Não Desafie O Coração

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– Toya, não me digas que mataste Shinbe?

Toya rangeu os dentes.

– Eu não matei ninguém, seu idiota insignificante, então cala a boca!

Ele desviou-se deles olhando para as unhas ensanguentadas … ele nem as notara.

– Será que eu o matei? – pensou Toya consigo mesmo. Aquele último golpe em Shinbe teve que ter causado alguns sérios danos. Ele lembrou-se das suas garras cavando a carne do lado de Shinbe quando ele o atirou contra a árvore. Toya sabia que as suas garras poderiam ser mortais quando crescessem mais durante a batalha … e não apenas demónios, mas todos os imortais, incluindo guardiões.

Ele não deveria ter lutado com o seu irmão, mas ele estava com tanta raiva que não tinha sido capaz parar. Por que ele perdeu a paciência assim sabendo que o seu sangue demoníaco estaria em perigo de surgir? Ele geralmente tinha mais controlo do que isso. Bolas… Se Kyoko não tivesse saído quando o fez, ele não sabia o que ele teria feito com ele. Ele nunca havia brigado com Shinbe antes … O que diabos estava a acontecer aqui?

Esse sentimento de pânico tomou conta dele novamente quando sentiu os olhares de Suki e Kamui à sua volta. Shinbe era seu irmão … um guardião. O que ele fez? Não olhando para eles, Toya enfureceu e cerrou as suas mãos em punho e de repente gritou:

– Eu não fiz nada!

Precisando de uma fuga, ele disparou através da clareira, em direção à floresta.

Kaen e Kamui se entreolharam compartilhando o mesmo sentimento ameaçador.

*****

Kyoko estava sentada na sua mesa, agulha e linha na mão. Ela decidiu costurar o casaco de Shinbe desde que tinha sido triturado em alguns pontos. Ela teve que se manter ocupada, porque com Toya fora e Shinbe desmaiado … ela não podia nem perguntar a ninguém o que diabos tinha acontecido. Ela teve um pressentimento que era culpa dela que eles tinha brigado.

– Foi apenas um beijo estúpido. – murmurou ela culpada.

Depois que o seu avô tirou Shinbe das suas roupas, ela pegou nelas e lavou o sangue deles da roupa enquanto Tama ajudava o avô a tratar as feridas que já estavam a cicatrizar. E se não fosse pelo fato de Shinbe ser um guardião e ter a vantagem extra de uma cura rápida, ele teria sangrado até a morte em poucos minutos. Quando ela olhou para uma das rasgões no tecido, ela imaginou as garras de Toya lá e estremeceu.

Ele estava bastante espancado, mas a pancada na cabeça foi a pior. O avô dela disse ele provavelmente ficaria um tempo desmaiado. Ele também a informou que quando dois guardiões lutam um contra o outro, é um pouco mais perigoso do que quando dois humanos atacam. O avô e as suas lendas … ela não precisava de uma lenda para dizer que isso era mau. Ela só esperava que Shinbe não tivesse danos cerebrais. Para ele ficar inconsciente por tanto tempo não era um bom sinal. Ela rezou para que ele acordasse em breve e disesse a ela que estava tudo bem.

Kyoko sentou-se ao seu lado desde que o seu avô tinha feito um curativo e o colocou cuidadosamente na cama dela. Ela não dormia desde o acontecido com medo de que ele acordasse sem que ela soubesse.

Shinbe abriu os olhos lentamente para a luz fraca da sala. Onde ele estava? Ele olhou para o teto branco em confusão. A sua cabeça, bolas como doía. Ele tentou olhar ao redor da sala, mas isso doeu também. Havia a cor rosa em todos os lugares. Onde ele estava?

– Ai! – gritou Kyoko ao picar-se com a agulha e colocou o dedo na boca, chupando-o. Ela virou-se levemente na cadeira e Shinbe viu-a, com a luz da lâmpada da mesa a brilhar na cara dela.

– Eu devo estar no céu. – sussurrou Shinbe através dos seus lábios secos. Ele viu os olhos de Kyoko esbugalhados, e ela lentamente virou-se para olhar para ele. Ele tentou sorrir, mas a sua cabeça doía demais e ele fechou os olhos novamente.

Kyoko quase tombou na cadeira tentando chegar ao seu lado tão rapidamente.

– Shinbe não, por favor não voltes a dormir ainda. – implorou com um tremor na voz. Ela estava rapidamente a caminho das lágrimas. Shinbe abriu os olhos e cheirou o sal no ar. Ela estava a chorar? Ele tentou sentar-se, apenas para ter uma dor intensa através da sua têmpora.

Kyoko colocou a mão no ombro dele.

– Não tentes sentar-te. Estás muito magoado.

Passou as costas da mão na bochecha molhada e sorriu quando ele abriu os olhos novamente.

– Achas? – disse e tentou sorrir, mas a sua cabeça não estava bem.

Ele levantou a mão para a parte de trás da cabeça segurando-a na palma da mão.

– Hmm, grande pedaço. – disse e ele olhou para Kyoko de forma inquisitiva.

Kyoko não se conseguiu conter.

– Seu grande idiota, poderias ter sido morto. – disse e irrompeu em lágrimas, levando as mãos ao rosto, e soluçou.

Shinbe estendeu a mão e passou a parte de trás do dedo pela bochecha dela.

– Kyoko, espero que Toya esteja tão mal quanto eu.

Kyoko descobriu seu rosto e encarou-o:

– Eu não sei.

Ela virou-se e caminhou até a mesa, pegou uma jarra de água e despejou um pouco num copo. E de repente, ela ficou zangada com os dois. Eles deveriam estar a caçar o talismã juntos, não a brigar.

– Não sabes?

Shinbe tentou arquear a sua sobrancelha, mas percebeu que não havia nada no seu corpo que não doesse. Ele decidiu naquele momento que na próxima vez que lutasse com Toya, ele faria mais do que apenas se defender … na próxima vez seria vingança…

Kyoko atravessou a sala e o ajudou a beber a água. Ela sorriu para ele, e viu um brilho nos olhos dela:

– Não vejo Toya desde que o coloquei perto da casa do santuário.

De alguma forma, ela sabia que isso iria animar Shinbe. Ele tentou rir, mas acabou por tossir.

– Feitiço para domesticar?

Colocando a mão no peito enfaixado, ele gemeu.

– Por favor, não me faças rir. Isso dói.

Kyoko tinha um olhar de dor no rosto.

– Sinto muito, Shinbe. Não poderíamos levá-lo a um médico humano sem … bem, tu sabes. O avô tentou tratar de ti da melhor maneira possível e a maioria das feridas visíveis sararam.

Shinbe piscou o olho para ela, em vez de tentar acenar com a cabeça.

– Eu entendo. Obrigado pelo carinho.

A curiosidade o venceu:

– Mas ainda não viste Toya?

Kyoko levantou-se, virando as costas para ele.

– Não, eu estive aqui contigo, esperando que acordasses. – disse e caminhou até a mesa, pegando no frasco de aspirinas, mas o colocou de volta sabendo que não ajudaria um guardião.

– Sobre o que vocês dois estavam a brigar? – sussurrou, não querendo ouvir a resposta. Ela pegou na garrafa de volta, imaginando que não poderia doer.

– Quanto tempo eu dormi? – sussurrou Shinbe, tentando manter a dor um pouco no mínimo. Ele ouvira a pergunta dela, mas … era melhor deixar isso entre ele e Toya.

Ela virou-se, caminhando de volta para ele.

– Várias horas.

Kyoko colocou a aspirina nos lábios e pegou no copo de água de volta:

– Aqui, toma estes.

Ele fez o que ela disse, pensando que ‘Ela esteve ao meu lado a noite toda?’. Ele fechou os olhos, contemplando esse pensamento. Então ele sentiu a mão fria na sua testa e abriu os olhos de volta para ela.

Kyoko sorriu:

– Não acredito que estás aqui … do meu lado do coração do tempo.

Ele encolheu os ombros como se não importasse, mas importava-se.

– Bem, agora que eu sei que vais ficar bem, eu acho que eu deveria voltar e dizer aos outros que não voltaremos por um tempo. Descansa e eu estarei aqui quando acordares.

Shinbe olhou para ela, pasmo. O seu olhar voou ao redor da sala percebendo exatamente para onde ele tinha desaparecido. Ele estava no mundo dela! Ele deve ter realmente batido com a cabeça com força para que não se tivesse apercebido. Espera. Ele voltou os seus olhos de ametista para ela. Do que ela estava a falar, 'ele não vai de volta com ela? E se Toya não a deixasse voltar? E se algo acontecesse com ela? Ele deveria procurar o talismã com eles. Ele deveria estar lá para protegê-la de Hyakuhei.

Shinbe tentou sentar-se para contar a ela, mas a dor atingiu o seu cérebro e ele recuou na cama com um gemido.

Kyoko parou a meio do caminho, virando-se para dar-lhe um olhar suplicante.

– Por favor, Shinbe. Não tentes levantar-te. Não há como saber se estás curado por dentro ainda e eu não gostaria que sangrasses até a morte enquanto eu não estiver aqui. – disse quase brincando, mas ele ainda estava com dores e isso significava que ele poderia causar algum dano se não ficasse quieto.

– Kyoko, eu não posso ficar aqui. Eu nem sei onde 'aqui' é. – disse, começando a entrar em pânico só de pensar que ela o iria deixar. Ela deve ter sentido o medo dele porque falou baixinho enquanto abria a porta para sair.

– Não te preocupes, Shinbe. Vou mandar o avô para fazer-te companhia.

Ela fechou a porta antes que ele tivesse a oportunidade de protestar.

Capítulo 6 ‘Mal-entendidos’

Depois de encontrar o avô e dizer que Shinbe estava acordado, Kyoko pegou na sua mochila e carregou-a com todas as coisas que ela sabia que os seus amigos gostariam. Ela embalou carne seca para Toya, barras de chocolate para Kamui e, claro, a pastilha elástica preferida por todos.

Como uma reflexão tardia, ela colocou algumas garrafas de refrigerante e amêndoas cobertas de chocolate para Suki e Sennin. Kyoko sorriu, sentindo-se melhor agora que sabia que Shinbe estaria bem novamente em breve.

Ainda assim … ela teria que falar abertamente com Toya sobre as brigas e o fato de que ele poderia ter morto o seu próprio irmão. Ela silenciosamente perguntou-se como Shinbe poderia ter passado pelo coração do tempo. O santuário não o deixaria passar sem uma razão.

– Provavelmente para que eu pudesse terminar a luta. – murmurou Kyoko baixinho.

Ela também adicionou os suprimentos típicos que os traria, como curativos e aspirina.

 

Olhando em volta da cozinha, ela perguntou-se se deveria ver Shinbe uma última vez, mas decidiu não. Já era difícil o suficiente deixá-lo. Ela ainda podia ver o olhar suplicante nos olhos de ametista, como se ele estivesse a implorar para que ela não fosse embora, mas ela só iria por algumas horas.

Ele ficaria bem com o avô e Tama. Fechando a sua mochila, ela foi para o santuário.

*****

O pequeno grupo passou as últimas duas horas tentando encontrar Shinbe. Eles não podiam nem seguir o seu rasto porque eles não tinham ideia de onde começar a procurá-lo. Eles só poderiam assumir o pior, mesmo que não encontrassem evidências de algo errado. Estava literalmente a deixá-los loucos de preocupação. Para piorar a situação, Toya nunca havia regressado à cabana naquela noite e deixou-os a pensar que talvez ele estivesse por trás do desaparecimento.

Quando ele não voltou depois de várias horas, Suki estava certo de que era o último. Com Kyoko ainda desaparecido, tudo parecia muito pior.

– Eu juro que se Toya voltar, eu vou matá-lo. – soluçou Suki nas suas mãos enquanto Sennin a confortava.

Kamui sentou-se ao lado dela em silêncio enquanto os pensamentos de Shinbe deitado morto percorriam a sua mente. Mas ele saberia se Shinbe tivesse morrido … não é? Ele e Kaen sabiam que algo não estava bem contado assim que pisaram na clareira … algo sobre as vibrações na área cheirava a raiva e algo mais que ele não conseguia identificar. Outra evidência foi o fato de que algumas das pedras ao redor da estátua inaugural tinha sido desenterradas. 'E onde estava Kyoko?'

Esse pensamento fez Kamui perguntar exatamente o que exatamente tinha acontecido … Kyoko também estava magoada? Ela não tinha voltado ainda, e ele estava a começar a sentir muita preocupação. Ele suspirou sabendo que Kaen ainda estava a olhar.

– Olá, alguém em casa? – disse Kyoko com uma voz alegre quando ela abriu a porta da cabana.

Ela imediatamente viu como Suki estava angustiada. Atirando a mochila na porta, ela correu para Suki.

– O que há de errado? O que aconteceu?

Ela caiu no chão ao lado de sua amiga porque Suki nunca chorava … ela devia mexer com o lado feminino.

Suki chorou um pouco e enxugou os olhos com as costas da mão. Os seus lábios separaram-se e ela tentou falar:

– Oh, Kyoko.

Ela afastou-se dela e soluçou novamente, incapaz de dizer a sua amiga os seus receios.

Sennin colocou a mão no ombro de Kyoko, olhando para a filha, depois falou em voz baixa:

– Kyoko, posso falar contigo lá fora.

Kyoko olhou de Sennin, voltou para Suki, depois se levantou devagar. 'Algo deve estar seriamente errado. ', pensou Kyoko preocupada.

– Algo mau aconteceu com Toya, ou eles ouviram algumas notícias sobre o desaparecimento do irmão de Suki, Hikaru? – sentiu ela uma arrepio muito, muito grande a atravessar a sua espinha.

Ela seguiu Sennin lá para fora.

– O que é isso, Sennin? O que aconteceu?

Kyoko nunca pensou por um segundo que eles estivessem preocupados com Shinbe. Ela pensou que Toya tinha dito a eles onde encontrá-lo.

Sennin virou as costas para Kyoko, sabendo que ele ainda teria que lidar com outra cena de partir o coração. Foi demais para ele. Isso ia partir o coração de Kyoko por descobrir que Toya poderia ter morto Shinbe. Ele decidiu apenas contar a ela o medo deles.

– Kyoko, acreditamos que Toya magoou Shinbe … e não conseguimos encontrar nenhum deles. – disse e a sua voz parecia ainda mais velha do que o normal, e misturada com tristeza e um toque de derrota. Ele esperou ouvir os gritos de dor que logo viriam da sua jovem amiga. Quando eles não vieram, ele virou-se bem a tempo de ver Kyoko voltando para a cabana.

Kyoko sentou no chão ao lado de Suki e abraçou a amiga.

– Tudo bem, Suki.

– Shinbe está bem. De alguma forma … ele veio através do tempo com Toya. Ele está ferido, mas vai ficar bem.

Suki parou de respirar por um momento, então com um suspiro ela se afastou, olhando para Kyoko enquanto ela passava a mão pelos olhos.

– Shinbe … não está morto? – continuou olhando para Kyoko.

Kyoko franziu a testa:

– Não, ele tem muitos ferimentos, mas não está morto. Voltei para avisar que ele está a recuperar. Ela silenciosamente perguntou-se por que Toya não havia contado o que havia acontecido.

Kamui ouviu as palavras de Kyoko e perguntou-se. Agora ele sabia por que não podia sentir Shinbe … ele nem estava neste mundo. Ele saiu da cabana para encontrar Kaen para que eles pudessem cancelar a caçada. Ele desejou que os seus outros irmãos, Kotaro e Kyou, aparecessem e de alguma forma o ajudassem a consertar o que estava a acontecer. Os seus pensamentos voltaram para Kyoko.

– Bem, eles estão apenas magoados um e o outro e não ela. – sussurrou Kamui, mas o o aperto no peito ainda não diminuiu. Se ele tivesse… ele a protegeria sozinha.

Suki levantou-se.

– Ele esteve contigo a noite toda, Kyoko? Nós vimos Toya com sangue nas mãos dele. – gaguejou e fez uma pausa, com a raiva a crescer dentro dela e dirigida a Kyoko por mantê-lo um segredo.

Kyoko levantou-se:

– Onde está Toya, afinal? Quando eu colocar as minhas mãos nele, eu vou …

Suki interrompeu-a no meio da frase.

– Ele esteve contigo esse tempo todo? Shinbe esteve contigo no teu tempo?

A voz de Suki segurava uma nota de acusação e Kyoko ficou pasma.

– Esperaste tanto tempo para nos contar. Não achaste que estaríamos preocupados com ele?

Kyoko balançou a cabeça.

– Desculpa-me, Suki. Não queria deixá-lo até saber que ele estava …

Ela viu o rosto de Suki ficar vermelho e recuar.

– A noite toda? Durante a maior parte da manhã, procuramos por ele, temendo que ele estivesse morto ou ferido em algum lugar! Agora voltas toda feliz, e dizes-me que ele está contigo!

Ela apontou um dedo acusador para a sua amiga.

– Deverias ter vindo antes. Deverias ter …

Ela parou, um soluço deixou o seu corpo, aliviado por Shinbe estar bem.

Kyoko colocou o braço em volta da menina para confortá-la.

– Desculpa-me, Suki. Eu não pensei. As lesões dele foram muito más. Eu tinha medo de deixá-lo até que ele acordasse. Eu estava tão preocupado que eu pensei em perdê-lo.

Suki afastou-se de Kyoko com a sua raiva atingindo novamente as palavras de Kyoko.

– Tu… pensaste que irias perdê-lo? – olhou para Kyoko piscando para conter as lágrimas.

– Porque estavam eles a brigar, Kyoko? Eles estavam abrigar por causa de ti?

Kyoko ficou surpresa com a pergunta. Ela não sabia responder. Ela não podia contar a Suki que ela havia beijado Shinbe e que Toya os viu. Esta era Suki, a sua amiga que estava secretamente apaixonado por Shinbe. A culpa tomou conta dela. Ela estava a trair a amiga. Ela olhou para o piso de madeira, subitamente achando-o muito interessante.

Ela não estava apaixonada por Shinbe, mas ela…. ‘Meu Deus, o que eu estou a pensar?’ Ela cerrou as mãos em punhos, ficando irritado por pensar em Shinbe dessa maneira, quando aquele que realmente o amava estava bem na frente dela. Ela tinha que saber como Suki realmente se sentia.

– Suki, estás apaixonada por Shinbe? – perguntou rapidamente, sem querer fugir do assunto de por que os dois guardiões haviam lutado.

Suki virou as costas, as bochechas ficando vermelhas com a pergunta. 'Ela estava apaixonada por ele? ' – perguntou ela. Sim, ela tinha sentimentos por ele. Mas apaixonada, como Kyoko havia proposto? Ela sacudiu a cabeça dela. Ela nunca amaria homem algum. Especialmente Shinbe. Aquilo era uma pergunta fora de questão. Talvez ela pudesse amá-lo se conseguissem matar Hyakuhei e apagar a feitiço de Shinbe. Mas … não, ela simplesmente não podia apaixonar-se por ele. Ela não conseguia lidar com mais nenhuma mágoa.

Confusa com os seus próprios sentimentos, ela voltou-se para Kyoko:

– Estás a evitar a pergunta,

– Kyoko! Eu perguntei se eles estavam a brigar por causa de ti?

Agora era ela quem evitava uma pergunta, mas era algo que ela sinceramente não queria responder ou pensar.

Kyoko suspirou, encolhendo os ombros.

– Eu não sei.

– Toya não te disse o que aconteceu?

Ela olhou para a porta e perguntou-se por que ele não estava lá.

– Onde está Toya de qualquer forma? Ele está bem? – disse Kyoko e sentiu um calafrio repentino, percebendo que a ausência de Toya era o que mantinha os outros na ignorância.

Suki explodiu:

– O quê? !!

Toya saiu depois que o encontramos. As suas garras estavam cobertas de sangue, Kyoko! Ele estava …

Suki foi interrompida quando Sennin entrou na cabana.

– Vais parar de gritar, Suki? – sentou -se no tapete e pegou um pau, remexendo o fogo na frente dele.

– Kyoko, senta-te. E conta-nos o que sabes.

Kyoko olhou para Suki. Ela não gostava que a sua amiga estivesse com raiva dela. Por que todos eles estavam a brigar entre si de repente? Eles sempre se mantiveram juntos e se defenderam um ao outro … algo simplesmente não estava certo. Ela sentou-se e começou a contar o que aconteceu, desde o tempo na queda de água, a aparência de Shinbe no seu tempo. Claro, ela não contou a eles sobre o beijo, apenas que Toya estava com raiva porque estava de roup interior.

– Bem, é isso mesmo. Ele finalmente acordou antes de eu vir para aqui. Ele está em péssimo estado. – e ela balançou a cabeça, olhando para as mãos. – O avô diz que vai demorar pelo menos alguns dias antes que ele se possa levantar e começar a mover-se novamente.

A cabeça de Suki levantou-se:

– O quê? Ele não pode ficar no seu tempo! – Imediatamente abaixou os olhos, sentindo-se estranho novamente. De onde veio esse ciúme de repente?

Sennin colocou a mão no braço de Suki.

– Calma, não gostarias que ele viajasse de volta se ele ainda está ferido.

Suki suspirou:

– Mas isso é muito tempo. Podemos cuidar dele tão bem aqui.

Ela não gostou do fato de o grupo estar dividido.

Sennin riu:

– Bom, mas para trazê-lo aqui, ele teria que viajar pelo coração do tempo. O cansaço de fazer algo não permitido pode ser demais para os ferimentos dele.

Kyoko levantou-se:

Eu realmente odeio ir embora, mas só voltei para avisar que ele está bem. É melhor eu voltar para lá antes que o avô e Tama o deixem louco.

Ela pegou na sua mochila e sorriu nervosamente quando Kamui voltou para a cabana, com os olhos presos.

Kamui não pôde evitar quando puxou Kyoko nos seus braços e a abraçou com força. Ele estava com o espírito muito melhor agora que ele sabia que Toya não magoara seriamente Shinbe. Quando Kyoko não tinha voltado, ele pensara o pior.

– Vou manter os meus olhos neles deste lado. Traz o nosso Shinbe de volta. – sorriu, com o amor por ela dançando nos seus olhos multicoloridos. Ele queria que ela soubesse que não estava zangado com ela como Suki estava.

Kyoko sorriu para ele e entregou-lhe uma caixa de chocolates.

– Agora não comas tudo depressa também. Não quero que tenhas dor de barriga.

Ela passou a mão pelos cabelos que reflectiam as cores roxas e eram sedosos e o abraçou de volta. Ela estava agradecida por pelo menos um deles não estar zangado com ela. Kamui sempre teve o coração mais suave.

Ela sussurrou perto do ouvido dele para Suki não ouvir:

– Se Toya voltar, diga a ele que eu preciso de vê-lo.

Kamui acenou com a cabeça.

Suki sentou-se de costas para Kyoko.

– Diga a Shinbe que é melhor ele ficar bem rápido.

Ela fungou e Kyoko de repente sentiu-se realmente culpada. Soltando Kamui, ela colocou as coisas que trouxera para os outros na porta, não querendo incomodar Suki novamente agora. Ela sabia que iria encontrar os mantimentos e guloseimas mais tarde. Ela disse adeus, depois voltou sozinha para o santuário, imaginando como Toya estava.

*****

Do outro lado do portal do tempo, Shinbe estava deitado na cama com os olhos fechados, tentando afogar a tagarelice sem sentido do avô com os seus próprios pensamentos. 'Quando Kyoko voltaria para resgatá-lo? – riu como um louco em sua mente. Sim, ela era a única pessoa que poderia salvá-lo agora.

Mesmo com os seus ferimentos, ele não conseguia parar de pensar nela. Esse deve ser o modo de Deus castigá-lo pelos seus pecados. Ele sabia muito bem que, se Toya soubesse toda a verdade, ele não estaria a respirar agora.

Os outros, incluindo Toya, sempre assumiram que ele queria Suki apenas porque isso era exatamente o que ele queria que eles pensassem. Suki não queria ter nada a ver com romance e isso a fazia segura … sem saber, desempenhando um papel enorme na sua mentira. Ele começou a voltar a dormir e visões de Kyoko nos seus braços passaram pela sua mente.

 
*****

Kyoko caminhou lentamente de volta ao santuário inaugural com sentimentos confusos. Por que Toya fugiu? E agora ela sentia-se egoísta por fazer os outros se preocuparem por tanto tempo. É só que ela pensou que Toya teria contado o que tinha acontecido. Essa coisa toda estava a começar a sair fora do controlo. Eles ainda tinham que encontrar o talismã espalhado por aí e Hyakuhei estava aí fora em algum lugar provavelmente a planear todas as suas mortes. De momento, todo o grupo parecia estar dividido.

Toya observou Kyoko enquanto voltava para o santuário. Ele sentiu o cheiro da chegada dela e procurou-a quando notou que Shinbe não estava com ela. Então o guardião ametista ainda estava no tempo de Kyoko … e agora parecia que ela estava a voltar para ele.

Desde o regresso, Toya havia se mantido numa caverna não muito longe. Ele não estava arrependido pela luta com Shinbe, mas ele não pretendia magoá-lo tão mal quanto ele estava. Mas acreditaria Kyoko nele?

Os seus orbes dourados observavam-na do alto das árvores. Ele sabia que teria que conversar com ela antes de voltar para Shinbe.

Kyoko olhou para cima, percebendo que ela já estava no coração do tempo. Ela estava tão perdida que ela nem estava a prestar atenção. Ela suspirou, depois levantou o queixo, ganhou coragem e decidiu que teria que conversar com Shinbe quando voltasse.

Kyoko parou quando viu um clarão de movimento pelo canto do olho.

Antes que ela pudesse piscar os olhos, Toya estava entre ela e o santuário. Ele estava a olhar para ela assustadoramente através da franja perdida que caíra para proteger os seus olhos, cabelos e roupas ainda a temer por causa da aterragemtão rápida.

Por que ele podia fazer as coisas mais estranhas e o seu corpo inteiro se iluminava como se uma onda de choque elétrico passasse por ele. O punhado de borboletas a flutuar no estômago dela parecia entrar em frenesim de acasalamento. Ela não sabia o que dizer ou fazer, então ficou parada tentando ler a sua expressão. Ela podia ver todos os tipos de emoções, tudo, desde culpa até raiva … até uma pitada de depressão.

Finalmente encontrando a sua voz, embora parecesse assustada até para os seus próprios ouvidos, ela disse:

–Eu … Toy-ya?

Os olhos dela se arregalaram quando o rosto dele apareceu e os olhos dele fixaram nos dela.

Kyoko não quis dar um passo atrás, mas ela fez isso sem pensar. Quando ela percebeu com os olhos semicerrados ao vê-la afastar-se dele, ela encarou-o. Timidamente, ela deu um passo em frente para que ele soubesse que ela não tinha medo dele.

Toya observou-a em silêncio, sentindo medo nela. Quando ela se afastou dele, viu que ele estava com raiva o suficiente para que ele realmente sentisse o seu sangue a ferver. Ele esperou para ver o que ela faria e acalmou-se quando ela se aproximou novamente, recuperando a distância que havia criado. Ele não quero que ela o temesse.

– Kyoko. – disse sua voz era firme e severa – sabes que eu nunca te magoaria.

As mãos dele fechadas em punhos ao lado do corpo.

– Eu sei que sabes disso. – disse com uma voz exigente.

Kyoko mordeu o lábio inferior, ouvindo a tensão na sua voz. Sim, ela sabia que ele não a magoaria de propósito … mas ela também se lembrava do fato de Hyakuhei ter feito algo ao sangue dele que o tornava extremamente perigoso quando irritado. Respirando fundo, ela começou a caminhar lentamente na sua direção.

– Onde estavas?

Toya podia ouvir preocupação na sua voz e os seus olhos arregalaram-se, imaginando o que responderia. Ela esteva preocupado com ele? Ele pensou que ela o odiaria depois do que ele havia feito. Ele ficou doente só de pensar nisso.

– Como está … Shinbe? – cerrou os dentes ao proferir o nome dele.

Kyoko franziu a testa:

– Ele vai viver. Mas vai demorar um pouco para ele estar bem o suficiente para vir de volta. Eu nem tive a chance de perguntar o que aconteceu, então por que não me contas? Porque… fizeste isso?

A sua voz parou por um momento e então ela sussurrou:

– Suki e os outros pensaram que ele estava morto.

A sua voz elevou alguns pontos, tornando-se acusadora:

–Poderias ter pelo menos lhes dito onde ele estava.

Ela olhou para trás para a estátua da donzela, evitando o seu olhar. A crueldade dos seus olhos era demais para ela aguentar agora.

Toya sentiu frio e calor ao mesmo tempo. O sentimento em si era perturbador. Tudo o que ele conseguia pensar era a questão que ela o odiaria, e essa era a única coisa que ele não podia lidar. E pensar que ela estava sozinha com Shinbe no seu tempo também era demais para ele engolir.

Especialmente depois das coisas que o seu irmão havia dito. Era a mesma coisa que ameaçá-la.

Kyoko observou as emoções a mudar nos seus olhos dourados, agora escurecendo com os pensamentos dele. Ele estava a sentir uma calma de morte, o que estava a começar a assustá-la. Ela deu alguns passos, como se quisesse dar a voltar para o santuário, mas ele moveu-se para bloqueá-la e isso agitou-a ainda mais.

– Olha, se não vais dizer nada, eu vou voltar para verificar os estragos que fizeste com o teu irmão Shinbe. – gritou com ele.

Toya não aguentou. Num piscar de olhos, ele tinha-a, segurando-a presa nos seus braços, todos os seus instintos a dizerem-lhe para não deixá-la entrar no coração do tempo … de volta aos não-confiáveis guardiãos.

– Kyoko, espera. – disse com a sua voz ainda um pouco dura que ele tentou amolecer quando a sentiu endurecer contra ele. – Kyoko, não sabes por que brigamos. Não sabes o que ele disse. Não podes confiar nele. Eu não confio nele. Ele mudou, e eu não gosto.

Kyoko sentiu os braços dele apertarem ao redor dela e ela sabia que ele estava a falar a sério. Toya nunca mentiu para ela … mas simplesmente não fazia sentido. Ela tentou recostar-se nos braços dele para ver os seus olhos.

– O que queres dizer? Ele é o mesmo de sempre.

Toya rosnou baixo e disse:

– Não, Kyoko, ele escondeu isso de ti. Há algo nele e não sei o que é, mas posso sentir. Ele está a esconder alguma coisa.

Toya esperava que ela ouvisse as suas palavras e não apenas que pensasse que ele estava a dar uma desculpa para espancá-lo.

Kyoko franziu a testa. Ela havia notado pequenas coisas sobre Shinbe. Mas para ela, as mudanças não haviam ocorrido. Tinha sido mau, mas sabia que Toya tinha instintos muito bons, e não podia apenas descartá-lo completamente.

Só para ter certeza disso, ela suspirou:

– Não estás apenas a dizer isso por causa do beijo, estás?

Ela sentiu o peito de Toya a vibrar contra ela.

– Aquele beijo. – Toya rosnou e estendeu a mão para agarrar o queixo na mão dele, trazendo o seu rosto para perto dele. Havia uma pergunta que o estava a incomodá-lo.

– Kyoko, porque o beijarias por te salvar, e não a mim? Eu não entendo.

Os seus olhos baixaram para os seus lábios amuados e antes que ela pudesse rejeitá-lo, ele pressionou os seus lábios nos dela, sentindo pela primeira vez os seus lábios sedosos contra os dele.

Quando ela se engasgou com o ataque repentino nos seus sentidos, Toya aprofundou o beijo, procurando a reação dela. Ele podia ouvir o batimento cardíaco dela acelerar e também podia sentir o corpo dela a ficar cada vez mais quente.

Kyoko estava a receber o beijo que ela sempre quis, mas em algum lugar no fundo de sua mente, ela não podia deixar de pensar que era pelas razões erradas. Ele estava a beijá-lo porque Shinbe já o tinha feito? 'Não, isso estava errado.' Ela pressionou contra o peito dele por mais razões do que apenas falta de ar.

– Espera Toya. – disse ela ofegante. – Pára, eu não consigo pensar.

Toya sorriu, relaxando os braços, mas não a soltando. – Isso é uma coisa boa, Kyoko.

Ele sentiu algo com o beijo, e isso fê-lo sentir-se melhor sabendo que ela também o beijava de volta. Talvez ele afinal, não a perdera para Shinbe. Lembrou-se da ameaça que Shinbe disse quando o provocara.

– Shinbe não deve ser totalmente confiável. Prefiro que fiques aqui comigo e deixes a tua família cuidar dele por enquanto. – disse com os seus olhos a atraírem os dela num apelo silencioso.

Kyoko franziu a testa.

– Não, eu tenho que voltar. Ele só acordou alguns minutos antes de eu vir aqui para que vocês soubessem que ele ficaria bem. – A culpa tomou conta dela – Além do mais, eu sinto que é minha culpa que vocês tenham lutado, e então eu vou cuidar dele até que ele melhore, e eu vou trazê-lo. – Os olhos dela semicerraram. – E temos que nos dar bem se quisermos encontrar o resto do talismã.

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