Uma Marcha De Reis

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Z serii: Anel Do Feiticeiro #2
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Uma Marcha De Reis
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Uma Marcha De Reis
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Uma Marcha De Reis
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Czyta Gabriel Vasconcelos
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Uma Marcha De Reis
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Sobre Morgan Rice

Morgan Rice é a autora do best-seller #1 DIÁRIOS DE VAMPIROS, uma série destinada a jovens adultos composta por onze livros (mais em progresso); da série de Best-seller #1 – TRILOGIA DE SOBREVIVÊNCIA, um thriller pós-apocalíptico que compreende dois livros (outro será adicionado); a série número um de vendas, O ANEL DO FEITICEIRO, composta por treze livros de fantasia épica (outros serão acrescentados).

Os livros de Morgan estão disponíveis em áudio e página impressa e suas traduções estão disponíveis em: alemão, francês, italiano, espanhol, português, japonês, chinês, sueco, holandês, turco, húngaro, checo e eslovaco (em breve estarão disponíveis em mais idiomas).

Morgan apreciará muitíssimo seus comentários, por favor, fique à vontade para visitar www.morganricebooks.com faça parte de nosso newsletter, receba um livro gratuito, ganhe brindes, baixe nosso aplicativo gratuito, obtenha as novidades exclusivas em primeira mão, conecte-se ao Facebook e Twitter, permaneça em contato!

Crítica aclamada sobre Morgan Rice

“O ANEL DO FEITICEIRO reúne todos os ingredientes para um sucesso instantâneo: tramas, intrigas, mistério, bravos cavaleiros e florescentes relacionamentos repletos de corações partidos, decepções e traições. O livro manterá o leitor entretido por horas e agradará a pessoas de todas as idades. Recomendado para fazer parte da biblioteca permanente de todos os leitores do gênero de fantasia.”

–-Books and Movie Reviews, Roberto Mattos.

“Rice faz um trabalho magnífico ao atrair você para a história desde o início, utilizando uma grande qualidade descritiva que transcende a mera imagem do cenário… Muito bem escrito e de uma leitura extremamente rápida.”

–-Black Lagoon Reviews (referindo-se a Turned)

“Uma história ideal para jovens leitores. Morgan Rice fez um bom trabalho, dando uma interessante reviravolta na trama… Refrescante e original. As séries giram em torno de uma garota… Uma jovem extraordinária!… Fácil de ler, mas com um ritmo de leitura extremamente acelerado… Classificação10 pelo MJ/DEJUS.”

–-The Romance Reviews (referindo-se a Turned)

“Captou a minha atenção desde o início e eu não pude soltá-lo… Esta é uma história de aventura incrível que combina agilidade e ação desde o início. Você não encontrará nela nenhum momento maçante.”

–-Paranormal Romance Guild (referindo-se a Turned)

“Carregado de ação, romance, aventura e suspense. Ponha suas mãos nele e apaixone-se novamente.”

–-Vampirebooksite.com (referindo-se a Turned)

“Uma ótima trama, este é especialmente o tipo de livro que lhe dará trabalho soltar à noite. O final é tão intrigante e espetacular que fará com que você queira comprar imediatamente o livro seguinte, só para ver o que acontecerá.”

–-The Dallas Examiner (referindo-se a Loved)

“Um livro que é um rival digno de CREPÚSCULO (TWILIGHT) e AS CRÔNICAS VAMPIRESCAS (VAMPIRE DIARIES) e que fará com que você deseje continuar lendo sem parar até a última página! Se você curte aventura, amor e vampiros este é o livro ideal para você!”

–-Vampirebooksite.com (referindo-se a Turned)

“Morgan Rice mais uma vez mostra ser uma narradora extremamente talentosa… Esta narrativa atrairá uma grande variedade de público, incluindo os fãs mais jovens do gênero vampiro/fantasia. Terminou com uma situação de suspense tão inesperada que o deixará chocado.”

–-The Romance Reviews (referindo-se a Loved)

Livros de Morgan Rice
O ANEL DO FEITICEIRO
EM BUSCA DE HERÓIS (Livro #1)
UMA MARCHA DE REIS (Livro #2)
UM DESTINO DE DRAGÕES (Livro #3)
UM GRITO DE HONRA (Livro #4)
UM VOTO DE GLÓRIA (Livro #5)
UMA CARGA DE VALOR (Livro #6)
UM RITO DE ESPADAS (Livro #7)
UM ESCUDO DE ARMAS (Livro #8)
UM CÉU DE FEITIÇOS (Livro #9)
UM MAR DE ESCUDOS (Livro #10)
UM REINADO DE AÇO (Livro #11)
UMA TERRA DE FOGO (Livro #12)
UM GOVERNO DE RAINHAS (Livro #13)
TRILOGIA DE SOBREVIVÊNCIA
ARENA UM: TRAFICANTES DE ESCRAVOS (Livro #1)
ARENA DOIS (Livro #2)
DIÁRIOS DE UM VAMPIRO
TRANSFORMADA (Livro #1)
AMADA (Livro #2)
TRAÍDA (Livro #3)
DESTINADA (Livro #4)
DESEJADA (Livro #5)
PROMETIDA EM CASAMENTO (Livro #6)
JURADA (Livro #7)
ENCONTRADA (Livro #8)
RESSUSCITADA (Livro #9)
SUPLICADA (Livro #10)
DESTINADA (Livro #11)
Ouça a série O ANEL DO FEITICEIRO em formato audiobook!

Agora disponível em:

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Copyright © Morgan Rice 2013


Todos os direitos reservados. Exceto os permitidos, sujeitos à Lei de direitos autorais dos Estados Unidos de 1976, nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida; distribuída; ou transmitida, em qualquer forma ou por qualquer meio; ou armazenada em um banco de dados ou sistema de recuperação, sem a prévia autorização da autora.


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Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, empresas, organizações, lugares, eventos e incidentes ou são o produto da imaginação da autora ou são utilizados ficcionalmente. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência.


A imagem de capa é de  Bilibin Maksym e usada sob licença da Shutterstock.com.

 
“Será um punhal o que vejo diante de mim,
com o cabo voltado para a minha mão? Deixe-me apanhá-lo.
Não o apanhei ainda; no entanto ainda o vejo… ”
 
—William Shakespeare
Macbeth


CAPÍTULO UM

O Rei entrou aos tropeções em seus aposentos privados, o quarto girava e sua cabeça martelava sofrendo devido aos excessos com a bebida e às festividades da noite. Uma mulher cujo nome ele desconhecia agarrava-se a ele passando um braço por sua cintura, com sua blusa já quase removida, ela o levava com uma risadinha em direção a sua cama. Dois servos fecharam a porta detrás deles e desapareceram discretamente.

MacGil Não sabia onde estava sua rainha e nessa noite ele não se importava. Eles raramente compartilhavam o leito conjugal – com frequência, ela se retirava para seus aposentos privados, especialmente nas noites de festas, quando os banquetes se prolongavam muito. Ela sabia das indiscrições do marido e isso parecia não importar-lhe. Depois de tudo, ele era o rei e os reis MacGil sempre tinham governado fazendo pleno uso de seus privilégios.

Porém quando MacGil voltou-se para a cama ele sentiu o quarto dar voltas ainda mais rapidamente e repentinamente se desvencilhou da mulher. Ele já não estava mais a fim de estar com ela.

“Deixe-me só!” Ordenou ele afastando-a.

A mulher ficou parada ali entre surpresa e ofendida, então a porta foi aberta e os servos regressaram. Cada um deles tomou-a por um braço e ambos levaram-na para fora. Ela protestou, mas seus gritos logo foram abafados quando os servos fecharam a porta atrás dela.

MacGil sentou-se na borda da cama e descansou a cabeça em suas mãos, tentando fazer sua dor de cabeça parar. Não era comum que ele tivesse uma dor de cabeça assim tão cedo, antes que a bebida fizesse efeito, porém essa noite era diferente. Tudo havia mudado tão rapidamente; a festa tinha corrido tão bem; ele tinha sido servido com uma das carnes mais seletas e um vinho excelente quando aquele rapaz, Thor, tinha surgido e arruinado tudo. Primeiro foi sua intrusão, com aquele sonho bobo; logo, ele teve a audácia de derrubar o cálice das suas mãos.

Então aquele cão tinha de aparecer, lamber o vinho e cair morto na frente de todo o mundo. MacGil tinha estado perturbado desde aquele momento. A revelação o havia golpeado como um martelo: alguém tinha tentado envenená-lo; tentado assassiná-lo. Ele dificilmente poderia entender isso. Alguém tinha escapado de seus guardas, tinha passado pelos seus copeiros e provadores reais. Ele tinha estado a uma fração de segundo de distância da morte e isso o deixou completamente abalado.

 

Ele lembrou-se de ter visto Thor sendo levado para o calabouço e perguntou-se novamente se essa tinha sido uma ordem acertada. Por um lado, estava claro que não havia maneira de que o rapaz soubesse que o cálice estava envenenado se ele mesmo não tivesse colocado o veneno na bebida, ou de alguma maneira não fosse cúmplice do crime. Por outro lado, ele sabia que Thor tinha poderes profundos e misteriosos – muito misteriosos – e talvez ele tivesse dito a verdade: talvez ele tivesse mesmo tido uma visão em um sonho. Talvez Thor tivesse, de fato, salvado sua vida e talvez MacGil tivesse enviado para a masmorra uma pessoa verdadeiramente leal.

A cabeça de MacGil martelava com esses pensamentos enquanto ele permanecia ali sentado, esfregando a testa marcada, tentando resolver tudo. Mas ele tinha bebido demais nessa noite, sua mente estava muito entorpecida, seus pensamentos giravam em um turbilhão e ele sentia-se incapaz de chegar ao fundo de tudo. Fazia muito calor ali, era uma noite de verão abafada, seu corpo estava acalorado pelas horas de indulgência em comida e bebida e ele estava banhado de suor.

Ele estendeu a mão tirou seu manto, logo a camisa exterior e despiu-se para ficar apenas com uma camiseta. Ele limpou o suor da sua fronte e logo de sua barba. Logo, ele inclinou-se e tirou suas enormes e pesadas botas, uma de cada vez e enroscou os dedos dos pés ao sentir o ar atingi-los. Ele permaneceu sentado ali e respirava pesadamente, tentando recuperar o seu equilíbrio. Sua barriga tinha crescido hoje e lhe causava incômodo. Ele jogou as pernas para cima e deitou-se, descansando a cabeça no travesseiro. Ele suspirou e olhou para cima, para além dos quatro, postes, olhou para o teto e desejou que o quarto parasse de girar.

Quem iria querer me matar? Ele se perguntou, mais uma vez. Ele havia amado Thor como um filho e uma parte dele sentia que não podia ser o rapaz. Ele tentava imaginar quem mais poderia ser; que motivo poderia ter – e o mais importante: se tentariam assassiná-lo novamente. Ele estaria a salvo? Estariam certas as previsões de Argon?

MacGil sentiu seus olhos ficarem mais pesados ao perceber que a resposta estava além do alcance de sua compreensão. Se sua mente estivesse apenas um pouco mais clara, talvez ele pudesse esclarecer tudo. Mas ele teria de esperar pela luz da manhã para convocar seus conselheiros, para iniciar uma investigação. A pergunta em sua mente não era quem o queria morto – mas quem não o queria morto. Sua corte estava cheia de pessoas que cobiçavam seu trono. Generais ambiciosos; conselheiros manipuladores; nobres e lordes ávidos de poder; espiões; velhos rivais; assassinos do clã McClouds— e talvez até mesmo dos Selvagens. Talvez até mais perto do que isso.

Os olhos de MacGil piscaram quando ele começou a cair no sono, mas algo chamou sua atenção e ele os manteve abertos. Ele detectou um movimento e olhou para ver se os seus assistentes estavam ali. Ele piscou confuso. Seus assistentes nunca o deixavam sozinho. Na verdade, ele não podia lembrar quando havia sido a última vez que ele esteve sozinho naquele quarto. Ele não se lembrava de ter ordenado que o deixassem sozinho. E ainda mais estranho era o fato de que a porta de seu quarto estava completamente aberta.

Nesse mesmo instante MacGil ouviu um barulho que provinha de um canto distante do quarto, então ele virou-se e olhou. Ali, esgueirando-se ao longo da parede, vindo desde as sombras e iluminado pela luz das tochas, havia um homem alto e magro, vestindo uma capa preta e com um capuz ocultando seu rosto. MacGil piscou várias vezes, perguntando se ele não estaria vendo coisas. No início, ele tinha certeza de que eram apenas sombras, que era a luz bruxuleante das tochas pregando uma peça em seus olhos.

Mas um momento depois a figura estava vários passos mais perto e aproximava-se rapidamente de sua cama. MacGil tentou focalizar a vista na penumbra para poder ver quem era; instintivamente, ele começou a sentar-se e como velho guerreiro que era, ele levou a mão à cintura em busca de sua espada, ou pelo menos de seu punhal. Mas ele tinha se despido e não portava armas. Ele sentou-se em sua cama, completamente desarmado.

A figura avançava mais rapidamente agora, como uma cobra no meio da noite, aproximando-se cada vez mais e quando MacGil se sentou, ele pôde olhar para o rosto dela. O quarto ainda girava e sua bebedeira o impedia de compreender claramente, porém por um momento ele podia ter jurado que era a face de seu filho.

Gareth?

O Coração de MacGil foi inundado pelo pânico repentino enquanto ele se perguntava o que Gareth poderia estar fazendo ali, sem ser anunciado, a altas horas da noite.

“Meu filho?” Ele exclamou.

MacGil viu a intenção mortal em seus olhos e era tudo o que ele precisava ver – ele tentou dar um salto para fora da cama.

Mas a figura moveu-se muito rapidamente. Ela entrou em ação e antes que MacGil pudesse levantar a mão para  defender-se  viu o brilho reluzente do metal iluminado pelas tochas e rápido, muito rápido a lâmina de um punhal atravessou o ar penetrando em seu coração.

MacGil deu um grito, um grito estridente, cheio de angústia; ele surpreendeu-se com o som de seu próprio grito. Era um grito de batalha, um que ele havia ouvido demasiadas vezes. Era o grito de um guerreiro mortalmente ferido.

MacGil sentiu o metal frio, rompendo as costelas, forçando o caminho através de seus músculos, misturando-se com o seu sangue e em seguida, penetrando fundo, cada vez mais fundo; a dor era muito mais intensa do que ele jamais havia podido imaginar. Parecia que nunca pararia de penetrar. Com um grande suspiro, ele sentiu o sangue quente e salgado inundar a sua boca, sentiu sua respiração sufocar. Ele forçou-se a olhar para cima, para o rosto por trás da capa. Ele ficou surpreso: ele havia se enganado. Não era o rosto de seu filho. Era o de outra pessoa. Era alguém que ele reconhecia. Ele não conseguia se lembrar de quem era, Mas era alguém próximo a ele. Alguém parecido com seu filho.

Seu cérebro encheu-se de confusão quando ele tentou associar um nome ao rosto.

Quando a figura ficou sobre ele, segurando a adaga, MacGil de alguma forma conseguiu levantar a mão e empurrou o ombro do homem, tentando detê-lo. Ele sentiu uma onda de forças própria de um velho guerreiro aumentando dentro dele, sentiu a força de seus antepassados, sentiu que uma parte profunda dele, aquela que havia feito dele um rei, não se renderia. Com um empurrão gigante, ele conseguiu empurrar o assassino para trás, com toda sua força.

O homem era mais magro, mais frágil do que MacGil pensava e cambaleou para trás com um grito, tropeçando pelo quarto. MacGil, com um esforço supremo, conseguiu levantar-se, curvou-se e puxou o punhal do peito. Ele atirou-o pela sala e ele golpeou o chão de pedra com um ruído metálico, deslizou-se pela sala e chocou contra uma parede no fundo do quarto.

O homem, cuja capa tinha caído por trás de seus ombros, ergueu-se e olhou para ele com os olhos arregalados de terror quando MacGil começou a investir contra ele. Ele virou-se e atravessou o quarto, parando apenas o tempo suficiente para recuperar o punhal antes de fugir.

MacGil tentou ir atrás dele, porém o homem era muito mais rápido e repentinamente a dor aumentou, perfurando seu peito. Ele começou a sentir que perdia suas forças.

MacGil ficou ali, sozinho no quarto olhando para o sangue que jorrava do seu peito sobre as palmas de suas mãos. Então ele caiu de joelhos.

Ele sentiu seu corpo esfriar, inclinou-se para trás e tentou gritar.

“Guardas!” Ouviu-se o seu grito fraco.

Ele tomou fôlego e com uma agonia suprema, conseguiu elevar sua voz. A voz que outrora havia sido de um rei.

“GUARDAS!” Ele gritou com uma voz aguda.

Ele ouviu os passos que vinham de um corredor distante, aproximando-se lentamente. Ouviu uma porta abrir à distância e sentiu que alguém se aproximava dele. Porém a sala girou novamente e dessa vez não foi devido à bebida.

A última coisa que ele viu foi o frio chão de pedra, aproximando-se para encontrar o seu rosto.

CAPÍTULO DOIS

Thor agarrou a aldrava de ferro da imensa porta de madeira que estava diante dele e puxou-a com toda sua força. A porta abriu lentamente com um rangido e revelou os aposentos do rei. Thor deu um passo para dentro, sentindo os pêlos dos braços dele arrepiar ao cruzar o limiar. Havia uma grande escuridão ali, persistindo no ar como um nevoeiro.

Thor deu vários passos na câmara, ouvia o crepitar das tochas nas paredes enquanto ele caminhava em direção ao corpo que jazia em um amontoado no chão. Ele já tinha podido sentir que era o rei, que o rei havia sido assassinado – que ele, Thor, tinha chegado tarde demais. Thor não podia deixar de pensar onde estavam todos os guardas, por que não havia ninguém ali para resgatá-lo?

Os joelhos de Thor enfraqueceram quando ele deu os últimos passos até o corpo; ele se ajoelhou no chão de pedra, agarrou o ombro já frio e virou o corpo do rei.

Ali estava MacGil, seu antigo rei, deitado, com os olhos esbugalhados, morto…

Thor olhou para cima e de repente viu o servo do rei, de pé, ao lado dele. Ele segurava uma taça grande, adornada com pedras preciosas, era a mesma que Thor tinha reconhecido na festa, feita de ouro maciço e coberta de linhas de rubis e safiras. Enquanto olhava para Thor, o servo despejou o conteúdo dela lentamente sobre o peito do rei. O vinho salpicava todo o rosto de Thor.

Thor ouviu um barulho e virou-se para ver seu falcão, Estopheles, empoleirado no ombro do rei; ele lambia o vinho da sua face.

Thor ouviu um barulho e se virou para ver Argon, de pé, olhando-o severamente. Em uma mão ele segurava a coroa brilhante, na outra, seu cajado.

Argon aproximou-se e colocou firmemente a coroa na cabeça de Thor. Thor podia senti-la, seu peso afundando, encaixando confortavelmente, seu metal abraçando suas têmporas. Ele olhou para Argon com espanto.

“Agora você é o rei.” Argon pronunciou.

Thor piscou e quando abriu os olhos, diante dele estavam todos os membros da Legião, do Exército Prata, centenas de homens e rapazes juntos lotavam a sala, todos a sua frente. Todos eles se ajoelharam sincronizados e em seguida, curvaram-se diante ele, seus rostos fitando o chão.

“Nosso rei.” Pronunciou um coro de vozes.

Thor acordou com um sobressalto. Ele sentou-se ereto, respirando com dificuldade, olhando ao seu redor. Estava escuro e úmido ali e ele percebeu que ele estava sentado num chão de pedra, suas costas contra a parede. Ele piscou na escuridão, viu barras de ferro à distância e mais além delas, uma tocha flamejante. Então ele se lembrou: o calabouço. Ele tinha sido arrastado até ali, depois da festa.

Lembrou-se daquele guarda dando-lhe um soco na cara e percebeu que devia ter estado inconsciente, mas ele não sabia por quanto tempo. Thor sentou-se, respirando ofegante, tentando borrar de sua mente o sonho horrível. Tinha parecido tão real. Ele rezava para que não fosse verdade, para que o rei não estivesse morto. A imagem do rei morto estava alojada em sua mente. Thor realmente tinha visto alguma coisa? Ou era só sua imaginação?

Thor sentiu alguém chutar a sola do seu pé e olhou para cima para ver uma figura de pé sobre ele.

“Está na hora de acordar.” Disse uma voz. “Estou esperando há horas.”

Na penumbra, Thor distinguiu o rosto de um adolescente que tinha mais ou menos a sua idade. Ele era magro e baixo, com bochechas fundas e pele esburacada  e ainda assim, parecia haver algo gentil e inteligente por trás de seus olhos verdes.

“Eu sou Merek.” Ele disse. “Seu companheiro de cela. Por que você está aqui?”

Thor sentou ereto, tentando fazer funcionar seu raciocínio. Inclinou-se contra a parede, passou as mãos pelo cabelo e tentou lembrar-se, tentou juntar todas as peças do quebra-cabeça em sua mente.

“Disseram que você tentou matar o rei.” Merek continuou.

“Ele tentou matar o rei e nós vamos picá-lo em pedacinhos se ele alguma vez sair de detrás dessas grades”. Grunhiu uma voz.

Um coro de ruídos metálicos entrou em erupção, canecas eram golpeadas contra as barras das grades e Thor olhou para ver o corredor inteiro cheio de celas. Os prisioneiros de aparência grotesca esticavam o seu pescoço através das grades e sob a luz bruxuleante das tochas olhavam para ele com desprezo. A maioria deles com a barba por fazer e com escassos dentes na boca, alguns pareciam estar ali há séculos. Era uma visão horrível e Thor obrigou-se a desviar o olhar. Ele realmente estava ali embaixo? Estaria mesmo preso ali, com aquelas pessoas, para sempre?

 

“Não se preocupe com eles.” Merek disse. “Somos apenas você e eu nesta cela. Eles não conseguirão entrar. E eu não poderia me importar menos se você tivesse envenenado o rei. Se eu pudesse, eu mesmo o envenenaria.”

“Eu não envenenei o rei.” Thor disse indignado. “Eu não envenenei ninguém. Estava tentando salvá-lo. Tudo que fiz foi derrubar sua taça.”

“E como você sabia que o cálice tinha sido envenenado?” Gritou uma voz bisbilhoteira vindo do corredor. “Foi mágica, eu suponho?”

Ouviu-se então um coro de risadas ecoando com cinismo por todos os corredores das celas. “Ele é vidente!”Um deles gritou, zombando.

Os outros riram.

“Não, foi só um palpite de sorte!” Outro rugiu, para o deleite dos demais.

Thor olhou furiosamente, ressentido com as acusações, desejando dar a cada um, o que eles mereciam. Mas ele sabia que seria uma perda de tempo. Além disso, ele não tinha necessidade de defender-se diante desses criminosos.

Merek o estudava com um olhar que não era tão cético quanto o dos outros. Ele olhava como se  estivesse questionando Thor.

“Eu acredito em você.” Ele disse, calmamente.

“Você acredita?” Thor perguntou.

Merek deu de ombros.

“Afinal, se você fosse envenenar o rei, você seria tão estúpido como para avisá-lo sobre isso?”

Merek se virou e afastou-se dando alguns passos ao longo de seu lado da cela e sentou-se apoiado contra a parede, de frente para Thor.

Agora Thor estava curioso.

“E você, por que está aqui?” Ele perguntou.

“Eu sou um ladrão.” Merek respondeu um tanto orgulhoso.

Thor estava surpreso; ele nunca tinha estado na presença de um ladrão antes, um ladrão de verdade. Ele próprio nunca tinha pensado em roubar e sempre se admirava ao perceber que algumas pessoas o faziam.

“Por que você faz isso?” Thor perguntou.

Merek deu de ombros.

“Minha família não tem o que comer. Ela precisa comer. Não tenho qualquer escolaridade, ou alguma habilidade de qualquer tipo. Roubar é tudo o que eu sei fazer. Não roubo nada de importante. Na maioria das vezes só comida, ou tudo o que puder para obter comida. Eu me dei bem por anos. Então eu fui pego. Pra dizer a verdade, esta é a terceira vez que sou pego. A terceira vez é a pior de todas.”

“Por quê?” Thor perguntou.

Merek ficou calado, então balançou lentamente sua cabeça. Thor pôde ver seus olhos se encherem de lágrimas. “A lei do rei é estrita. Sem exceções. Eles castigam o terceiro delito decepando sua mão.

Thor estava horrorizado. Ele olhava para as mãos de Merek; ele ainda tinha as duas.

“Eles não vieram por mim ainda.” Merek disse. “Mas eles vão vir.”

Thor se sentia péssimo. Merek olhou para outro lado, como se estivesse envergonhado e Thor fez o mesmo, ele não desejava pensar nesse assunto.

Thor apoiou a cabeça em suas mãos, sua cabeça estava matando-o ao tentar conciliar seus pensamentos. Durante os últimos dias, ele se sentia como se estivesse em um redemoinho; tanta coisa tinha acontecido e tudo tão rapidamente. Por um lado, ele sentia uma sensação de sucesso, de vindicação: ele tinha visto o futuro, tinha previsto o envenenamento de MacGil e o tinha salvado disso. Talvez o destino, afinal de contas, podia ser mudado – talvez o destino pudesse ser alterado. Thor sentiu uma sensação de orgulho: ele tinha salvado seu rei.

Por outro lado, ali estava ele, no calabouço, incapaz de limpar o seu nome. Todas suas esperanças e sonhos foram despedaçados, qualquer chance de entrar para a Legião havia acabado. Agora ele seria sortudo se não tivesse de passar o resto de seus dias ali embaixo. Thor se afligia ao pensar que MacGil, quem o havia acolhido como um pai, o único pai verdadeiro que ele tinha tido, pensasse que Thor realmente tinha tentado matá-lo. Também lhe doía pensar que Reece, seu melhor amigo, pudesse acreditar que ele tinha tentado matar o seu pai. Ou ainda pior, Gwendolyn; ele pensou em seu último encontro – em como ela pensava que ele frequentava bordéis – e sentia como se tudo de bom na sua vida tivesse sido tirado dele. Ele se perguntava por que isso tudo estava acontecendo com ele. Depois de tudo, ele só tinha desejado fazer o bem.

Thor não sabia o que viria a ser dele; ele já não se importava. Tudo o que ele queria agora era limpar seu nome, para que as pessoas soubessem que ele não tinha tentado machucar o rei; que ele tinha poderes genuínos; que ele realmente previa o futuro. Ele não sabia o que seria de sua vida, porém ele sabia de uma coisa: de um jeito ou de outro, ele tinha de sair dali.

Antes que Thor pudesse terminar o pensamento, ele ouviu passos, botas pesadas pisando firme o seu caminho pelos corredores de pedra, então ele ouviu um barulho de chaves e momentos depois apareceu um carcereiro corpulento, era o homem que o havia arrastado até ali e dado um soco em seu rosto. Ao vê-lo, Thor sentiu uma oleada de dor em sua bochecha, pela primeira vez tomou consciência da dor e foi invadido por um intenso sentimento de repugnância.

“Vejam só se não é o pestinha que quis matar o Rei.” O carcereiro zombou, enquanto virava a chave de ferro na fechadura. Após soarem vários cliques, ele estendeu a mão e deslizou a porta da cela. Ele carregava algemas em uma mão e levava um pequeno machado pendurado em sua cintura.

“Você logo terá seu castigo.” Ele disse para Thor com desprezo, logo se virou para Merek e disse com um sorriso malicioso: “mas agora é sua vez seu ladrãozinho. Esta é a terceira vez. Sem exceções.”

Ele partiu para cima de Merek, agarrou-o com brutalidade, dobrou um dos braços dele atrás das costas, prendeu-o com uma das algemas e enganchou o outro par em um gancho na parede. Merek gritava, puxava o grilhão descontroladamente, tentando se libertar, mas era inútil. O guarda se pôs atrás dele e o sujeitou agarrando-o forte como o abraço de um urso, tomou sua mão livre e colocou-a sobre uma pequena plataforma de pedra.

“Isto vai te ensinar a não roubar.” Ele grunhiu.

Ele retirou o machado do seu cinto e levantou-o bem acima de sua cabeça, sua boca estava escancarada exibindo seus dentes horríveis enquanto ele grasnava.

“NÃO!” Merek gritou.

Thor ficou sentado ali, horrorizado, estava petrificado quando o guarda começou a baixar o machado apontando para o pulso de Merek. Thor percebeu que em poucos segundos, esse pobre garoto teria sua mão decepada para sempre, simplesmente por praticar pequenos furtos para ajudar a alimentar sua família. A injustiça de toda a situação o queimava por dentro e ele sabia que não poderia permiti-la. Simplesmente não era justo.

Thor sentiu um calor repentino percorrer seu corpo, então sentiu dentro de si um forte ardor que provinha de seus pés e que prosseguia até as palmas de suas mãos. Ele sentiu o tempo ficar mais devagar, encontrou a si mesmo movendo-se mais rápido do que o homem, ele sentiu cada instante de cada segundo, quando o machado do guarda permaneceu ali pendurado no ar. Thor sentiu uma bola de energia ardente provir da palma de sua mão e a lançou contra o guarda.

Ele observou espantado, como a esfera amarela saiu voando da palma de sua mão, atravessou o ar, iluminando a cela escura deixando um rastro e foi direto para o rosto do guarda. A bola de fogo o atingiu na cabeça e quando ela fez isso, ele deixou cair seu machado, saiu correndo em disparada pela cela, chocou contra uma parede e desabou no chão. Thor salvou Merek uma fração de segundos antes que a lâmina atingisse seu pulso.

Merek olhava para Thor com os olhos arregalados.

O guarda balançou a cabeça e começou a levantar-se para agarrar Thor. Porém Thor sentiu de volta o poder queimando através de seu corpo e quando o guarda pôs-se de pé e dirigiu-se a ele, Thor correu para a frente, saltou no ar e chutou o homem no peito. Thor sentia um poder que nunca tinha experimentado brotar por todo o seu corpo e ouviu o barulho de algo que se rompia quando o seu chute mandou o brutamontes pelos ares, fazendo-o ir contra a parede e dessa vez cair como uma trouxa no chão, verdadeiramente inconsciente.

Merek ficou ali chocado. Thor por sua vez, sabia exatamente o que devia fazer. Ele pegou o machado e rapidamente sujeitou a algema que mantinha preso a Merek contra a pedra e, com um golpe do machado a partiu. Uma grande faísca cortou o ar quando o elo da corrente foi partido. Merek encolheu-se, logo levantou sua cabeça e olhou para a corrente que pendia sobre seus pés e percebeu que estava livre.

Ele olhava para Thor boquiaberto.

“Eu não sei como agradecer a você.” Merek disse. “Não sei como você fez isso – seja como for, seja quem você for, ou seja o que você for – você salvou minha vida. Eu lhe devo uma. E isso é algo que eu levo muito a sério.”

“Você não me deve nada.” Thor disse.

“Errado.” Merek disse estendendo a mão e apertando o antebraço do Thor. “Agora você é meu irmão. Eu vou recompensá-lo. De alguma forma. Um dia.”

Com isso, Merek se virou, apressou-se em direção à porta aberta da cela e correu pelo corredor enquanto ouvia os gritos dos outros prisioneiros.

Thor olhou para os lados, viu o carcereiro inconsciente, a porta da cela aberta e soube que ele tinha de atuar rápido também. Os gritos dos prisioneiros estavam ficando mais fortes.

Thor saiu, olhou para ambos os lados e decidiu correr em direção contrária a Merek. Depois de tudo, os dois não poderiam ser agarrados ao mesmo tempo.