Um Reinado de Rainhas

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Z serii: Anel Do Feiticeiro #13
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Um Reinado de Rainhas
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Morgan Rice

Morgan Rice é a autora bestseller nº1 do USA Today da série de fantasia épica O ANEL DO FEITICEIRO, composta por dezessete livros; da série bestseller nº1 DIÁRIOS DE UM VAMPIRO, composta por onze livros (em progresso); da série bestseller nº1 TRILOGIA DE SOBREVIVÊNCIA, um thriller pós-apocalíptico composto por dois livros (em progresso); e da nova série de fantasia épica REIS E FEITICEIROS, composta por dois livros (e contando). Os livros de Morgan estão disponíveis em áudio e versões impressas, e traduções dos livros estão disponíveis em 25 idiomas.

Morgan gosta de ouvir sua opinião, então sinta-se à vontade para visitar www.morganricebooks.com e fazer parte da lista de correspondência, receber um livro gratuito, ganhar brindes, fazer o download do aplicativo gratuito, receber notícias exclusivas, conectar-se através do Facebook e Twitter e manter contato!

Críticas aos Livros de Morgan Rice

"Uma fantasia espirituosa que entrelaça elementos de mistério e intriga em seu enredo. Em Busca de Heróis é uma estória sobre a busca pela coragem e um propósito na vida que leve ao crescimento, à maturidade e à excelência… Para aqueles em busca de aventuras substanciais, os protagonistas e suas ações e estratégias fornecem um conjunto vigoroso de conflitos que se concentra na evolução de Thor de um rapaz sonhador a um jovem adulto que precisa enfrentar dificuldades impressionantes em sua luta pela sobrevivência. Esse é apenas o começo do que promete ser uma série épica para jovens adultos.”

Midwest Book Review (D. Donovan, crítico de E-books)

"O ANEL DO FEITICEIRO tem todos os ingredientes para um sucesso instantâneo: intrigas, conspirações, mistério, cavaleiros e relacionamentos repletos de corações partidos, traições e desilusões. Ele vai deixar você entretido por horas, e vai satisfazer públicos de todas as idades. Recomendado para a biblioteca permanente de todos os leitores do gênero de fantasia."

–-Books e Movie Reviews, Roberto Mattos

"A fantasia épica de Rice (O ANEL DO FEITICEIRO) inclui as características clássicas do gênero – um cenário forte, altamente inspirado na Escócia antiga e sua história – e uma boa dose de intriga."

Kirkus Reviews

"Adorei a forma como Morgan Rice construiu o personagem de Thor e o mundo em que ele vive. O cenário e as criaturas que nele habitam são muito bem descritas… gostei muito (da trama). A estória é curta e doce – com o número perfeito de personagens secundários para que não se torne confusa. Há aventuras e momentos impressionantes, mas a ação descrita não é excessivamente grotesca. O livro é perfeito para o público adolescente… Esse é o começo de algo extraordinário…”

--San Francisco Book Review

"Nesse livro inicial recheado de ação da série O Anel do Feiticeiro (que atualmente conta com 14 livros), Rice introduz os leitores a Thorgrin "Thor" McLeod, cujo sonho é se juntar à Legião Prata, a elite dos cavaleiros que servem ao Rei… A escrita de Rice é solida e a premissa é intrigante."

--Publishers Weekly

"(EM BUSCA DE HERÓIS) é de leitura rápida e fácil. Os finais dos capítulos fazem com que você tenha que ler o que acontece a seguir e você não consegue abandonar o livro. Há alguns erros de digitação e alguns nomes estão trocados, mas isso não tira o mérito da estória. O final do livro me fez querer o livro seguinte imediatamente e foi isso o que eu fiz. Todos os nove atuais livros da série O Anel do Feiticeiro podem ser adquiridos na Kindle Store e Em Busca de Heróis pode ser adquirido gratuitamente! Se você está procurando algo rápido e divertido para ler nas férias esse livro é uma boa dica."

--FantasyOnline.net

Livros de Morgan Rice
REIS E FEITICEIROS
A ASCENSÃO DOS DRAGÕES (Livro nº1)
A ASCENSÃO DOS BRAVOS (Livro nº2)
O PESO DA HONRA (Livro nº3)
O ANEL DO FEITICEIRO
EM BUSCA DE HERÓIS (Livro n 1)
UMA MARCHA DE REIS (Livro n 2)
UM DESTINO DE DRAGÕES (Livro n 3)
UM GRITO DE HONRA (Livro n 4)
UM VOTO DE GLÓRIA (Livro n 5)
UMA CARGA DE VALOR (Livro n 6)
UM RITO DE ESPADAS (Livro n 7)
UM ESCUDO DE ARMAS (Livro n 8)
UM CÉU DE FEITIÇOS (Livro n 9)
UM MAR DE ESCUDOS (Livro n 10)
UM REINADO DE AÇO (Livro n 11)
UMA TERRA DE FOGO (Livro n 12)
UM REINADO DE RAINHAS (Livro n 13)
UM JURAMENTO DE IRMÃOS (Livro n 14)
UM SONHO DE MORTAIS (Livro n 15)
UMA JUSTA DE CAVALEIROS (Livro n 16)
O PRESENTE DA BATALHA (Livro n 17)
TRILOGIA DE SOBREVIVÊNCIA
RENA UM: TRAFICANTES DE ESCRAVOS (Livro n 1)
ARENA DOIS (Livro n 2)
MEMÓRIAS DE UM VAMPIRO
TRANSFORMADA (Livro n 1)
AMADA (Livro n 2)
TRAÍDA (Livro n 3)
PREDESTINADA (Livro n 4)
DESEJADA (Livro n 5)
COMPROMETIDA (Livro n 6)
PROMETIDA (Livro n 7)
ENCONTRADA (Livro n 8)
RESSUSCITADA (Livro n 9)
ALMEJADA (Livro n 10)
DESTINADA (Livro n 11)
Ouça a série O ANEL DO FEITICEIRO em formato de áudio livro!

Copyright © 2014 por Morgan Rice

Todos os direitos reservados.  Todos os direitos reservados. Exceto conforme permitido pela Lei de Direitos Autorais dos EUA de 1976, nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, ou armazenada em um banco de dados ou sistema de recuperação, sem a autorização prévia da autora.

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Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, empresas, organizações, entidades, eventos e incidentes são produto da imaginação do autor ou foram usados de maneira fictícia.  Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou falecidas, é mera coincidência.

Direitos autorais da imagem de capa de propriedade de Slava Gerj, usada sob licença a partir de Shutterstock.com

CAPÍTULO UM

A cabeça de Thorgrin bate contra as pedras e contra a lama à medida que ele despenca em queda livre montanha abaixo, caindo centenas de metros enquanto a montanha desmorona. Seu mundo gira enquanto ele tenta interromper sua queda, tentando orientar-se sem sucesso. Pelo canto dos olhos, ele vê que seus irmãos também estão caindo ao mesmo tempo em que tentam desesperadamente agarrar-se a raízes, pedras – qualquer coisa – na tentativa de amenizar a queda.

A cada segundo que passa, Thor percebe que está ficando mais distante do topo do vulcão – e mais longe de seu filho Guwayne. Ele pensa em todos aqueles selvagens lá em cima – preparando-se para sacrificar seu bebê, e arde de ódio. Ele se esforça para se segurar na terra, gritando desesperado para voltar para o topo.

Mas por mais que ele tente, há muito pouco que ele possa fazer. Thor mal consegue enxergar ou respirar – e muito menos proteger-se à medida que uma montanha de terra continua a chover em cima dele. É como se o peso do universo inteiro estivesse caindo sobre seus ombros.

Tudo está acontecendo muito rápido – rápido demais para que Thor consiga processar e, ao olhar para baixo, ele vê um monte de pedras afiadas. Ele sabe que assim que ele e seus companheiros atingirem o solo, todos morrerão.

Thor fecha os olhos e tenta se lembrar de seu treinamento, dos ensinamentos de Argon e das palavras de sua mãe, tentando encontrar a calma no meio da tempestade e invocar o poder do guerreiro interior dentro dele. Assim que ele faz isso, ele sente sua vida passar diante de seus olhos. Ele se pergunta se aquele é o seu teste final.

Por favor, Deus, Thor reza, se você existe mesmo, salve-me. Não permita que eu morra assim. Permita que eu invoque os meus poderes. Permita que eu salve o meu filho.

Ao pensar nessas palavras, Thor sente que está sendo testado, sendo forçado a recorrer a sua fé – a buscar uma fé maior do que ele jamais havia tido. Como sua mãe havia lhe avisado, ele agora é um guerreiro, e está sendo forçado a passar pelo teste de um guerreiro.

Quando Thor fecha os olhos, seu mundo começa a passar em câmera lenta e, para sua surpresa, ele começa se sentir mais calmo, e é tomado por uma grande sensação de paz no centro da tempestade. Ele sente um calor crescendo dentro dele, atravessando suas veias na direção das palmas de suas mãos. E começa a sentir maior que seu próprio corpo.

Thor sente que está fora de seu corpo e olhando para si mesmo, e se vê caindo montanha abaixo. Ele percebe naquele momento que ele não está mais dentro daquele corpo, e que havia se tornado algo maior.

 

Thor de repente volta para dentro de seu corpo e, ao fazer isso, ergue as palmas das mãos acima de sua cabeça, e vê uma luz branca brilhante emanando delas. Ele direciona a luz e cria uma bolha ao redor dele e de seus irmãos, e de repente o deslizamento de terra é interrompido e o monte de terra bate no escudo e não consegue mais avançar na direção deles.

Eles continuam escorregando, mas agora bem mais devagar, diminuindo o ritmo até pararem em um platô próximo à base da montanha. Thor olha para baixo e vê que havia parado em águas rasas, e percebe ao ficar em pé que a água alcança os seus joelhos.

Ele olha ao seu redor com uma expressão de surpresa nos olhos. Ele olha para cima da montanha e vê o monte de terra suspenso no ar – como se estivesse prestes a despencar a qualquer instante, ainda bloqueado por sua bolha de luz. Ele observa toda a cena, surpreso por ter sido capaz de fazer aquilo.

"Estão todos bem?" O'Connor pergunta.

Thor vê Reece, O'Connor, Conven, Matus, Elden e Indra, todos machucados e abalados, levantando-se lentamente, mas milagrosamente vivos e sem grandes lesões. Eles se abraçam – cobertos de poeira e parecendo ter rastejado para fora de uma mina de carvão. Thor pode ver que todos estão gratos por estarem vivos, e percebe em seus olhares que eles acreditam ter sido salvos por ele.

Thor, lembrando-se, se vira e imediatamente olha para o topo da montanha com um único pensamento em sua mente: seu filho.

"Como vamos voltar para cima-" começa Matus.

Mas antes que ele possa terminar de falar, Thor de repente sente algo se enrolar em torno de seus tornozelos. Ele olha para baixo surpreso, e vê uma criatura grossa e viscosa enrolando-se em volta de seus tornozelos e pernas, várias e várias vezes. Ele percebe horrorizado que se trata de uma criatura parecida com uma enguia, com duas cabeças pequenas, que fica chiando com suas línguas compridas ao mesmo tempo em que olha para ele e continua enrolando seus tentáculos em suas pernas. A pele da criatura começa a queimar as pernas de Thor.

Os reflexos de Thor finalmente são ativados, e ele pega sua espada e a golpeia, assim como fazem seus companheiros – que também são atacados ao seu redor. Thor tenta cuidadosamente golpear de forma a não atingir sua própria perna, e consegue se livrar de uma das criaturas; a enguia o solta e a dor horrível em seu tornozelo é amenizada. A enguia desliza de volta para a água sibilando.

O'Connor pega seu arco, atirando várias flechas e errando o alvo, enquanto Elden grita quando três criaturas o atacam ao mesmo tempo.

Thor corre e golpeia a enguia que está subindo pela perna de O'Connor, enquanto Indra dá um passo adiante e grita para Elden. "Não se mova!"

Ela ergue seu cardo e atira três flechas em rápida sucessão, matando três enguias com tiros certeiros – apenas arranhando a pele de Elden.

Ele olha para ela em estado de choque.

"Você está louca? ele grita. "Você quase arrancou a minha perna!"

Indra sorri para ele.

"Mas eu não arranquei, arranquei?" ela responde.

Thor ouve mais barulhos na água e ao olhar ao seu redor fica chocado ao ver mais dezenas de enguias se aproximando. Ele percebe que todos precisam tomar uma decisão e sair dali o mais rápido possível.

Thor está exausto – esgotado por ter invocado seus poderes, e sabe que lhe resta muito pouco de sua força interior; ele sabe que ainda não é forte o bastante para usar seus poderes de forma contínua. Ainda assim, ele sabe que precisa usá-los uma última vez, fossem quais fossem as consequências. Se ele não fizer isso, ele sabe que eles jamais conseguiriam chegar ao topo da montanha a tempo, e morreriam ali naquela lagoa de enguias, e não haveria salvação para seu filho. Talvez fosse preciso usar todas as forças que ainda lhe restam e talvez ele fosse ficar fraco por vários dias – mas ele não se importa. Ele pensa em Guwayne sozinho no topo daquela montanha com aqueles selvagens, e sabe que seria capaz de fazer qualquer coisa.

Quando outro grupo de enguias começa a se aproximar dele, Thor fecha os olhos e ergue as palmas das mãos para o céu.

"Em nome do único e sagrado Deus," ele diz em voz alta, "eu ordeno que o céu se abra para nós! Eu ordeno que o céu nos envie nuvens para nos levarem até o topo da montanha!"

Thor enuncia as palavras com uma voz profunda e sombria – sem mais qualquer receio de aceitar suas raízes Druidas, e sente seu comando vibrando dentro de seu peito e ressoando pelo ar. Ele sente um forte calor no centro de seu peito ao proferir aquelas palavras, e tem certeza de que seu comando será atendido.

Há um grande rugido e, ao olhar para cima, Thor vê o céu começando a mudar de cor – transformando-se em um tom roxo escuro, ao mesmo tempo em que as nuvens começam a crescer e a girar. Um grande buraco redondo surge – uma abertura no céu, e de repente uma luz escarlate dispara em direção ao solo, seguida por uma nuvem em formato de funil que desce na direção deles.

Dentro de instantes, Thor e seus irmãos se vêem arrastados por um tornado. Thor sente a umidade das nuvens macias girando ao redor dele, e dentro de alguns momentos, ele tem a sensação de que está sendo içado pelo ar e se sente mais leve do nunca. Ele realmente se sente um só com o universo ao seu redor.

Thor sente que está subindo cada vez mais alto pela lateral da montanha, passando pela terra, por sua bolha, todo o caminho até o topo. Em pouco tempo, a nuvem leva Thor e seus companheiros até o topo do vulcão e os coloca gentilmente no chão. Então, ela desaparece da mesma forma que havia surgido.

Thor fica parado ao lado de seus irmãos, que olham para ele absolutamente com espanto, como se ele fosse um deus.

Mas Thor não está pensando neles; ele se vira e rapidamente analisa o platô com um único pensamento em sua mente: os três selvagens parados diante dele e o pequeno berço em seus braços – que eles seguram sobre a borda do vulcão.

Thor dá um grito de batalha ao mesmo tempo em que começa a avançar. O primeiro selvagem se vira para encará-lo com espanto e, quando ele faz isso, Thor não hesita e sem perder tempo arranca a cabeça do homem.

Os outros dois homens se viram e olham para ele com expressões horrorizadas ao mesmo tempo em que Thor perfura o coração de um deles, e então estica o braço e bate no rosto do outro com o punho de sua espada, empurrando-o para dentro do vulcão.

Thor se vira e rapidamente agarra o pequeno berço antes que o homem o derrube. Ele olha para baixo com o coração batendo acelerado de gratidão por tê-lo segurado a tempo, preparado para tirar Guwayne de dentro dele e finalmente segurá-lo em seus braços.

Mas ao olhar para dentro do berço, o coração de Thor se parte.

Ele está vazio.

O mundo de Thor se desfaz, e ele fica parado ali – completamente entorpecido.

Ele olha para dentro do vulcão e vê as chamas erguendo-se de dentro dele. E sabe naquele momento que seu filho está morto.

"NÃO!" Thor grita.

Thor cai de joelhos gritando para os céus; ele chora convulsivamente e dá um grito que ecoa pela montanha – o grito primitivo de um homem que acaba de perder o único motivo pelo qual ainda continua vivo.

“GUWAYNE!”

CAPÍTULO DOIS

Bem acima da ilha solitária no meio do oceano, um único dragão voa sozinho; ele ainda é pequeno – não está completamente desenvolvido, e seu grito estridente dá sinais do grande dragão que ele um dia se tornará. Ele voa triunfante com suas escamas brilhantes – crescendo a cada minuto, batendo suas asas e segurando em suas garras o bem mais precioso que ele já tinha visto em sua curta vida.

O dragão olha para baixo sentindo o calor entre suas garras e observa sua preciosa posse. Ele ouve o choro e sente sua carga se movimentando, tranquilizando-se ao ver que o bebê ainda está a salvo e intacto em suas garras.

Guwayne, o homem havia gritado.

O dragão ainda pode ouvir os gritos ecoando pelas montanhas ao voar bem acima das nuvens. Ele está exultante por ter salvado o bebê a tempo, antes que aqueles homens pudessem tê-lo matado com suas adagas. Ele havia arrancado Guwayne de suas mãos apenas alguns segundos antes do golpe fatal. Ele tinha realizado – com sucesso, a tarefa que lhe tinha sido atribuída.

O dragão voa cada vez mais alto sobre a ilha, atravessando as nuvens e já fora do campo de visão dos humanos abaixo dele. Ele sobrevoa a ilha, passando por cima de vulcões e cadeias de montanhas, atravessando nevoeiros e distanciando-se cada vez mais.

Logo ele está voando acima do oceano, deixando a ilha para trás. Diante dele, há apenas a imensidão do oceano e do céu, nada além da monotonia por um milhão de quilômetros.

O dragão sabe exatamente onde ele está indo. Ele sabe onde deve levar aquela criança – aquela criança que ele já ama mais do que seria capaz de dizer.

Um lugar muito especial.

CAPÍTULO TRÊS

Volúsia observa o corpo inerte de Romulus no chão com uma expressão de satisfação no rosto enquanto o sangue dele escorre sobre os dedos de seus pés e sob suas sandálias. A cena lhe proporciona enorme prazer. Ela não consegue se lembrar de quantos homens – mesmo com sua pouca idade – ela já havia matado, quantos ela já havia surpreendido daquela forma. Eles sempre a subestimavam – e mostrar como ela poderia ser brutal é um de seus maiores prazeres na vida.

E agora, ela havia matado o Grande Romulus – e com suas próprias mãos, e não pelas mãos de um de seus homens – o Grande Romulus, a grande lenda, o guerreiro que havia matado Andronicus e assumido o seu lugar no trono. O Líder Supremo do Império.

Volúsia sorri com grande prazer. Ali está ele, o líder supremo, reduzido a uma poça de sangue aos seus pés – e por suas próprias mãos.

Volúsia se sente entusiasmada. Ela sente um fogo pulsando em suas veias, ardendo para destruir tudo à sua frente. Ele sente as forças do destino agindo dentro dela. Sua hora havia chegado. Ela sabe, com a mesma certeza que havia tido de que um dia mataria a mãe com suas próprias mãos, que um dia lideraria todo o Império.

"Você matou nosso mestre!" diz uma voz trêmula. "Você matou o Grande Romulus!"

Volúsia olha para cima e vê o rosto do comandante de Romulus parado diante dela, encarando-a com um misto de choque, medo e admiração.

"Você matou," ele diz abatido, "o Homem que Não Pode ser Morto."

Volúsia o encara com frieza, e vê atrás dele centenas dos homens de Romulus vestindo suas melhores armaduras – alinhados no navio, esperando para ver o que ela faria em seguida. Todos esperando para atacar.

O comandante de Romulus aguarda nas docas com uma dúzia de seus homens, aguardando suas ordens. Atrás de Volúsia, ela sabe, milhares de seus homens esperam por ela. O navio de Romulus, por melhor que seja, está em terrível desvantagem – e seus homens estão em menor número. Eles estão encurralados. Aquele é o território de Volúsia, e eles sabem disso. Eles sabem que qualquer ataque – e qualquer fuga, está fora de cogitação.

"Este não é um ato que possa ficar sem uma resposta," o comandante continua. "Romulus tem um milhão de homens leais a ele aguardando suas ordens nesse momento no Anel. Ele tem mais um milhão de homens leais a ele no Sul, na capital do Império. Quando eles ficarem sabendo do que você fez, eles se mobilizarão e marcharão até aqui. Você pode ter matado o Grande Romulus, mas não matou seus homens. E seu exército de milhares, mesmo que nos supere em número hoje, não será nada contra um milhão dos homens dele. Eles buscarão vingança, e a vingança será deles."

"É mesmo?" Volúsia pergunta sorrindo e dando um passo na direção dele, sentindo a lâmina na palma de sua mão – ao mesmo tempo em que se imagina cortando a garganta dele e já sentindo vontade de fazer exatamente isso.

O comandante olha para a lâmina nas mãos dela – a lâmina que havia matado Romulus, e engole em seco, como se estivesse lendo seus pensamentos Ela pode ver o medo real em seus olhos.

"Deixe-nos ir," ele fala para ela. "Deixe que meus homens continuem seu caminho. Eles não fizeram nada contra você. Dê-nos um navio cheio de ouro, e você terá o nosso silêncio. Eu levarei nossos homens até a capital, e direi a todos que você é inocente. Direi que Romulus tentou atacá-la. Eles a deixarão em paz, você pode ter paz aqui no norte – e eles encontrarão um novo Líder Supremo para o Império."

Volúsia abre um grande sorriso, divertindo-se.

"Mas você já não está olhando para a sua nova Líder Suprema?" ela pergunta.

O comandante olha para ela surpreso, e então finalmente não consegue mais segurar e cai na gargalhada.

 

“Você?” ele diz. "Você não passa de uma garota, com alguns milhares de homens. Apenas por ter matado um homem, acha mesmo que poderia enfrentar o exército de um milhão dos homens de Romulus? Você tem sorte em escapar com vida depois de ter feito o que fez aqui hoje. Estou lhe oferecendo um presente. Acabe logo com essa conversa tola, aceite minha oferta com gratidão e mande-nos embora antes que eu mude de ideia."

"E seu eu não quiser permitir que sigam o seu caminho?"

O comandante olha nos olhos dela e engole em seco.

"Você pode nos matar aqui mesmo," ele responde. "A escolha é sua. Mas se fizer isso, estará apenas matando a si mesma e ao seu povo. Você será destruída pelo exército que virá."

"Ele diz a verdade, minha comandante," sussurra uma voz no ouvido dela.

Ela vira e vê Soku, seu comandante geral – um homem alto de traços fortes, com cabelos vermelhos curtos e enrolados – aproximar-se dela.

"Mande-os para o sul," ele fala. "Dê-lhes o ouro que eles tanto querem. Você matou Romulus e agora deve negociar uma trégua. Nós não temos escolha."

Volúsia volta a olhar para o homem de Romulus. Ela o encara por um longo tempo, saboreando o momento.

"Farei o que você pede," ela diz, "e o enviarei à capital."

O comandante sorri satisfeito e está prestes a partir quando Volúsia dá um passo adiante e completa:

"Mas não para esconder o que eu fiz," continua ela.

Ele para e a observa, confuso.

"Eu o enviarei à capital para entregar um recado: quero que diga a eles que eu sou a nova Líder Suprema do Império, e que se todos se curvarem diante de mim agora, é possível que continuem vivos."

O comandante olha para ela horrorizado, e então balança lentamente a cabeça e sorri.

"Você é tão louca quanto diziam que sua mãe costumava ser," ele fala, e então se vira e começa a marchar pela longa rampa de volta ao seu navio. "Coloque o ouro no convés inferior," ele ordena, sem se importar em olhar para ela ao dar o comando.

Volúsia olha para o seu comandante, que está parado ao seu lado aguardando pacientemente as suas ordens, e faz um pequeno sinal.

O comandante imediatamente se vira e sinaliza para os seus homens, e o som de dez mil flechas sendo acesas, armadas e atiradas é ouvido.

Elas preenchem o céu – escurecendo-o – e atravessam o ar formando um arco em chamas até caírem no navio de Romulus. Tudo acontece rápido demais para que seus homens reajam, e logo todo o navio está em chamas; homens gritam – sobretudo o comandante – tentando fugir e sem terem para onde ir, ao mesmo tempo em que tentam apagar o fogo.

Mas é inútil. Volúsia acena com a cabeça mais uma vez, e repetidas saraivadas de flechas atravessam o ar, atingindo o navio em chamas. Os homens gritam ao serem atingidos, alguns caindo no convés e outros no mar. É uma completa chacina sem nenhum sobrevivente.

Volúsia fica ali parada e sorri, assistindo com satisfação à medida que o navio é lentamente consumido pelas chamas até a base do mastro – e logo nada mais resta exceto os restos queimados de madeira.

Tudo se silencia quando os homens de Volúsia param de atirar, alinhados e olhando para ela, pacientemente aguardando o seu comando.

Volúsia dá um passo adiante, ergue sua espada e corta a corda grossa que segura o navio às docas. Ela se parte, libertando o navio da costa, e Volúsia ergue uma de suas sandálias banhadas a ouro e empurra o navio com força.

Volúsia assiste quando o navio começa a se movimentar, levado pelas correntezas – pelas correntes que irão levá-lo ao sul, direto para o coração da capital. Todos veriam o navio incendiado, os corpos queimados de Romulus e de seus homens e as flechas Volusianas – e saberiam quem tinha sido responsável por aquele ataque. Eles saberiam que a guerra havia começado.

Volúsia olha para Soku, parado ao seu lado com a boca aberta, e sorri.

"É assim," ela diz, "que eu negocio uma trégua."