Não Desafie O Coração

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Não Desafie o Coração
Séries O Guardião do Coração de Cristal Livro 2
Amy Blankenship
Translated by Elisabete Tavares
Copyright © 2006 Amy Blankenship
Edição em inglês publicada por Amy Blankenship
Segunda edição publicada por TekTime
Todos os direitos reservados

A Lenda do Coração do Tempo

Os mundos podem mudar … mas as verdadeiras lendas nunca desaparecem.

A escuridão e a luz lutam constantemente desde o início dos tempos. Mundos são formados e esmagados sob os pés dos seus criadores, mas a necessidade contínua do bem e do mal nunca esteve em questão. No entanto, às vezes um novo elemento é lançado na mistura… a única coisa que ambos os lados querem, mas apenas um pode ter.

Paradoxal por natureza, o Guardião do Coração de Cristal é a única constante que ambos os lados sempre se esforçaram por alcançar. A pedra cristalina tem o poder de criar e destruir o universo conhecido, e ainda pode acabar com todo sofrimento e conflito ao mesmo tempo. Alguns dizem que o cristal tem uma mente própria… outros dizem que os deuses estão por trás de tudo.

Cada vez que o cristal apareceu, os seus guardiões estavam sempre prontos para defendê-lo de todos os que o usariam de forma egoísta. As identidades desses guardiões permanecem inalteradas e eles amam com a mesma ferocidade, independentemente do mundo ou do tempo.

Uma rapariga destaca-se desses guardiões antigos e é o objeto das suas afeições.

Ela possui dentro de si o poder do próprio cristal. Este é o portador do cristal e a fonte do seu poder. As linhas muitas vezes ficam borradas e a proteção do cristal lentamente transforma-se na proteção à sacerdotisa dos outros guardiões.

Este é o vinho do qual o coração da escuridão bebe. É a oportunidade de fazer os guardiões do cristal fracos e suscetíveis ao ataque. A escuridão anseia pelo poder do cristal e também a rapariga como um homem anseia por uma mulher.

Dentro de cada uma dessas dimensões e realidades, você encontrará um jardim secreto conhecido como o Coração do Tempo. Lá, a estátua de uma jovem sacerdotisa humana está ajoelhada. Ela está cercada por uma magia milenar que mantém o seu tesouro secreto escondido e bem preservado. As mãos da donzela estão estendidas como se estivessem à espera que algo precioso fosse colocado nelas.

A lenda diz que ela está à espera que a pedra poderosa conhecida como O Guardião do Coração de Cristal volte para ela.

Somente os Guardiões sabem dos verdadeiros segredos por trás da estátua e como ela surgiu. Antes que os cinco irmãos respirassem pela primeira vez, os seus antepassados, Tadamichi e seu irmão gémeo, o irmão Hyakuhei protegeram o Coração do Tempo durante a sua história mais sombria. Por várias épocas, os gémeos protegeram o selo que impedia o mundo humano de se sobrepor no reino demoníaco.

Essa tarefa era sagrada e as vidas dos humanos e dos demónios tinham que ser mantidas em segurança e em segredo.

Inesperadamente, durante o seu reinado, um pequeno bando de humanos acidentalmente atravessou o mundo demoníaco por causa do cristal sagrado. Durante um período de turbulência, os seus poderes causaram um rasgo no selo que separava as dimensões. Vendo os perigos, o líder do grupo humano e Tadamichi rapidamente tornaram-se aliados, fazendo um pacto para fechar o rasgo no selo e manter o dois mundos afastados um do outro para sempre.

Mas durante esse tempo, Hyakuhei e Tadamichi apaixonaram-se pela filha do líder humano.

Contra a vontade de Hyakuhei, o rasgo foi reparado por Tadamichi e pelo pai da rapariga. A força do selo tinha aumentado dez vezes, separando o perigoso triângulo amoroso para sempre. O coração de Hyakuhei estava quebrado … Até o seu próprio irmão de sangue, Tadamichi, o tinha traído, certificando-se de que ele e a sacerdotisa eram separados para a eternidade.

O amor pode transformar-se na mais perversa das coisas, uma vez perdido. O coração partido de Hyakuhei encheu-se de raiva maliciosa e ciúme, causando uma batalha entre os irmãos gémeos, terminando com a vida de Tadamichi e dividindo as suas almas imortais. Essas lascas de imortalidade criaram cinco novos guardiões para assumir a guarda do selo e protegê-lo de Hyakuhei, que se tinha juntado aos demónios dentro do reino do mal.

Preso na escuridão em que se tornara, Hyakuhei desistiu de todo o pensamento de proteger o Coração do Tempo … em vez disso, ele direcionou a sua energia para banir o selo completamente. Os seus longos cabelos escuros, alcançando além dos joelhos e um rosto pertencente apenas aos mais sedutores, escondiam o verdadeiro mal escondido dentro da sua aparência angelical.

Quando a guerra começa entre as forças da luz e da escuridão, uma luz azul ofuscante é emitida da estátua santificada sinalizando que a jovem sacerdotisa renasceu e o cristal ressurgiu do outro lado.

À medida que os guardiões são atraídos por ela e se tornam nos seus protetores, a batalha entre o bem e o mal realmente começa. Daí a entrada no outro mundo onde a escuridão é dominante dentro do mundo da luz.

Esta é uma das muitas aventuras épicas…

Capítulo 1 ‘Amor Secreto’

Hyakuhei ficou a olhar o Coração do Tempo sabendo que a sacerdotisa ainda estava do outro lado, no mundo dela.Os seus cabelos escuros como a meia-noite corriam pelo corpo como uma mortalha escura quando as suas asas se abriram amplamente, criando uma brisa através da erva macia. Os seus lábios perfeitos curvaram-se levemente num sorriso conhecido. Um brilho que contaminava formou-se no chão ao redor do santuário, dando-lhe uma aparência estranha.

Como se puxado por alguma força desconhecida, ele aproximou-se da estátua inaugural que estava com as mãos estendidas, como se perguntando algo. Os seus olhos ficaram suaves por apenas um momento, na lembrança da jovem sacerdotisa que a estátua imitava. Então os guardiões pensaram que podiam combinar os seus poderes e mantê-la longe dele?

Com um aceno raivoso da sua mão, a erva brilhante parecia sibilar ao brilhar com uma aura ameaçadora, e depois escondeu o engano do feitiço nas profundezas das suas lâminas.

*****

– Bolas! Onde diabos está a Kyoko? Ela já deveria ter voltado há horas. rosnou Toya pela décima vez nos últimos trinta minutos. Ele passou a mão agitada pelas madeixas de prata que se misturavam com os seus cabelos escuros como a meia-noite enquanto olhava pela janela aberta na direção do santuário. Olhando para onde ninguém podia ver, ele deixou a preocupação deslizar no seu olhar dourado. Suki levantou os olhos de polir a baioneta, e era visível uma sobrancelha a contorcer-se.

– Toya, Kyoko obviamente não voltará hoje à noite. Algo deve ter acontecido, então desiste e pára.

Ela voltou-se para Kamui, que estava sentado ao seu lado:

– Credo, ele não é capaz de se calar?

Kamui sorriu sabendo melhor do que dizer qualquer coisa em voz alta. Os seus olhos de poeira estelar escondiam a verdade atrás do facto de Toya estar a reclamar. Ser o guardião mais jovem não o tornava ingénuo. Em anos humanos, ele não tinha idade, assim como os seus irmãos. Ele sabia que Toya só agia loucamente para encobrir o facto que ele estava preocupado. Até ele estava a começar a ficar preocupado. Não era hábito de Kyoko mantê-los à espera. Os reflexos roxos no cabelo de Kamui brilhavam quando ele levantou o rosto para a janela e observava o céu escuro.

– É melhor que Kyoko volte de manhã, ou eu juro que vou para o mundo dela e a arrastarei de volta. – continuou Toya a andar. Ele não aguentava quando Kyoko estivesse fora por tanto tempo. Fazia dias agora, e ele estava a ficar mais irritado a cada minuto … e preocupado.

– Rapariga idiota. – disse ele ao fechar a boca novamente quando Suki levantou uma sobrancelha de aviso para ele.

A forma alta e silenciosa de Shinbe estava contra a parede onde ele estivera pela última hora. O azulado cinza do casaco dele deu uma leve contração com um movimento agitado que ele tentou esconder. Ele teve o suficiente do discurso de Toya sobre Kyoko estar atrasada. Os seus olhos de ametista fecharam-se na tentativa de evitar dizer a Toya para simplesmente se calar. Conhecendo Toya, ele provavelmente não deixaria ninguém ter qualquer paz até Kyoko voltar, e Shinbe mordeu a língua para não fazer o temperamento do seu irmão pior.

O guardião da ametista tentou ficar tranquilo como sempre, meditando e seguindo os ensinamentos do seu monge. A verdade era que os seus nervos estavam tão exaltados que no momento, mesmo a meditação não estava a funcionar. Agora, Shinbe sentia que poderia estrangular Toya e ainda sorrir sobre isso enquanto o fazia. O seu rosto calmo contraíu-se e ele abaixou a cabeça para que os seus cabelos azuis escuros como a meia-noite escondessem a evidência.

Quando Toya e os outros se começaram a preparar para dormir, Shinbe pegou num cobertor grosso de uma pilha no canto do pequeno abrigo e dirigiu-se à solidão. Ele realmente só precisava de ficar longe de todos, especialmente Toya. Shinbe escondeu bem o seu ciúme por Toya, e o amor por Kyoko pelo seu irmão. Dia após dia, ele ficou com o grupo, apenas para estar perto dela, para protegê-la …mesmo que os seus olhos estivessem sempre em Toya.

Shinbe rangeu os dentes dolorosamente.Ele deveria ser como os seus outros dois irmãos, Kyou e Kotaro, e se separaram do grupo para lutar contra Hyakuhei por conta própria. Mas ele sabia que tinha que ficar com o grupo para mantê-la segura. Ele era um dos seus guardiões e ela precisava dele. Até Kyou e Kotaro a protegiam de longe.

Sim, Shinbe sabia que fazia bem, escondendo a sua atração por Kyoko. Ele tinha praticado por um longo tempo, até falando com outras raparigas … especialmente se Kyoko estava ao alcance de ouvir e ver, para que ela nunca descobrisse o segredo dele. Eles achavam que ele amava todas as mulheres, pouco sabem eles que o seu coração pertencia a apenas uma, a sua sacerdotisa.

 

Geralmente ele escolhia Suki para conversar, sabendo que ela o aceitaria, e a dor ajudaria a estabilizar os seus pensamentos. Ele era um covarde quando se tratava de contar a Kyoko os seus verdadeiros sentimentos.

Ultimamente, estava a ficar pior para ele, mais difícil para ele se esconder. Kyoko confiava nele, sorria para ele. Ela falou com ele, muitas vezes confidenciando os seus sentimentos a ele quando ela o surpreendeu com as atitudes imaturas de Toya. Tudo o quebrou, pouco a pouco.

Sem perceber para onde ele tinha ido, Shinbe olhou para cima e suspirou. Ele estava no jardins do santuário inaugural. Sem nem se aperceber, ele queria estar mais perto dela. Kyoko não voltaria pelo portal do tempo tão tarde na noite … então por que ele veio?

Estando no santuário inaugural, os seus olhos de ametista brilhavam no reflexo da lua. Shinbe decidiu que este era um lugar tão seguro quanto qualquer outro … num mundo cheio de demónios de qualquer maneira.

Espalhando o cobertor na erva macia, ele não prestou atenção ao brilho sinistro da área. Sub-conscientemente culpando a iluminação na luz da lua. Deitou-se, fechou os olhos, e esperou pelos sonhos que ele sabia que viriam em breve, como sempre. Eles assombravam-no, fazendo-o querer que ela o visse, não como um guardião ou aliado … mas como um homem.

*****

Kyoko gemeu, resistindo à vontade de bater na testa como numa parede. A consciência dela começou a girar , e ela estava excitada o suficiente para argumentar com ela.

Ela não pretendia ficar bêbada com Tasuki e os seus amigos da faculdade. Tudo tinha sido um grande erro, e tudo culpa dela. Ela foi à festa de Halloween como prometera, sabendo que nunca beberia nada. NUNCA! Ela nunca o faria.

Ela rosnou para si mesma, revirando os olhos. Como ela sabia que a enorme tigela de frutas do coquetel sentado ao lado da tigela de ponche estava embebida em álcool por dias? Ela pensou que deveria ter gosto de toranja e tinha comido muito antes de sentir os efeitos do álcool.

Kyoko tropeçou nos próprios pés, endireitando-se rapidamente antes que tivesse a oportunidade de cair.

– Isso é péssimo! – gritou sabendo que ninguém podia ouvi-la. Agora ela estava atrasada e sabia que iria ter muitos problemas com Toya. Só de pensar nele a gritar com ela já estava a ter uma dor de cabeça.

– Bem-vindo ao inferno … população um. – murmurou Kyoko para si mesma enquanto pontapeava uma pedra.

Desesperada, esperava que Toya esperasse até a manhã antes de vir buscá-la. Ou melhor ainda, se ele aparecesse com a luz do dia. Tão bêbada como ela estava, ela mal podia ver direito, e ela não queria brigar com ele. Ela também não queria ir para casa. Ela silenciosamente gemeu. A sua mãe dar-lhe-ia uma lição por uma semana se descobrisse que estava bêbada, mesmo se tivesse sido um acidente.

Kyoko esforçou-se para ficar em linha reta enquanto caminhava. Finalmente, ela viu a sacerdotisa no santuário na clareira atrás da sua casa. Fechando um olho para que a estátua inaugural ficasse melhor focada, ela riu e pensou consigo mesma:

– Oh Deus, agora eu sei que estou bêbada.

Com um encolher de ombros, ela fez a única coisa que sabia fazer. Ela entrou na casa do santuário, até a estátua da donzela estava e inclinou-se perante ela na esperança de passar com segurança para a outra dimensão a tempo de desmaiar.

*****

Shinbe estava mais uma vez tendo um sonho muito erótico com Kyoko a contorcer-se debaixo dele, gritando o nome dele repetidamente, gritando quando ele se encostava nela, olhando para o rosto dela e dirigindo todos os pensamentos a Toya.

Ele acordou sobressaltado … o seu corpo começou a suar. Respirando com dificuldade, ele ainda podia senti-la debaixo dele, deixando-o amá-la e ela o amava de volta. Os gritos dela ainda ecoavam nos seus ouvidos. O seu coração ainda estava a bater tão rápido, tocando nas costelas da mesma maneira que ele estivera a tocar nela.

Shinbe sentou-se. Fechando as mãos, ele levantou-as para cobrir o rosto. Não era possível escapar, gritou no silêncio, cheio de dor e raiva escondida pela injustiça de tudo isso.

Tudo o que ele sempre quis foi amá-la, e isso foi devorando-o lentamente.

Ouvindo um estalo, Shinbe rapidamente puxou as mãos para baixo. O seu olhar de ametista examinou a área e veio parar em no rosto chocado de Kyoko. A sua mente parecia instantaneamente entrar devagar em movimento.

– Não, não poderia ser … não agora, não aqui.

Os olhos dela estavam arregalados ao ouvir o grito dele, e a mão dela estava sobre a boca dela.

– Não … vá embora, por favor. – implorou ele mentalmente. – Você não pode estar aqui, não está certo agora, é muito perigoso … eu sou perigoso.

Shinbe observou enquanto ela abaixava a mão dos lábios, e com um olhar de preocupação no seu rosto.

Então, ele viu-a a balançar enquanto ela caminhava em direção a ele. Ele perguntou-se se ela era mesmo real, ou se ele ainda estava a sonhar.

Kyoko ainda estava a tentar ter certeza de que estava a ir na direção certa para chegar à cabana quando ouviu um grito quase desumano vindo de algum lugar perto dela. Os olhos dela focaram-se no seu redor enquanto ela tentava encontrar a fonte do som. O seu coração ainda estava acelerado com o susto que tinha causado. Então ela notou Shinbe deitado ali num cobertor na erva, sozinho. O grito assombrado deveria ter vindo dele.

Ela queria saber o que estava errado. Alguém tinha sido morto? Tinha que ser isso para tal som proveniente do guardião sempre calmo, legal e amigável. Ela tentou firmar as pernas enquanto ia até ele.

Shinbe gemeu ao ver Kyoko fazer a coisa mais estúpida que ele já a viu fazer. Ela caminhou direto para ele e ajoelhou-se, estendendo a mão para tocar a dele.

– Shinbe, o que é isso? Alguém está magoado?

Ele podia ouvir o medo na voz dela. Ela pensou que algo estava errado. Ele quase riu da veracidade nessa pergunta, mas pensou melhor. Ela não sabia o segredo dele. Ele ainda estava seguro, ainda podia esconder o seu coração dela.

Outra onda de tontura atormentou Kyoko sem saber, e ela não conseguiu manter o equilíbrio enquanto estava ajoelhada ao lado dele. Ela acidentalmente inclinou-se muito para a frente e caiu bem no colo dele. Abafando um riso, ela lembrou que algo estava errado com ele e abriu os olhos novamente tentando concentrar-se. Tudo isso parecia muito um sonho.

Kyoko de repente percebeu que o peito de Shinbe estava vazio. Os músculos estavam tensos, ondulantes, e esticados sob as palmas das mãos. Ela nunca o tinha visto sem camisa antes e estava espantada. Ela corou, sabendo que não deveria estar pensando nele dessa maneira. Ele era o guardião dela e também amigo.

Tentando ficar sóbria, Kyoko balançou a cabeça, o que realmente não ajudou. Ela lentamente levantou o olhar na direção dele. Ele não se mexeu nem um centímetro e ainda não tinha dito a ela o que estava errado. Agora ela desejou que sim, porque o olhar no seu rosto estava a começar a assustá-la.

O corpo de Shinbe estava a tremer quando ele se conteve de tocá-la. Algo com mais poder que ele parecia estar a empurrar, exigindo que ele alcançasse e pegasse o que queria mais que a respiração. Ele estaria bem, mas agora ela estava aqui no colo dele, olhando fixamente para os olhos dele. Os olhos que ele conhecia tinham que estar cheios de dor, e ela queria saber o que estava errado.

Definitivamente algo estava errado com ele e ele não conseguia parar o que parecia estar a girar rapidamente fora do seu controlo.

– Eu não aguento mais. – disse com a sua voz áspera com a força da sua emoção a crescer.

Com essas palavras, ele estava a tentar avisá-la, tentando dizer a ela para fugir, voltar para o outro lado do portal do tempo onde ela estaria segura. Não voltar até que ele pudesse guardar o seu segredo de forma controlada, escondendo-o mais uma vez. Todos os seus sentidos gritavam que algo estava errado, mas a sua mente não podia lutar contra essa fome intensa.

Kyoko ofegou, ouvindo as suas palavras entrelaçadas com tanta dor, e isso a entristeceu. Todos disseram para ser equilibrado, que era a cola que mantinha o grupo unido. Até ela olhava para ele e adorava quando ele estava perto e ela podia sentir a sua calma, o seu humor e preocupação. Mas agora era o contrário. Ele era o único que precisava de conforto.

Deve ser toda a luta contra demónios … Hyakuhei … o seu feitiço. Oh Deus, a sua feitiço … o vazio dimensional que seria uma morte prematura para ele. O poder supremo que Hyakuhei tinha dado a ele, sabendo que um dia o destruiria. Ela não tinha esquecido. Ela apenas tentou muito não pensar sobre isso, mas ela sabia o que aconteceria se eles não parassem Hyakuhei.

Kyoko estendeu a mão para ele, tentando melhorar e facilitar a sua mente.

– Está tudo bem, Shinbe. Estou aqui.

No momento em que a mão dela tocou o seu rosto, ele voltou à vida.

Toda a lógica havia cessado e o controlo de ferro de Shinbe quebrou. Ele agarrou-a pelos ombros e rolou até que ela ficasse presa debaixo dele. Debruçado sobre o corpo dela, ele tinha tudo o que sempre queria … Kyoko. Sem outro pensamento coerente, os seus lábios caíram rapidamente, reivindicando os dela de forma possessiva, bloqueando todo o resto da sua mente. Ele manteve esse sentimento sob controlo por muito tempo.

Shinbe reconheceu que ele pode ter perdido o controlo da situação algumas vezes anteriormente.

Em algum lugar no fundo da sua mente, o pensamento surgiu que ela tinha gosto de algum tipo de álcool, e ela cheirava a isso também. Controlando-se o suficiente para levantar uma polegada, ele olhou para ela, tentando dizer se era verdade. Procurando o seu rosto, os seus olhos e as suas bochechas coradas, ele zelosamente perguntou-se quem a havia embebedado.

Kyoko sabia que isso realmente não estava a acontecer. De jeito nenhum ela estava olhando para os olhos muito bonitos do ametista Shinbe. De jeito nenhum ele estava a olhar para ela como ele a queria.

Kyoko argumentou consigo mesma que provavelmente estava deitada na erva com a cabeça ainda apoiada na estátua da donzela. Em algum lugar desse sonho, ela podia ouvir Hyakuhei a rir dela.

Ela poderia jurar que se lembrava de deslizar pela estátua da donzela e adormecer.

Ela provavelmente estava desmaiada agora e a ter um sonho, e a sua mente bêbeda tinha escolhido Shinbe para se juntar a ela, em vez de Toya.

Kyoko mal balançou a cabeça, sentindo-se tonta e suspirou as palavras ‘Sonhos loucos’, enquanto ela olhou fixamente nos olhos vidrados de paixão de Shinbe. Os seus lábios ainda formigavam pela força do beijo no sonho.

Shinbe baixou os lábios nos dela novamente. Ele tinha ouvido o suficiente. Kyoko pensou que estava a sonhar.

Shinbe só esperava que ela estivesse certa. Mas de qualquer maneira, ele não conseguiu parar. Ele não conseguia parar, mesmo que ele tentasse e tornou a beijá-la. Ela separou-se com um pequeno gemido … um som que apenas endureceu-o ainda mais, se isso fosse possível.

Ele começou a suar tentando se conter enquanto o seu sangue de guardião emergia. Ele queria ir devagar enquanto ele aprofundava o beijo, invadindo-a, pegando e agarrando-a no calor do beijo.

Ele sempre quis beijá-la assim, para sempre parecia.

Os músculos dos seus braços flexionaram quando ele se sustentou acima dela, fazendo amor com os seus lábios e além. As mãos dele estavam impacientes enquanto tentavam livrá-la das suas roupas. Dentro de apenas alguns poucos minutos, ela ficou deitada debaixo dele, completamente nua. Ela não lutou quando ele levou as roupas dela. Por que ela iria? Foi um sonho … certo?

A respiração de Shinbe parou quando ele olhou para ela, assim como ela apareceu apenas dentro do seu sonho alguns minutos atrás. Ela era sua sacerdotisa … o seu segredo … o seu amor. Ele deslizou o seu corpo contra o dela, amando a sensação da sua pele sedosa, aguçando a sua dor e sua necessidade de tê-la, de fazer amor com ela.

– Tem que ser um sonho. – tentou convencer-se.

Ele baixou a cabeça para acariciar o seu pescoço, lambendo e beijando a sua pele, provando-a gentilmente e à força. Ele mostrou a ela o quanto a amava enquanto descia no corpo dela. Isso seria a única vez que ele veria e provaria tudo dela. Um calor cortante disparou através dele quando ela se arqueou contra ele, gemendo quando ele puxou o peito dela para dentro da sua boca, lambendo-o com a língua,trazendo seu corpo à vida.

 

Mais de metade dos seus desejos foram cumpridos quando Shinbe deslizou com beijos na sua barriga esticada e ela se contorcia debaixo dele. Os seus músculos saltaram quando ela o agarrou, tentando se aproximar ainda mais.

Shinbe estava o mais perto do céu que ele jamais poderia chegar, com a essência dela à volta dele. Polegada por polegada lentamente, ele rastejou de volta para cima dela.

Instalando-se entre as pernas dela, ele estremeceu de necessidade quando o calor da abertura dela aqueceu a cabeça latejante de sua masculinidade inchada do seu corpo.

Ele queria que ela o visse enquanto dirigia dentro dela, mesmo que isso foi um sonho. O seu corpo endureceu, apertou em torno do dela.

– Abra os seus olhos. – sussurrou. A sua voz era hipnotizante, uma sedução deliberada e, ao abrir aqueles incríveis olhos cor de esmeralda, ele empurrou para frente, enterrando-se rapidamente no punho dentro do seu calor, querendo salvá-la da dor da sua primeira vez. Um grito angustiado rasgou da seu garganta quando ele sentiu o seu laço de sangue ceder a ele.

A sua tensão agarrou-o com força dentro do seu calor sedoso, atraindo-o ainda mais fundo. Se isso não fosse pelo seu autocontrole teimoso, ele teria saído da sua pele naquele momento. Ele trincou os dentes num esforço para ficar parado, respirando com dificuldade enquanto a observava balançar a cabeça de um lado para o outro lado, lábios a abrirem-se silenciosamente. Rapidamente, ele reivindicou os seus lábios antes que o grito pudesse escapar dela.

Depois que a sentiu acalmar-se, ele se afastou do beijo. Entrando no primeiro lento, mas difícil, impulso profundo, ele foi recompensado com os quadris dela chegando ao encontro dele quando a sua própria paixão começou a chama. Ele inalou os seus gemidos de êxtase, saboreando-os como as memórias queridas que ele sabia que eles se tornariam. Dando a sensação dela envolvida em torno dele, ele soltou a sua restrição. Ele queria fazer amor com ela, sem esconder nada.

Enlaçando os dedos nos dela, ele puxou as mãos dela por cima da cabeça e as segurou contra o cobertor macio. Shinbe levantou-se acima dela para poder vê-la apaixonada com as suas expressões ao ele começou um ritmo que rapidamente levou os dois ao extremo. Profundos e rápidos golpes transformaram-se em fortes movimentos lentos antes de fazer uma pausa para se esforçar contra ela, apenas para recuar rapidamente e então tocar nela novamente.

Shinbe podia sentir as muitas vezes em que alcançou o seu pico enquanto espasmos assolavam o seu corpo. Ele podia senti-los quando ela o apertou ainda mais. Todo o seu corpo brilhava ao luar de segurar a sua própria libertação. Estava a ser demasiado para ele, até que finalmente ele não aguentou mais, e sabendo que ela estava a atingir o seu auge novamente, ele estabeleceu um ritmo que abalou os dois.

Levando os dois ao limite, ele deu um impulso final, o mais profundo que pôde e segurou-o, jogando a cabeça para trás. O som que lhe foi arrancado não era humano nem imortal. Isto era dor e prazer, o cume de ambos, quando a semente dele disparou no seu corpo… profundo, quente e firme com o batimento cardíaco.

Uma vez que o mundo estava novamente parado, Shinbe olhou para Kyoko apenas como uma paixão e um sorriso vidrado apareceu nos seus lábios inchados e os seus olhos se fecharam lentamente. Já sentindo o coração partido pelo que ele acabara de fazer, Shinbe baixou os lábios nos dela e sussurrou a verdade contra eles:

– Eu amo-te.

*****

Algum tempo depois, no meio da noite, Shinbe acordou e encontrou Kyoko vestida, mas dormindo ao lado dele no cobertor na erva cintilante.

Não querendo acordá-la e enfrentar os seus pecados ainda, ele silenciosamente carregava o sono sacerdotisa, juntamente com a mochila que ela carregava, dentro das paredes da cabana onde o resto do grupo ainda dormia.

Depois que ele a tinha colocado no seu lugar habitual entre a parede e Suki, ele deslizou lentamente na parede oposta, puxando os joelhos até o peito, mais feliz e com mais medo do que nunca alguma vez teve na sua vida. Mas se ele morresse nas próximas duas horas, ele morreria feliz.

Shinbe fechou os olhos e perguntou-se o que seria pior, Kyoko lembrando, ou ela não lembrando. Ele sabia que nunca amaria outra, pois era preciso ter um coração para amar, e ele não tinha coração. Ele já tinha renunciado isso. Kyoko carregava o seu coração desde o primeiro dia em que ele pôs os olhos nela.

Se ele não morresse pelos punhais de Toya pela manhã, ele sabia que ficaria exatamente onde estava, secretamente amando-a, e esperando que ela notasse.