Ressuscitada

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“Scarlet?”, Ela perguntou, ouvindo o medo em sua própria voz.

Mas, antes que ela pudesse reagir, Scarlet fez uma careta, inclinou-se para trás e se lançou sobre Caitlin, suas presas foram em direção à sua garganta.

Caitlin acordou gritando, ainda sentada na cadeira. Ela levou as mãos até sua garganta e a esfregou com uma, enquanto a outra mão tentava afastar Scarlet.

“Caitlin? Você está bem?”

Depois de alguns segundos, Caitlin se acalmou e olhou para cima, percebendo que não era Scarlet. Era Sam. A princípio, ela estava confusa. Depois, ela percebeu, com um tremendo alívio, que ela tinha dormindo. Foi apenas um pesadelo.

Caitlin ficou ali, respirando com dificuldade. De pé, perto dela, estava Sam, com uma mão em seu ombro, parecia preocupado, e Polly. As luzes estavam acesas, e ela viu que estava escuro lá fora. Ela olhou para o relógio de seu avô e viu que era depois de meia-noite. Ela devia ter caído no sono na cadeira.

“Você está bem?”, Perguntou Sam novamente.

Agora Caitlin estava envergonhada. Sentou-se, limpando a testa.

“Desculpe acordá-la, mas parecia que você estava tendo um sonho ruim”, acrescentou Polly.

Caitlin lentamente se levantou e andou um pouco, tentando se livrar da visão terrível do sonho. Ele havia sido tão real, quase podia sentir a dor na garganta, onde ela havia sido mordida por sua própria filha.

Mas fora apenas um sonho. Ela precisava continuar dizendo a si mesma isso. Apenas um sonho.

“Onde está Caleb?”, Ela perguntou, se lembrando. “Você tem alguma notícia? Como foram as ligações?”

As expressões nos rostos de Polly e Sam lhe disseram tudo o que ela precisava saber.

“Caleb ainda está lá fora, procurando”, disse Sam. “Eu liguei para ele cerca de uma hora atrás. Está bem tarde. Mas nós queríamos lhe fazer companhia até ele chegar em casa.”

“Eu liguei para todos os amigos dela,” Polly entrou na conversa. “Um de cada vez. Consegui falar com a maioria deles. Ninguém viu ou ouviu nada. Estavam todos tão surpresos quanto nós. Eu até falei com Blake. Mas ele disse que não falou nenhuma vez com ela. Eu sinto muito.”

Caitlin esfregou o rosto, tentando se livrar das teias de aranha. Ela havia tido a esperança de acordar e descobrir que nada daquilo era real. Que Scarlet estava de volta em casa, em segurança. Que sua vida tinha voltado ao normal. Mas, ver Sam e Polly ali, em sua casa, depois da meia-noite, com rostos tão preocupados, lhe trouxe tudo de volta. Tudo fora real. Muito real. Scarlet estava desaparecida. E talvez não voltasse nunca mais.

Este pensamento atingiu Caitlin como uma faca. Ela mal podia respirar com esta ideia. Scarlet, sua única filha. A pessoa que ela mais amava no mundo. Ela não poderia imaginar a vida sem ela. Ela queria correr para fora, por todas as ruas, gritar e gritar contra a injustiça de tudo aquilo. Mas ela sabia que seria inútil. Ela só deveria se sentar ali e esperar.

De repente, houve um barulho na porta. Os três se levantaram, ansiosos. Caitlin correu para a entrada, torcendo para ver o rosto de sua filha adolescente.

Mas seu coração parou ao ver que era apenas Caleb voltando para casa, estava com uma expressão séria no rosto. Esta visão fez seu coração apertar ainda mais. Ele claramente não teve sucesso.

Ela sabia que era inútil, mas, de qualquer maneira, perguntou: “Achou alguma coisa?”

Caleb olhou para o chão, balançando a cabeça. Ele parecia um homem deprimido.

Sam e Polly trocaram um olhar e, em seguida, se aproximaram de Caitlin e cada um lhe deu um abraço.

“Eu estarei de volta logo de manhã cedo”, disse Polly. “Ligue se tiver alguma novidade. Mesmo que seja o meio da noite. Promete?”

Caitlin acenou de volta, muito atordoada para falar. Ela sentiu Polly abraçá-la, e a abraçou também, em seguida, abraçou seu irmão mais novo.

“Eu amo você, mana”, disse ele sobre seu ombro. “Aguente firme. Ela vai ficar bem.”

Caitlin enxugou algumas lágrimas e viu Sam e Polly saírem pela porta.

Agora, era só ela e Caleb. Normalmente, ela ficaria feliz de ficar sozinha com ele, mas, depois da briga, ela estava nervosa. Caleb, ela podia ver, estava perdido em seu próprio mundo de tristeza e remorso; ela também percebeu que ele ainda estava bravo com ela por ter expressado suas teorias para a polícia.

Era demais para Caitlin para suportar. Ela percebeu que tinha expectativas demais em relação ao retorno de Caleb, um pingo de otimismo que ele iria chegar e anunciar algo, alguma boa notícia. Mas vê-lo voltar assim, sem nada, absolutamente nada, só lhe trouxe mais sentimentos ruins. Scarlet esteve fora o dia inteiro. Ninguém sabia onde ela estava. Era mais que meia-noite e ela não tinha voltado para casa. Ela sabia que isso era um mau sinal. Ela nem queria imaginar as possibilidades, mas sabia que era muito, muito ruim.

"Eu vou para a cama", Caleb disse, então se virou e foi subindo os degraus.

Caleb sempre lhe dizia "boa noite", sempre pedia que ela fosse para a cama com ele. Na verdade, Caitlin não conseguia lembrar-se de uma noite em que não tivessem ido dormir juntos.

Agora, ele sequer lhe chamara.

Caitlin voltou para sua cadeira na sala de estar e se sentou ali, ouvindo as botas dele subindo as escadas, ouvindo a porta do quarto se fechando atrás dele. Era o som mais solitário que ela já havia escutado.

Ela começou a soluçar, e chorou por tanto tempo que ela perdeu a conta. Eventualmente, ela se encolheu como uma bola e ficou chorando em uma almofada. Lembrava vagamente Ruth chegando perto dela, tentando lamber seu rosto; mas era tudo apenas um borrão porque, logo, seu corpo torturado por tantos soluços caiu em um sono profundo e irregular.

CAPÍTULO TRÊS

Caitlin sentiu algo frio e úmido em rosto e abriu os olhos lentamente. Desorientada, ela olhou para sua sala de estar e depois para os lados; ela percebeu que tinha adormecido na poltrona. O quarto estava escuro e, pela tímida luz que vinha através das cortinas, ela percebeu que o dia estava apenas começando. O som da chuva torrencial batia contra o vidro.

Caitlin ouviu um gemido e sentiu algo molhado no rosto de novo, ao olhar para o lado, viu Ruth, de pé sobre ela, lambendo-a, chorando histericamente. Ela a cutucava com seu focinho molhado e frio e não parava.

Finalmente Caitlin sentou-se, percebendo que algo estava errado. Ruth não parava de choramingar, cada vez mais alto e, então, começou a latir para ela, ela nunca tinha a visto agir desta forma.

“O que foi, Ruth?”, perguntou Caitlin.

Ruth latiu novamente e, em seguida, se virou e saiu correndo da sala, em direção à porta da frente. Caitlin olhou para baixo e, sob a luz fraca, enxergou uma trilha de pegadas enlameadas em todo o carpete. Ruth deve ter saído, Caitlin percebeu. A porta da frente devia estar aberta.

Caitlin se levantou com pressa, percebendo que Ruth estava tentando lhe dizer alguma coisa, levá-la para algum lugar.

Scarlet, ela pensou.

Ruth latiu novamente, e Caitlin sentiu que era isso. Ruth estava tentando levá-la a Scarlet.

Caitlin correu para fora da sala, com o coração batendo. Ela não queria perder um segundo subindo as escadas para pegar Caleb. Ela atravessou a sala de estar pelo meio do salão e saiu pela porta da frente. Onde Ruth poderia ter possivelmente encontrado Scarlet? ela se perguntou. Ela estava a salvo? Ela estava viva?

Caitlin foi inundada com pânico quando irrompeu pela porta da frente, já entreaberta por Ruth, que tinha, de alguma forma, conseguido abri-la e saído na varanda da frente. O mundo estava tomando pelo som da chuva torrencial. Houve um trovão suave e retumbante e um clarão de relâmpago iluminando o céu e, sob a luz acinzentada, a chuva torrencial tocava o solo.

Caitlin parou no topo da escada, quando viu para onde Ruth estava indo. Ela foi tomada por terror. Outro relâmpago encheu o céu e, ali, diante dela, estava uma imagem que a traumatizou – uma que se fixou em seu cérebro, que ela nunca iria esquecer até o fim de sua vida.

Lá, deitada no gramado da frente, encolhida, inconsciente e nua, estava sua filha. Scarlet. Exposta na chuva.

Dando voltas nela, latindo loucamente, Ruth olhava para Caitlin e depois para Scarlet.

Caitlin explodiu em ação: ela desceu os degraus tropeçando, gritando de medo e correu para sua filha. Sua mente irrompeu em um milhão de cenários sobre o que poderia ter acontecido com ela, onde ela poderia ter ido, como ela poderia ter retornado. Se ela estava bem. Viva.

Os piores cenários possíveis passaram por sua cabeça ao mesmo tempo, enquanto Caitlin corria pela grama enlameada, escorregando e deslizando.

“SCARLET!” Caitlin gritou e outro trovão se uniu ao barulho.

Era o lamento de uma mãe fora de si com aquela dor, o lamento de uma mãe que não conseguia parar de chorar histericamente enquanto corria para Scarlet, então se ajoelhou ao lado dela, a pegou em seus braços e pediu a Deus com tudo o que tinha para que sua filha ainda estivesse viva.

CAPÍTULO QUATRO

Caitlin sentou ao lado de Caleb no quarto completamente branco do hospital, observando  Scarlet dormindo. Os dois se sentaram em cadeiras separadas, a poucos metros de distância um do outro, cada um perdido em seus próprios pensamentos. Ambos estavam tão emocionalmente esgotados, com tanto medo, que eles não tinham nenhuma energia para falar com o outro. Em todos os outros momentos difíceis do casamento, eles sempre haviam encontrado consolo um no outro; mas desta vez era diferente. Os incidentes do último dia tinham sido dramáticos demais, muito aterrorizantes. Caitlin ainda estava em choque; e ela sabia que Caleb também. Cada um  precisava processar tudo da sua própria maneira.

Sentaram-se em silêncio, observando o sono de Scarlet, o único barulho no quarto era o bipe das várias máquinas. Caitlin estava com medo de tirar os olhos de sua filha, temia que, se ela desviasse o olhar, ela a perderia novamente. O relógio sobre a cabeça de Scarlet marcava 08:00, Caitlin percebeu que ela estava sentada lá há três horas observando-a, desde que eles a admitiram no hospital. Scarlet não tinha acordado nenhuma vez desde que chegara.

 

As enfermeiras os tranquilizaram várias vezes de que todos os sinais vitais de Scarlet estavam normais, que ela estava apenas em um sono profundo, e que não havia nada para se preocupar. Por um lado, Caitlin estava muito aliviada; mas, por outro, ela realmente não acreditaria nisso até que ela visse por si mesma, até que visse Scarlet acordada, com os olhos abertos, a mesma Scarlet de sempre que ela conhecia – feliz e saudável.

Caitlin repassou em sua mente, mais de uma vez, os acontecimentos das últimas 24 horas. Mas não importava o quanto ela analisasse, nada fazia sentido – a não ser que ela pensasse na  mesma conclusão: que Aiden estava certo. Seu diário era real. Que sua filha era um vampiro. Que ela, Caitlin também havia sido um. Que ela tinha viajado de volta no tempo, tinha encontrado o antídoto e tinha escolhido voltar ali, naquela época e local, para viver uma vida normal. Scarlet era o único vampiro remanescente na Terra.

O pensamento aterrorizava Caitlin. Ela era extremamente protetora de Scarlet e determinou que nada de ruim aconteceria a ela; no entanto, ao mesmo tempo, ela também sentia uma grande responsabilidade para com a humanidade, sentia que, se tudo isso fosse verdade, ela não podia permitir que Scarlet espalhasse aquilo, que recriasse a raça dos vampiros mais uma vez. Ela mal sabia o que fazer, ela não sabia o que pensar, nem no que acreditar. O seu próprio marido não acreditava nela e ela não conseguia culpá-lo. Ela mesma mal acreditava.

“Mãe?”

Caitlin se endireitou quando viu os olhos de Scarlet se abrirem. Ela pulou da cadeira e correu para seu lado, assim como Caleb. Os dois pairavam sobre Scarlet quando ela abriu lentamente seus grandes e belos olhos, iluminados pelo sol da manhã que entrava pela janela.

“Scarlet? Querida?”, perguntou Caitlin. “Você está bem?”

Scarlet bocejou e esfregou os olhos com as costas das mãos, em seguida, virou lentamente  suas costas, piscando, desorientada.

“Onde estou?”, ela perguntou.

Caitlin foi inundada com alívio ao ouvir o som de sua voz; ela soava e parecia com a mesma Scarlet de sempre. Havia força em sua voz, força em seus movimentos, em suas expressões faciais. Na verdade, para a surpresa de Caitlin, Scarlet parecia completamente normal, como se ela tivesse apenas casualmente despertado após uma longa noite de sono.

“Scarlet, você se lembra de algo sobre o que aconteceu?”, perguntou Caitlin.

Scarlet se virou e olhou para ela, então lentamente se apoiou em um cotovelo, sentando-se parcialmente.

“Estou em um hospital?”, Ela perguntou, surpresa. Ela examinou o quarto, percebendo que sim. “Ai meu Deus. O que estou fazendo aqui? Eu fiquei muito doente?”

Caitlin sentiu uma sensação ainda maior de alívio em suas palavras – e em seus movimentos. Ela estava sentada. Ela estava alerta. Sua voz estava completamente normal. Seus olhos estavam brilhantes. Era difícil de acreditar que nada de anormal tivesse acontecido.

Caitlin pensou em como responder, quanto contar a ela. Ela não queria assustá-la.

“Sim, querida,” Caleb interrompeu. “Você estava doente. A enfermeira lhe mandou voltar da escola e nós a levamos para o hospital esta manhã. Você não se lembra de nada disso?”

“Lembro-me de ser enviada para casa da escola… de estar na cama, no meu quarto… depois…” Ela franziu a testa, como se estivesse tentando se lembrar. “…Isso é tudo. O que eu tinha? Febre? Tanto Faz. Eu me sinto bem agora.”

Caleb e Caitlin ambos trocaram um olhar confuso. Claramente, Scarlet parecia normal e não se lembrava de nada.

Devemos dizer a ela? Caitlin se perguntou.

Ela não queria aterrorizá-la. Mas, ao mesmo tempo, ela sentiu que ela precisava saber, precisava saber alguma parte sobre o que aconteceu com ela. Ela podia sentir que Caleb estava pensando a mesma coisa.

“Scarlet, querida”, Caitlin começou a falar, baixinho, tentando pensar nas melhores palavras, “quando você estava doente, você pulou da cama e correu para fora da casa. Você se lembra disso?”

Scarlet olhou para ela, com os olhos arregalados de surpresa.

“Sério?”, perguntou ela. “Corri para fora da casa? O que você quer dizer? Como, sonambulismo? Até onde eu fui?”

Caitlin e Caleb trocaram um olhar.

“Você realmente correu muito longe”, disse Caitlin. “Nós não conseguimos encontrá-la por um tempo. Nós chamamos a polícia e ligamos para alguns de seus amigos –”

“Sério?”, perguntou Scarlet, sentando-se direito e corando. “Você ligou para os meus amigos? Por quê? Isso é tão embaraçoso. Como você conseguiu os números deles?” Então ela percebeu. “Será que você invadiu meu celular? Como você pôde fazer isso?”

Ela recostou-se na cama, suspirando, olhando para o teto, exasperada.

“Isto é tão humilhante. Eu nunca vou conseguir passar por isso. Como é que eu vou enfrentar todos? Agora eles vão pensar que eu sou algum tipo de aberração ou algo assim.”

“Querida, eu sinto muito, mas você estava doente e não conseguimos encontrá-la –”

De repente, a porta do quarto se abriu e entrou um homem que era claramente o médico, exibindo autoridade, ladeado por dois residentes, cada um segurando pranchetas. Eles caminharam direto para a área na base da cama de Scarlet e leram o prontuário.

Caitlin estava feliz pela interrupção, por desarmar a briga.

Uma enfermeira os seguiu e caminhou até Scarlet, então levantou sua cama de hospital para uma posição sentada. Ela envolveu seu bíceps e leu sua pressão arterial, depois inseriu um termostato digital em seu ouvido e leu o resultado para os médicos.

“Normal”, ela anunciou ao médico, enquanto ele lia a prancheta, concordando com a cabeça. “A mesmo de quando ela chegou aqui. Nós não encontramos nada de errado com ela.”

“Eu me sinto bem,” Scarlet entrou na conversa. “Sei que eu estava doente ontem, eu acho que eu estava com febre ou qualquer outra coisa. Mas estou bem agora. Na verdade, eu realmente gostaria de ir para a escola. Eu tenho um monte de provas hoje. E alguns controles de danos para fazer”, acrescentou ela, olhando com raiva para seus pais. “E eu estou com fome. Posso ir agora?”

Caitlin estava preocupado com a reação de Scarlet, sua insistência em tentar apenas deixar tudo aquilo para lá e voltar à vida normal. Ela olhou para Caleb, esperando que ele pensasse o mesmo, mas ela sentia que ele também tinha o desejo de esquecer tudo o que acontecera e de  voltar à normalidade. Ele parecia aliviado.

“Scarlet”, o médico começou. “Está tudo bem se eu examiná-la e fazer algumas perguntas?”

“Claro.”

Ele entregou sua prancheta para um de seus residentes, tirou o estetoscópio, colocou-o no peito dela e auscultou. Ele, então, colocou os dedos em vários pontos no seu estômago, em seguida, estendeu a mão e tomou-lhe os pulsos e os braços e os dobrou em várias direções. Ele sentiu seus gânglios linfáticos, sua garganta e os pontos de pressão por trás de seus cotovelos e joelhos.

“Disseram que foram enviadas para casa da escola ontem com uma febre”, ele contou. “Como você se sente agora?”

“Eu me sinto ótimo”, respondeu ela, prontamente.

“Você pode me descrever como você estava sentindo ontem?”, ele pressionou.

Scarlet franziu as sobrancelhas.

“Está um pouco nebuloso, para ser honesta", disse ela. “Eu estava na aula e então comecei a me sentir muito mal. Minha cabeça doía e a luz feria meus olhos, eu me senti com muita dor… Lembro-me de estar sentindo muito frio quando cheguei em casa… Mas fora isso, é tudo um borrão.”

“Você tem alguma memória de ontem, de tudo o que aconteceu depois que você ficou doente?”, Perguntou.

“Eu estava conversando sobre isso agora mesmo com meus pais, eu não lembro. Sinto muito. Eles disseram que eu estava com sonambulismo ou algo assim. Mas eu não me lembro. De qualquer forma, eu realmente gostaria de voltar para a aula.”

O médico sorriu.

“Você é uma menina jovem, forte e corajosa, Scarlet. Admiro a sua ética de trabalho. Gostaria que todos os adolescentes fossem iguais a você”, disse ele com uma piscadela. “Se você não se importa, eu gostaria de conversar com seus pais por alguns minutos. E sim, não vejo nenhuma razão para que você não possa voltar para a escola. Eu vou falar com as enfermeiras e vamos começar a papelada para liberá-la.”

“Sim!”, comemorou Scarlet, cerrando seus pulsos de animação enquanto se sentava, seus olhos brilhavam.

O médico se virou para Caitlin e Caleb.

“Posso falar com vocês dois em particular?”

CAPÍTULO CINCO

Caitlin e Caleb seguiram o médico pelo corredor até o seu escritório grande e bem-iluminado, o sol da manhã entrava pelas janelas.

“Por favor, sentem-se”, disse ele com sua voz reconfortante e autoritária, apontando para as duas cadeiras na frente de sua mesa, após fechar a porta atrás deles.

Caitlin e Caleb se sentaram e o médico deu a volta na mesa, segurando seu arquivo e depois se sentou do outro lado de sua mesa. Ele ajeitou os óculos na ponta do nariz, olhando para algumas notas e, em seguida, tirou os óculos, fechou a pasta e empurrou-a para o lado. Ele cruzou as mãos e as descansou em seu estômago, inclinando-se ligeiramente para trás em sua cadeira enquanto estudava os dois. Caitlin sentia-se tranquilizada em sua presença, sentia que ele era bom no que fazia. Ela também gostou de como ele tinha gentil com Scarlet.

“Sua filha está bem”, começou ele. "Ela está absolutamente normal. Seus sinais vitais estão normais e estão assim desde que ela chegou, ela não mostra nenhum sinal de ter tido alguma convulsão ou qualquer distúrbio epiléptico. Ela também não mostra sinais de problemas neurológicos. Dado o fato de que vocês a encontraram despida, nós também a examinamos para detectar quaisquer sinais de atividade sexual – e não encontramos absolutamente nada. Também fizemos uma série de exames de sangue, os quais voltaram negativo. Vocês podem ficar tranquilos: não há absolutamente nada de errado com sua filha.”

Caleb suspirou de alívio.

“Obrigado, doutor”, disse ele. “Você não sabe o quanto significa para nós ouvir isso.”

Mas, por dentro, Caitlin ainda estava tremendo. Ela ainda não estava com uma sensação de paz. Se o médico lhe tivesse dito que, na verdade, Scarlet tinha alguma condição médica, ela teria, paradoxalmente, se sentido muito melhor, com uma sensação de tranquilidade: assim, pelo menos, ela saberia exatamente o que havia de errado com ela e poderia se livrar dos pensamentos sobre vampirismo.

Mas ouvir aquilo, que não havia nada de errado com a saúde dela, apenas aprofundou a sensação de medo de Caitlin.

“Então como você explica o que aconteceu?” Caitlin perguntou o médico, com a voz trêmula.

Ele se virou e olhou para ela.

“Por favor, diga-me: o que exatamente aconteceu?”, perguntou. “Eu só sei o que o arquivo diz: que ela estava com febre ontem à tarde, que foi enviada para casa da escola, que ela correu para fora da casa e que foi encontrada em seu gramado nesta manhã. É tudo verdade?”

“Há mais do que isso”, Caitlin falou bruscamente, determinada a ser ouvida. "Ela não só correu de casa. Ela…” Caitlin fez uma pausa, tentando descobrir como colocar em palavras. “Ela… se transformou. Seu nível de força – é difícil de explicar. Meu marido tentou impedi-la e ela o jogou do outro lado do quarto. Ela me arremessou também. E sua velocidade: nós a perseguimos e não conseguimos alcançá-la. Não foi uma ‘corrida para fora de casa’ comum. Alguma coisa aconteceu a ela. Algo físico.”

O médico suspirou.

“Sei que isso deve ter sido muito assustador para você”, disse ele, “como seria para qualquer pai. Mas posso garantir a vocês mais uma vez que não há nada de errado com ela. Encontramos episódios como este ao longo do tempo, especialmente entre adolescentes. Na verdade, existe um diagnóstico milenar para isto: Síndrome de Conversão. Anteriormente conhecida como ‘histeria’. Episódios assim podem sobrecarregar o paciente, eles podem experimentar uma onda de força e fazer coisas fora de si. O estado pode durar várias horas e, depois, muitas vezes eles retornam ao normal. É especialmente prevalente entre adolescentes do sexo feminino. Ninguém sabe a causa exata embora, geralmente, seja causado por um agente estressor. Scarlet teve alguma situação de estresse nos dias que antecederam o evento? Alguma coisa diferente? Qualquer coisa?”

 

Caitlin balançou lentamente a cabeça, ainda não conseguindo acreditar.

“Tudo estava perfeito em sua vida. A noite anterior fora seu décimo sexto aniversário. Ela nos apresentou seu novo namorado. Ela estava tão feliz quanto poderia estar. Não tinha nenhum estresse.”

O médico sorriu de volta.

“Isto é, ela não apresentou nenhum estresse que você pudesse ver – ou ela escolheu não revelar. Mas eu acho que você respondeu a sua própria pergunta: você disse que ela apresentou seu novo namorado. Você não acha que isso poderia ser estressante, aos olhos de um adolescente? A aprovação dos pais? Isso certamente poderia trazer à tona quaisquer estressores latentes. Para não falar que ela completou 16 anos. O colegial, a pressão dos amigos, as provas, vestibulares à vista… Há um grande número de potenciais fatores de estresse. Às vezes a gente nem sempre sabe o que pode ser. Talvez nem mesmo Scarlet saiba. Mas o importante é que não há nada com que se preocupar aqui.”

“Doutor”, Caitlin insistiu, com mais firmeza, “este não é apenas um ataque de histeria, ou seja o que for que você está chamando. Eu estou dizendo a você, alguma coisa aconteceu naquele quarto. Algo… sobrenatural.”

O médico olhou com firmeza e por um bom tempo para ela, arregalando os olhos.

Caleb interrompeu, inclinando-se para frente.

“Desculpe-me, doutor, minha esposa tem estado sob muito estresse ultimamente, como você pode perceber.”

“Eu não estou sob estresse”, Caitlin retrucou, soando muito nervosa e contrariando suas próprias palavras. “Eu sei o que vi. Doutor, eu preciso que você ajude minha filha. Ela não está normal. Algo aconteceu a ela. Ela está mudando. Por Favor. Deve haver alguma coisa que você possa fazer. Algum lugar para ela ser levada.”

O médico olhou para Caitlin, parecendo atordoado, por pelo menos dez segundos. Um silêncio pesado pairava no ar.

“Senhora Paine, ” ele começou lentamente, “com todo o respeito, eu trabalho na profissão médica. E medicamente, não há absolutamente nada de errado com sua filha. Na verdade, eu recomendo firmemente que ela volte para a escola hoje e deixe todo este incidente para trás assim que puder. E, quanto as suas ideias… Eu não quero ser arrogante, mas posso perguntar: atualmente, você já procurou alguém?”

Caitlin olhou para ele fixamente, tentando entender o que ele quis dizer.

“Atualmente, você está fazendo terapia, Sra. Paine?”

Caitlin corou, finalmente percebendo que ele estava dizendo. Ele pensava que ela estava louca.

“Não”, ela respondeu sem rodeios.

Ele balançou a cabeça lentamente.

“Bem, eu sei hoje o assunto é sua filha e não você. Mas quando as coisas se acalmarem, se me permitem, eu sugiro que você falar com alguém. Ele pode ajudar.”

Ele estendeu a mão, pegou um bloco e começou a rabiscar.

“Estou lhe dando o nome de um psiquiatra bem conceituado. O Dr. Halsted, um colega meu. Por favor, procure-o. Todos nós passamos por momentos de estresse na vida. Ele pode ajudar.”

Em seguida, o médico se levantou de repente e estendeu o papel para Caitlin. Ela e Caleb também ficaram em pé, mas enquanto ela esteve lá parada, olhando para o papel, ela não conseguia pegá-lo. Ela não estava louca. Ela sabia o que vira.

E ela não ia aceitar o papel.

O médico continuou segurando o papel por um bom tempo, sem jeito, com a mão trêmula, até que, finalmente, Caleb estendeu a mão e o pegou.

“Obrigado, doutor. E obrigado por ajudar minha filha.”

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