos por aquele homem. Eles avançaram para ele em sua armadura verde brilhante e quando se aproximaram soltaram um grito de guerra. Como se isso pudesse assustá-lo.

Erec não tinha medo. Ele tinha visto muitas batalhas como aquela. Se algo ele tinha aprendido em todos os seus anos de treinamento, foi que ele nunca devia temer quando lutasse pela causa dos justos. A justiça, segundo ele foi ensinado, nem sempre prevaleceria, mas dava ao seu portador a força de dez homens.

Não era medo o que Erec sentia quando viu as centenas homens aproximando-se, sabendo que ele provavelmente morreria naquele dia. Era expectativa. Ele tinha recebido a oportunidade de encontrar sua morte da forma mais honrosa e isso era um privilégio. Ele havia feito um voto de glória e hoje, o seu voto estava cobrando o seu tributo.

Erec desembainhou a espada e avançou a pé pela ladeira, correndo para o exército enquanto era atacado. Naquele momento ele desejava mais do que nunca ter Warkfin, o seu precioso cavalo, para conduzi-lo para a batalha, mas ele sentia uma sensação de paz, sabendo que Warfkin estava levando Alistair de volta para Savária; de volta para a segurança da corte do Duque.

Ao se aproximar dos soldados e estar praticamente a cinquenta metros de distância, Erec ganhou velocidade, correndo para seu líder que cavalgava no centro. Eles não diminuíram a marcha e Erec tampouco, então ele se preparou para o confronto iminente.

Erec sabia que ele tinha uma vantagem: trezentos homens não podiam aproximar-se o suficiente para poder atacar simultaneamente um homem. Ele sabia por seu treinamento, que no máximo seis homens a cavalo poderiam chegar perto de um homem o suficiente para poder atacá-lo. Portanto, Erec concluiu que suas chances não eram de trezentos contra um, mas de apenas seis contra um. Enquanto ele pudesse matar todos os seis homens à sua frente durante todas as vezes que fosse atacado, ele teria a chance de ganhar. A questão importante era se ele teria a energia necessária para passar por todo esse processo.

Enquanto Erec descia o morro, ele tirou de sua cintura uma arma que ele sabia que seria a apropriada: um mangual com uma corrente de cerca de dez metros de comprimento, em cuja ponta havia uma bola de metal cravejada de puas. Era a arma ideal para colocar uma armadilha na estrada, ou para uma situação como aquela.

Erec esperou até o último momento, até que o exército não tivesse tempo para reagir, então girou o mangual bem alto sobre sua cabeça e arremessou-o no campo de batalha. Ele apontou para uma pequena árvore e a bola se enroscou em volta dela fazendo com que a corrente com puas se estendesse pelo campo de batalha. Erec lançou-se ao chão e enrolou seu corpo, evitando assim as lanças que estavam prestes a lançar-se contra ele, ele segurava o cabo da corrente com toda a força.

 

Ele tinha cronometrado tudo perfeitamente: não houve tempo para que o exército reagisse. Eles viram a corrente no último segundo e tentaram desviar os seus cavalos, mas eles estavam indo rápido demais e não havia tempo.

Toda a linha de frente correu para ela, a corrente com puas cortava as pernas dos cavalos, fazendo os cavaleiros caírem de cara no chão e os seus cavalos caírem sobre eles. Dezenas deles foram esmagados no meio do caos.

Erec não teve tempo para se orgulhar do dano que tinha feito: outro flanco do exército deu a volta e caiu sobre ele atacando-o com um grito de guerra, Erec rolou e ficou de pé para enfrentá-los.

O líder dos guerreiros levantou um dardo para lançar contra Erec, quem aproveitava o que estava ao seu alcance: ele não tinha um cavalo e não poderia dar cabo de todos aqueles homens desde sua posição inferior, mas já que ele estava abaixo, ele poderia usar o chão debaixo dele. De repente, Erec mergulhou no chão, dobrou-se, enrolou seu corpo, levantou a espada e cortou as pernas do cavalo do homem. O cavalo tombou e seu soldado foi jogado pelos ares e caiu de cabeça antes que tivesse a chance de lançar sua arma.

Erec continuou a rolar e conseguiu evadir a estampida dos pés dos cavalos ao seu redor, os quais tiveram de se separar para evitar tropeçar com cavalo abatido. Mas foi inútil, eles tropeçaram com o animal morto e dezenas de outros cavalos caíram no chão, levantando uma nuvem de poeira e causando um bloqueio entre o exército.

Era exatamente o que Erec esperava: poeira, confusão e dezenas de homens caindo no chão.

Erec ficou de pé, levantou sua espada e bloqueou outra espada que vinha descendo direto sobre sua cabeça. Ele girou e bloqueou um dardo, logo depois uma lança e em seguida um machado. Ele se defendia dos golpes que choviam sobre ele de todos os lados, mas sabia que não podia continuar assim para sempre. Ele tinha de estar ao ataque, se quisesse ter qualquer chance de sobreviver.

Erec enrolou seu corpo, logo se ajoelhou e arremessou sua espada como se ela fosse uma lança. Ela voou pelo ar e incrustou-se no peito de seu atacante mais próximo; os olhos dele se arregalaram e ele caiu de seu cavalo, de lado, morto.

Erec aproveitou a oportunidade para saltar para o cavalo do homem e arrancar o mangual das mãos dele antes que o homem morresse. Era um belo mangual e Erec o havia escolhido por essa razão; ele tinha um longo cabo de prata cravejado e uma corrente de cerca de um metro e meio, com três bolas com saliências pontudas na outra extremidade. Erec puxou-o para trás e o girou bem alto, arrancando as armas das mãos de vários oponentes ao mesmo tempo; em seguida, ele o girou novamente e os derrubou de seus cavalos.

Erec pesquisou o campo de batalha e viu que tinha feito um dano considerável, havia quase uma centena de cavaleiros abatidos. Mas os outros, pelo menos duzentos deles, estavam se reagrupando e investindo contra ele agora e todos estavam determinados.

Erec cavalgava ao encontro deles, um homem avançando contra duzentos. Ele deu seu próprio grito de guerra enquanto erguia o mangual cada vez mais alto e orava a Deus para que a sua força simplesmente não o abandonasse.

*

Alistair chorava enquanto se aferrava a Warkfin com todas suas forças. O cavalo ia a todo galope, levando-a pela estrada familiar que conduzia a Savária. Ela estava gritando e esporando o animal durante todo o caminho, tentando com toda sua alma fazê-lo virar-se e cavalgar de volta para Erec. Mas o animal não queria obedecer-lhe. Ela nunca havia encontrado nenhum cavalo como aquele antes, ele obedecia cegamente ao comando de seu dono e não vacilava. Era óbvio que o cavalo estava determinado a levá-la exatamente para onde Erec tinha lhe ordenado. Finalmente, ela resignou-se ao fato de que não havia nada que ela pudesse fazer a respeito.

Alistair tinha sentimentos encontrados enquanto cavalgava novamente através dos portões da cidade. Uma cidade onde ela tinha vivido tanto tempo como uma trabalhadora escrava. Por um lado, a cidade parecia familiar, mas por outro, ela trazia de volta memórias do estalajadeiro que tanto a havia oprimido; memórias de tudo o que havia de errado naquele lugar. Ela estava tão ansiosa para seguir em frente, para sair dali com Erec e começar uma nova vida com ele. Enquanto ela se sentia segura dentro de seus portões, ao mesmo tempo ela também sentia um crescente mau presságio sobre Erec, lá fora, sozinho, enfrentando o exército. Esse pensamento a deixou doente.

Ao perceber que Warkfin não daria a volta, ela concluiu que sua melhor aposta seria conseguir ajuda para Erec. Ele tinha pedido para ela ficar ali, dentro da segurança daqueles portões, mas aquela seria a última coisa que ela faria. Afinal, ela era filha de um rei e ela não era mulher de fugir com medo, ou de fugir de um confronto. Erec tinha encontrado nela o seu par perfeito: ela era tão nobre e tão determinada quanto ele. De modo que não haveria nenhuma maneira de que ela pudesse viver em paz consigo mesma, se alguma coisa acontecesse com ele lá atrás, naquele campo de batalha.

Como Alistair conhecia bem aquela cidade real, ela dirigiu Warkfin para o castelo do Duque sem dificuldade; agora que estavam dentro dos portões, o animal lhe obedecia. Ela cavalgou até a entrada do castelo, desmontou e passou correndo pelos atendentes, os quais tentaram impedi-la. Ela limpou suas mãos e correu pelos corredores de mármore que tinha conhecido tão bem durante o tempo em que havia trabalhado ali como serva.

Alistair enfiou-se pelas grandes portas reais da sala principal, abriu- as de par em par e invadiu os aposentos privados do Duque.

Vários membros do conselho se viraram para olhar para ela, todos vestiam trajes reais, o Duque estava sentado no centro com vários cavaleiros em torno dele. Todos os rostos tinham uma expressão atônita; era evidente que ela tinha interrompido algum negócio importante.

“Quem é você, mulher?” Exclamou um deles.

“Quem ousa interromper os assuntos oficiais do Duque?” Gritou outro.

“Eu reconheço esta mulher.” Disse o Duque ao levantar-se.

“Eu também.” Disse Brandt, a quem ela reconheceu como o amigo de Erec. “A senhora é Alistair, não é?” Perguntou ele. “A futura esposa de Erec?”

Ela correu em direção a ele banhada em lágrimas e apertou suas mãos.

“Por favor, meu senhor, ajude-me. Trata-se de Erec!”

“O que aconteceu?” O Duque perguntou alarmado.

“Ele encontra-se em grande perigo. Neste exato momento, ele enfrenta um exército hostil, sozinho! Ele não me deixou ficar lá com ele. Por favor! Ele precisa de ajuda!”

Sem dizer uma palavra, todos os cavaleiros se levantaram e começaram a sair da sala correndo, nenhum deles hesitou; ela virou-se e correu com eles.

“Fique aqui!” Brandt exortou.

“Nunca!” Ela disse, correndo atrás dele. “Eu vou levá-los até ele!”

Todos correram como se fossem um só pelos corredores, em direção aos portões do castelo, onde um grande grupo de cavalos os esperava, cada um deles montou seu cavalo sem um momento de hesitação. Alistair saltou sobre Warkfin, o esporou e liderou o grupo, ela estava tão ansiosa para partir como o resto deles.

À medida que avançavam através da corte do Duque, os soldados ao redor deles começaram a montar seus cavalos e a juntar-se a eles. No momento em que deixaram os portões de Savária, eles estavam acompanhados por um grande e crescente contingente de pelo menos cem homens. Alistair cavalgava na frente, ao lado de Brandt e do Duque.

“Se Erec descobrir que você cavalga conosco, minha cabeça vai rolar.” Disse Brandt cavalgando ao seu lado. “Por favor, minha senhora, diga-nos onde ele está.”

Mas Alistair balançou a cabeça obstinadamente, secando as lágrimas com as costas da mão enquanto cavalgava mais rápido, com o grande estrondo de todos aqueles homens ao seu redor.

“Eu prefiro descer para minha sepultura, a abandonar Erec!”