A Cidade Sinistra

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Maros cerrou os dentes, olhou para o pergaminho, depois fixou uma careta no recém-chegado, sua paciência diminuindo. Para dar o devido ao homem, ele não parecia ciente da reputação de Maros nem parecia nem um pouco intimidado pelo seu tamanho meio-jotunn; Maros poderia ter estendido o braço sobre o bar e esmagado o rosto do homem em um punho peludo se quisesse. Mesmo encurvado na baqueta alta, ele ainda se elevava acima do homem por mais de trinta centímetros.

“Aceitarei o café da manhã como uma cortesia também,” o homem acrescentou.

A careta de Maros aprofundou um pouco mais enquanto ele se levantava da banqueta, plantava as mãos grandes no balcão e ficava em pé ameaçadoramente. “E por que,” ele resmungou, “eu ofereceria a você todas estas generosidades, amigo?”

O estranho respirou fundo antes de responder. “Parece que, no meu cansaço, negligenciei me apresentar. Meu nome,” ele disse, parecendo completamente imperturbável enquanto levantava os olhos para encontrar os de Maros, “é Randallen Chiddari.”

“Ah.” Maros olhou para ele. “Então estou feliz que você esteja aqui. Alguns anos atrás – muitos anos atrás – parece que um dos nossos blades foi contratado para se dirigir ao mesmo território que três dos meus estão agora, executando o contrato da sua mãe. Aquele homem nunca retornou e é forte a minha suspeita de que ele foi contratado pela sua mãe ou talvez, um dos seus pais. Preciso falar com ela.”

Randallen bufou. “Nunca conheci os pais dela. A mãe dela está morta há cinquenta anos, enterrada no terreno da família em Eihazwood. Quanto a minha querida mãe, temo que ela não possa responder a nenhuma das suas perguntas.”

“Oh?” Maros franziu os lábios. “E por que seria isso?”

“Porque, bom mestre taverneiro, nas primeiras horas desta manhã ela perdeu todo o interesse em seu pequeno acordo. Ela está, para ser honesto, morta.”

Capítulo Seis

Duas Extremidades da Estrada

Maros deixou seus aposentos acima da sala comunal da taverna e desceu a escada, segurando o robusto corrimão enquanto mancava pelos degraus, um de cada vez.

Por que diabos eu ainda tenho a ala privada no andar de cima? Ele fez uma anotação mental para trocar a ala dos freeblades, que incluía os seus próprios aposentos e aqueles dos seus três amigos ausentes, com uma das alas de hóspedes do andar debaixo.

A meia dúzia de passos do final, ele parou e abafou um bocejo atrás da mão enquanto estudava a área pública. Somente três clientes estavam na sala comunal a esta hora da manhã. Todos eram hóspedes de pernoite, tomando um café da manhã solitário em mesas separadas.

A bota de Maros arranhava a pedra enquanto ele arrastava a perna arruinada pelos degraus restantes. Seus olhos se fixaram em um hóspede em particular, que desviou o olhar do seu café da manhã e acenou com a cabeça em uma saudação sombria. Randallen Chiddari segurava um dos famosos whitesands de Luthan sobre um prato, um fio de molho escorrendo de uma fatia grossa de carne que se projetava entre as fatias crocantes de pão. Maros sussurrou um xingamento cansado enquanto se aproximava.

A porta da cozinha se abriu quando ele passou e foi cumprimentado com um sorriso desdentado da atendente que surgia. “Dia, Diela,” ele disse, retribuindo o sorriso.

“Dia, chefe. Café?”

Ele assentiu.

“Irei trazê-lo imediatamente.”

Maros alcançou a mesa de Randallen e olhou para seu hóspede. “Mestre Chiddari, posso sentar?”

Randallen abandonou seu whitesand no prato e olhou para cima. “Por favor, faça isso,” ele disse categoricamente.

Maros podia sentir o mal humor do homem. Deuses, ele pensou, como eu odeio a diplomacia que acompanha ser o Oficial da Guilda. “Meus agradecimentos,” ele disse. Ele se abaixou em uma baqueta no lado oposto, reprimindo um estremecimento enquanto deslocava o pé para uma posição mais confortável. Deveria colocar um assento do tamanho de Maros em cada mesa para evitar momentos como este. Contorcendo-se no assento baixo, ele pigarreou. “Mestre Chiddari...”

Randallen revirou os olhos. “Não tenho paciência para esta bobagem. Sou um aldeão. Em Balen, todos me chamam de Ral, até mesmo aqueles com quem tenho uma antipatia mútua. Pediria a você para fazer o mesmo.”

Então, ele quer falar de maneira simples esta manhã. Posso viver com isso. “Muito bem, Ral.” Maros apontou para a comida parcialmente consumida no prato do homem. “O que você achou do seu café da manhã?”

Randallen lançou um olhar inexpressivo para ele. “Você teve tempo de considerar nosso problema?”

“Não fiz mais nada a noite toda,” Maros disse. “Incluindo dormir.”

“Com isso eu posso me identificar.”

Maros enfiou a mão no bolso do seu colete e produziu um pergaminho, desdobrou-o e colocou-o sobre a mesa. “O contrato entre sua mãe e a Guilda dos Freeblades é pela descoberta e recuperação de uma joia funerária que pertence à família Chiddari.”

“Sim, sim. E há quinhentos dari de prata da minha mãe em seus cofres.”

Maros assentiu. “Reservados para os freeblades que assumiram o contrato.”

“O que nos leva ao problema.” Randallen reprimiu um suspiro quando Diela chegou à mesa.

“Aqui está, chefe.” Diela colocou uma caneca fumegante de café na frente de Maros. Ele tomou um gole da bebida quente e suspirou satisfeito, assentindo em agradecimento.

Quando a atendente foi cuidar das suas tarefas, Randallen ergueu uma sobrancelha. “O problema?”

“Como eu expliquei para você ontem à noite, um contrato não expira no caso da morte do cliente.” Maros fez uma pausa para tomar outro gole de café. “Realmente lamento ouvir sobre sua mãe. Ela parecia uma...”

“Já estive nesta taverna por tempo demais,” Randallen disse bruscamente. “Portanto, por favor, me poupe dos clichês e vamos concluir este negócio. Você tem em sua posse uma quantia de dinheiro que, por acaso, é a grande maioria das economias de vida da minha mãe. Você compreende o que isso significa?”

“Estou começando.”

“Significa que eu, como o filho e único herdeiro da minha querida Mãe, de repente me encontro sem nenhuma herança. Isso é completamente inaceitável. Tenho uma esposa e duas filhas. Cuidei da minha mãe o quanto pude. Quando eu morrer, minha esposa e minhas filhas receberão qualquer coisa que eu conseguir acumular na minha vida, enquanto que eu, subsequentemente, mereço as economias da minha mãe.”

Maros franziu os lábios, considerando o ponto. “Seguindo os termos dos contratos e políticas da guilda,” ele disse com cuidado, “pagamentos só podem ser devolvidos se um contrato não é cumprido. Neste caso, um total de noventa por cento seria devolvido ao beneficiário.”

“Oh.”

“De fato. Mas devo avisá-lo e temo que esta parte você pode não gostar…” Maros pegou o contrato da mesa e levou ao rosto, semicerrando os olhos para a sua própria escrita até que encontrou a seção que queria. Virando o papel, ele o colocou na frente de Randallen e tocou um dedo no parágrafo relevante. “Vê aqui? Você notará que sua mãe não nomeou nenhum beneficiário. Tecnicamente, isso significa que não sou obrigado a aceitá-lo como tal. Contudo...”

“O quê? Você sequer a encorajou a dar um nome?”

Maros deu um sorriso insensível. “Se um cliente deseja nomear um beneficiário, pode fazê-lo, mas não é uma parte essencial do acordo. Se sua mãe tivesse você em mente, ela teve todas as chances de mencioná-lo.”

“Ora, a ingrata…” As bochechas de Randallen brilhavam de raiva enquanto ele encarava o pergaminho.

“É um dilema,” Maros disse. “Com isso eu concordo. Conversamos sobre seu problema, mas você deve perceber que a moeda tem dois lados.” Ele inclinou-se para frente e abaixou a voz. “Tenho três pessoas boas arriscando suas vidas ao se aventurar em um lugar que ninguém esteve em séculos, um dos poucos em toda Himaera a carregar o símbolo da Caveira. Meus freeblades – minha família – viajaram para a Cidade Sinistra para encontrar a herança da sua mãe. Os perigos em potencial, tenho certeza que você concordará, são inimagináveis.” Ele cutucou um dedo no pergaminho. “Este contrato é um seguro contra meus freeblades perdendo suas vidas durante seu empreendimento. Você perdeu sua mãe. Isso é lamentável. Mas se meus freeblades não retornam das Terras Mortas...”

“Isso não é problema meu! Ninguém os obrigou a aceitar o contrato.”

“Mestre Chiddari.” Maros se levantou e pairou sobre a mesa. “Você tem a tendência de me interromper. Se você não tivesse feito isso, já teria me ouvido dizer que estou considerando aceitá-lo como beneficiário em vez da sua mãe. Por favor, note que eu disse considerando. Se você aceita ou não, depende de você. Da maneira que eu vejo isso, você tem uma opção. Se meu pessoal retornar com a herança – o que eles farão se ela existir ou morrerão tentando – eu o aconselharia a aceitá-la graciosamente deles. Se eles não retornarem...”

“Isso é inaceitável!” O rosto de Randallen tremeu com a raiva reprimida. “Exijo que você...”

Os nós dos dedos de Maros estalaram quando ele cerrou os punhos e apoiou-os na mesa. A madeira rangendo sob seu peso foi o único som na sala comunal. “Você não exige nada da Guilda dos Freeblades, homenzinho. Mais uma faísca de atitude repulsiva de você e não somente esquecerei sobre acrescentá-lo ao contrato, também irei arremessá-lo através das portas da taverna. Não me teste mais.”

Maros respirou fundo para se recompor, satisfeito em ver Randallen engolir o nó em sua garganta. A mensagem parecia ter sido levada adiante.

“Pense sobre isso,” Maros disse, abaixando a voz mais uma vez. “A joia será sua. Não posso dizer se vale mais ou menos do que as economias da sua mãe, mas apostaria que provavelmente chega perto. Se você quer tanto o dinheiro, faça um favor a si mesmo e venda a maldita coisa. Tenho certeza que você encontraria um comprador em Baía Brancosi. Eu poderia até mesmo colocá-lo em contato com alguns em potencial, por uma pequena taxa, é claro.”

 

Apesar da raiva diminuída de Randallen, a derrota estava em seus olhos quando ele os abaixou para a mesa. “Receio que vender a joia estará fora de questão.”

“Por quê?”

“Porque...” — Randallen respirou fundo — “Minha mãe foi enfática que a joia estivesse com ela quando ela morresse. Este era seu único objetivo ao querer a maldita coisa em primeiro lugar. Esperava que, com seu falecimento…”

“Então você está tentando recuperar o dinheiro porque acredita que o contrato está anulado, é isso?”

“Talvez.” O rosto de Randallen era uma máscara inflexível.

“Bem” — Maros deu de ombros — “Lamento dizer que este não é o caso. Sua mãe pode ter perdido este barco em particular, mas o contrato permanece. A joia será sua para fazer o que quiser.”

Randallen balançou a cabeça. “Não. Ela não queria simplesmente estar de posse da joia antes de morrer.”

“Você está dizendo que ela queria ser queimada com ela?” Maros deu uma risada. “Se você está disposto a jogar algo deste valor na pira funerária, então isso é problema seu.”

“Oh, é pior do que isso. Muito pior. Veja, meu querido, minha mãe quer a maldita joia jogada no chão. Para quê? Para ser desenterrada em uma centena de anos por algum garimpeiro afortunado? Ela não se beneficiará disso e eu certamente não irei!” Randallen respirou fundo. “É maldito desperdício sem sentido.”

Maros deu de ombros. “Não é um pedido insensato. As pessoas têm seus bens enterrados com suas cinzas o tempo todo.”

Randallen sugou o ar através dos dentes. “Eu disse alguma coisa sobre cremação?”

Maros franziu o cenho. “Bem, eu… Oh.”

“Sim.” Randallen sorriu friamente e enfiou a mão no sobretudo. Ele retirou o rolo de pergaminho da noite anterior e brandiu-o para Maros. “Está tudo aqui. Os últimos desejos de Mãe. Ela não vai ser cremada, ela vai ser enterrada.”

Renfrey balançou na banqueta em sua mesa habitual ao longo da parede lateral da sala comunal do Mascate Solitário. Ainda não era meio-dia e ele já tinha perdido a conta de quantas canecas de Redanchor havia consumido. Em seus dias de folga do moinho, ele bebia cedo para evitar as multidões. No momento em que os clientes noturnos chegassem, ele estaria em casa e dormindo para se recuperar até duas horas antes do amanhecer. Depois sairia para o trabalho, transportando e amarrando sacos de grãos, levantando os sacos nas carroças dos fazendeiros, liberando as engrenagens que giravam o moinho de torrões de farinha e sujeira e limpando a merda da represa e do lago. Pelos deuses, era um trabalho miserável, mas pagava pela cerveja.

Renfrey gostava da sua privacidade. Um homem poderia se sentar sozinho e gracejar à distância, se quisesse. Não que houvesse qualquer gracejo acontecendo entre a dúzia, mais ou menos, de clientes no Mascate. O mercador pretensioso e imbecil no canto tinha um par de guarda-costas corpulentos fazendo-lhe companhia. Os dois lenhadores comendo tranquilamente uma refeição no lado mais distante da sala comunal realmente não pareciam divertidos. E depois havia os freeblades.

Não mijaria neles se eles precisassem de um banho. Ele franziu o cenho para sua caneca de Redanchor, depois tomou um gole da cerveja forte e colocou a caneca de volta na mesa com um baque. Líquido formou um arco na borda antes de espirrar de volta para dentro. “Aye,” Renfrey disse com a fala arrastada, “chegar onde pertencemos, apodrecemos…”

Seu olhar percorreu a sala, os freeblades que estavam absortos em uma conversa discreta, o enorme garçom desajeitado e finalmente pousando na atendente limpando a mesa no centro da sala. Pernas bonitas naquela. Cremosas. Macias. Tetas bonitas também. Coisinhas atrevidas, elas eram, pressionadas para cima pela sua roupa, pequenas, mas ainda conseguiam derramar sobre o vestido. Mas o rosto não era grande coisa para olhar. Renfrey olhou lascivamente para a suavidade ao redor da cintura da garota.

A criada levantou o olhar do seu trabalho e pegou-o olhando para ela. Ele sorriu e ela sorriu de volta.

Oh, aye, eu entraria no cio com aquela como um porco, ele pensou, observando seu traseiro balançar enquanto ela se afastava. Ele lambeu os lábios e lambeu um espaço entre os dentes.

A conversa da mesa dos freeblades flutuou e Renfrey murmurou uma maldição. Freeblades poderiam apodrecer no Inferno no que lhe dizia respeito, até o último dos presunçosos arrogantes ladrões de mulheres. Eles eram um flagelo na cidade. Se houvesse outra taverna em Alder’s Folly, ele estaria bebendo lá em vez de no Mascate. Ele tomou um gole da cerveja e ouviu suas palavras.

“…aquela quantia de dari…”

“…não teria aceito, sozinho…”

“Maros diz…”

“E se há verdade nisso?”

“Malditos freeblades,” Renfrey disse com a fala arrastada. “Bons para porra nenhuma.”

Um deles, um sujeito barbado um pouco mais jovem do que Renfrey, olhou para trás rapidamente, mas continuou a conversar com seus companheiros.

“Aye, continue,” Renfrey disse, sua voz se elevando. “Falando nada além de besteiras é o que ocês estão fazendo!” Isso chamou a atenção deles.

“Peço desculpas, Ren,” aquele com a barba disse. “Estamos te ofendendo de alguma maneira?”

Renfrey não sabia o nome do bastardo. Mas não gostou que o idiota soubesse o dele. “Me ofendendo?” Ele bateu a caneca na mesa, cambaleou na banqueta e se firmou. “Aye, eu diria que estão.”

“Como estamos fazendo isso, Mestre Renfrey?” a jovem ao lado do rosto barbudo disse.

Mestre? Maldito Mestre agora, eu sou? Não tinha visto aquela putinha madura por aqui antes. “Bem, agora, garota, imagino que poderíamos começar com ocê não me chamando de Mestre.” Ele olhou para o barbudo ao lado dela. “Ou Ren, no que diz respeito a isso. Que tal isso?”

Enquanto os freeblades trocavam olhares, uma voz retumbante ecoou atrás do bar. “Você mantenha sua voz baixa agora, Renfrey. Você conhece as regras.”

Ele voltou sua atenção para o bruto feio que pairava como um carvalho atrás do balcão de serviço. “Não é da sua conta, garçom. Deixe que eu e este grupo discutamos sobre isso, por que não?”

“Ah.” O mestiço cruzou os braços. “Então seria garçom agora, não é? Me rebaixou, não é?”

“Você o quê?” Renfrey franziu o cenho enquanto o sorriso do idiota dividia amplamente seu rosto cheio de cicatrizes. Maros, ele pensou. Aye, este é o seu nome. Nunca me importei muito desde que ele continuasse servindo a cerveja.

“Vou te dizer o quê,” Maros disse e Renfrey percebeu que o balbucio de conversa na sala tinha silenciado, “Vou permitir que você me chame de mestre taverneiro, apenas uma vez. Que tal isso, grandão?”

Renfrey caiu na gargalhada, cuspe voando da sua boca. “Que tal eu continuar chamando ôce de garçom? Que tal isso, garçom? Ouvi dizer que outrora eles chamavam ôce de A Montanha. Não parece tão poderoso agora, não é? Acho que ôce caiu, é o que eu imagino.”

Maros semicerrou os olhos. Lenta e deliberadamente, ele se levantou completamente. “Sim, a Montanha caiu,” ele disse em uma voz controlada, “mas ainda não terminou de cair.”

Renfrey zombou. “Ouvi dizer que foi uma criatura que derrubou ôce, como o boi que estuprou sua mãe.” Ele estendeu a mão para a caneca, mas as juntas dos dedos pegaram a borda. O receptáculo de bronze inclinou, derramando seu conteúdo em uma poça espumosa na mesa. Ele observava enquanto a caneca rolava da beirada e caía no chão.

BOOM. Arranhar. BOOM. Arranhar…

Ele olhou para cima para encontrar a fonte da comoção. O garçom levantou a portinhola no final do balcão de serviço, mancou para a sala comunal e foi direto para Renfrey.

“Merda.”

“Você sabe o que acontece com pequenos manés moles e fracos que ficam no caminho de uma Montanha caída?” Arranhar. BOOM. Maros elevava-se acima de Renfrey. “Eles quebram.”

Duas mãos enormes o levantaram no ar. Ele enterrou os dedos nos antebraços semelhantes a troncos de árvores. Sua cabeça flutuou e o monstro debaixo dele se confundiu em dois. “Maldito ogro!” ele gritou. “Socorro!” O conteúdo do seu estômago ameaçou evacuar quando ele foi balançado em uma direção, depois na outra.

“Você está fora!” o ogro retumbou em seu ouvido.

Ele estava voando. Ele estava realmente voando. Luz brilhante explodiu em sua visão e ele percebeu vagamente que estava olhando para o sol.

“Doce Aveia sagrada!” ele gritou. Então ele bateu na terra, engoliu uma espuma de cerveja e caiu inconsciente.

Frustração brotava em Maros com cada minuto que passava. Os clientes restantes do Mascate tinham sido removidos e ele tinha puxado o trinco sobre as portas da taverna para impedir qualquer intrusão adicional. As únicas pessoas na sala comunal eram Henwyn e Leaf, que tinham sofrido os abusos de Renfrey, sentados com Luthan em uma das suas raras pausas da cozinha

Ele agarrou sua banqueta e atravessou mancando para se juntar a eles. “Termine esta frase,” ele disse a Leaf. “Quando um freeblade tem um palpite…”

Com um sorriso, Leaf olhou para os quatro homens. “Normalmente ele está certo.”

Henwyn riu. Para Maros, ele disse, “Você está falando sobre Jalis e os outros novamente.”

Maros assentiu.

“Olhe,” Henwyn disse, “Não tenho vagas abertas e ficarei sem Leaf enquanto ela estiver em Baía Brancosi. Se isso te deixar à vontade, posso ir encontrá-los. Vai te custar uma pequena parcela, é claro.”

Luthan apoiou os cotovelos na mesa. “Se você contratasse uma carroça, você os alcançaria em poucos dias.”

Maros refletiu sobre isso. Eu os coloquei nisso ao aceitar o contrato em primeiro lugar. Se tiver de trazê-los de volta nos ombros de alguém, será nos meus. Consegui ir a Balen e voltar, posso muito bem me aventurar nas Terras Mortas.” Ele pegou Henwyn trocando olhares com Luthan, enquanto Leaf virava-se casualmente para encarar o outro lado da sala. “Oh, eu sei o que vocês três estão pensando. Vocês estão pensando que não há uma chance no Inferno que eu pudesse alcançá-los.”

“Se você me permite ser franco,” Luthan disse, “Creio que será bom para você, ah, esticar suas pernas, por assim dizer. Prefiro isso do que observar você ficar sentado aqui e se estressar sobre nossos amigos até que você coloque um homem no chão.”

“O que isso quer dizer?”

“Vamos lá, chefe. Você sabe que poderia ter lidado com Renfrey com um pouco mais de decoro. O homem pode ser uma maré de diarreia verbal e um desperdício de cerveja boa, mas ele é um cliente regular e seus bolsos são fundos.”

“Hmph. Já estava mais do que na hora disso acontecer com aquele idiota.”

“Talvez sim, mas a probabilidade permanece ... você não descansará até saber que Jalis e os outros estão seguros e uma taverna não é o lugar para ficar de cabeça quente. Estou dizendo isso como um amigo. Quando você me pediu para me juntar a você como seu cozinheiro, vim até aqui desde Aster porque eu tinha fé em você como um mestre taverneiro, embora você não tivesse experiência anterior na tarefa. De qualquer maneira, eu tenho fé em você agora.”

Maros grunhiu. “Aprecio o voto de confiança.”

Henwyn levantou a mão. “Pelo menos deixe-me acompanhá-lo. Prefiro estar na estrada do que ficar aqui esperando que um trabalho apareça.”

“Ha! Hen, você é o mais antigo de todos nós. Ficaria feliz se você me acompanhasse. Além disso, reconheço que preciso de um arqueiro se eu tiver uma possibilidade remota de colocar carne no fogo. Mas o melhor que eu posso lhe oferecer é um décimo dos dez por cento da taxa de não recuperação.”

Henwyn deu de ombros. “Isso é mais do que uma oferta justa. Mas se fosse Fenn em vez de Jalis, eu insistiria em muito mais.”

Maros sorriu com força. “Se fosse Fenn, não estaríamos tendo esta discussão.”

“Se isso está resolvido,” Luthan disse, “então não quero você se preocupando com a taverna enquanto estiver ausente. Cuidarei dela em seu lugar – sim, inclusive além das minhas tarefas na cozinha.”

Henwyn bebeu o resto do seu vinho e se levantou. “Vou indagar na cidade sobre uma carroça. Se nenhum daqueles que tiverem uma estiverem dispostos a ajudar, escolherei aquela que eu menos gostar e farei isso acontecer. Leaf, aqui está seu formulário de solicitação para a sede. Ela vai partir em breve. Certo, garota?”

 

Leaf levantou-se para ficar ao lado dele. “Minha bolsa já está pronta. Apenas preciso pegá-la na casa da guilda.”

“Boa sorte,” Maros disse a ela. “E não demore.”

Leaf sorriu. “Nunca faço isso.” Com uma piscadela para Henwyn, ela atravessou a sala e deslizou pelas portas da taverna.

“Ela tem mais potencial do que a maioria dos novatos,” Maros disse. “E um ótimo professor em você, Henwyn. Não poderia pedir por um grupo melhor. Isso inclui você, Luthan.”

“Ei, agora.” O cozinheiro empurrou a cadeira para trás e endireitou seu avental. “Não vá ficando afável comigo, não quando tenho panelas para limpar.”

Jalis agachou-se, apontou e pressionou o gatilho da besta. Um instante depois, o balukha distante soltou um guincho de dor e deu alguns passos hesitantes para o lado, depois caiu.

Ela deu um sorriso satisfeito para os homens. “Consegui!”

“Bom tiro, moça,” Dagra disse.

Jalis sorriu. “Vivo para seus elogios, Barbudo.” Ela se levantou e fingiu uma reverência, completamente ciente de que o gesto estava fora de lugar com suas armas e traje surrado de viagem.

Enquanto ela corria para reivindicar o pássaro incapaz de voar, Oriken gritou para ela, “Isso nos abastecerá hoje à noite. Uma mudança de coelhos magrelos e bagas do pântano. Poderíamos muito bem fazer uma pausa aqui. O que você diz?”

O estômago de Jalis roncou em concordância. “Faça isso,” ela disse por cima do ombro enquanto alcançava o balukha moribundo. “Fiz a matança; vocês, homens, podem discutir sobre quem constrói a fogueira e quem prepara a carcaça.” Ela pegou a Silverspire da bainha na sua coxa e deslizou a lâmina fina no coração da criatura. Erguendo-a pelas pernas, ela voltou até os homens e largou-a no chão.

Caminhando até um monte de grama, ela sentou-se apoiada nele e colocou a Silverspire na grama ao seu lado. Ela vasculhou dentro da sua mochila procurando por um trapo e uma tira de couro, observando enquanto Oriken desembainhava sua faca de caça e ajoelhava-se diante da carcaça e Dagra se afastava para recolher lenha da margem de um matagal nas proximidades. Ainda havia muitas horas antes do anoitecer, mas agora era um bom momento para comer como outro qualquer.

Com um suspiro frustrado, ela gritou para os homens, “Não consigo encontrar minha tira. Algum de vocês a pegou emprestado?”

“A tira é sua.” Oriken fez uma pausa em seu trabalho para acariciar o sabre em seu quadril. “Você sabe que nunca lustro com esta coisa velha e esburacada.”

“A pedra de amolar está na mochila de Oriken,” Dagra disse enquanto se inclinava para recolher a madeira.

“Eu a pegaria para você,” Oriken disse, “mas estou até os pulsos em entranhas neste momento.”

“Esqueça. Vai aparecer.” Embolando o trapo, Jalis limpou a adaga e olhou distraidamente ao longo da Estrada do Reino a qual eles haviam se juntado novamente após atravessar o pântano. Os pântanos estavam bem atrás deles agora, mas pequenas áreas de pântano ainda pontuavam a paisagem inóspita. Por que alguém escolheria viver aqui era um mistério, a não ser que outrora a área tivesse sido um habitat mais gentil para fazendas e pastagens. Era óbvio que o pântano colossal nem sempre cobriu a estrada e Jalis se perguntava se alguém o criou, talvez escavando a terra a partir da costa, uma tentativa deliberada para dissuadir viajantes de continuarem para o sul. Neste caso, era um impedimento impressionante.

Ela terminou de limpar a Silverspire e embainhou a lâmina, em seguida descansou a cabeça na grama. Ela cochilou rapidamente, agitando-se algum tempo depois com o crepitar do fogo e o aroma da carne assando.

“Ah, a princesa acorda,” Oriken disse com uma piscadela enquanto Jalis se esticava no monte. “Bem na hora. Dag quase terminou com o pássaro.”

O fogo queimou até as brasas enquanto eles engoliam a carne branca e quente do balukha. Com os estômagos cheios, eles guardaram seus equipamentos novamente e retomaram sua viagem, seguindo o resto da estrada. As horas se alongaram, a esfera dourada de Banael percorrendo o céu azul.

Enquanto caminhavam, Jalis levantou o peso da mochila nas suas costas, depois beliscou sua blusa e afastou o material da sua pele pegajosa. “Deveria estar acostumada com este calor,” ela murmurou. “Estive em Himaera por muito tempo. Passei mais de vinte anos no Arkh, a maior parte deles em Sardaya. Comparado a isso, a temperatura aqui não é nada.”

“Bah.” À frente dela, Oriken trocou um olhar com Dagra e sorriu por cima do ombro. “Não há tal coisa como passar tempo demais em Himaera.”

Jalis zombou. “Isso vindo de um homem que nunca pôs os pés fora da sua terra natal? Perdoe-me se eu não aceitar sua palavra sobre isso.”

“Ei, todos nós pegamos a balsa para a Ilha de Carrados, lembra?”

“Como poderíamos esquecer?” Dagra disse. “Você vomitou no ajudante de convés.”

“Isso não foi culpa minha! Ninguém me avisou. Você não vai me colocar em um barco novamente, isso com certeza.”

Jalis balançou a cabeça. “Carrados não conta. Ainda é parte de Himaera. Mas boa tentativa, Garoto do Chapéu.”

Oriken agarrou a copa do seu chapéu e levantou-o para enxugar a testa. “A verdade é que apreciei nosso período com os monges naquela ilha. Se não fosse pelo oceano, não me importaria em deixar Himaera um dia para um pouco de recreação. Jalis faz Sardaya parecer meio sexy.”

“Sexy?” Jalis caiu na gargalhada. “Não iria tão longe. O cenário é lindo. Os homens e mulheres são atraentes, na maior parte. A cultura é rica. Mas também há a presença constante de marginais e tropas de Casacos das Cinzas passando de cidade em cidade coletando impostos. Além disso, embora a vida selvagem seja muito mais variada em Arkh, também são os monstros. E então há o... Ei!” Ela tropeçou em Dagra quando ele parou de repente. “Dag, cuidado! Não me diga que você já precisa de outra pausa?”

Dagra tocou seu ombro e apontou para frente. Com uma voz sombria, ele disse, “Creio que alcançamos nosso destino.”

Eles haviam superado uma pequena elevação na terra e diante deles um vale raso se abria a vista em todas as direções, sua borda subindo à distância. À direita, a quietude quase indiscernível do oceano flutuava na brisa quente do leste e à frente deles…

Oriken assobiou. “Agora aquilo é uma muralha.”

Uma linha escura dividia a charneca acima do vale, estendendo-se quase da costa ocidental para desaparecer atrás das colinas ondulantes no extremo leste. Os topos esbranquiçados pelo sol nas ameias, como dentes tortos projetando-se da mandíbula de um gigante impossível, lembravam Jalis de Cherak, o antigo deus de pedra. “Ok,” ela disse, a voz baixa em espanto, “Eu admito; aquela muralha é mais longa e mais feia do que qualquer uma na minha terra natal. Vocês, rapazes, me venceram neste quesito.”

Dagra apertou o pingente. “Esqueça a muralha,” ele disse com a voz rouca. “Olhe mais para trás. É a cidade.” Ele desviou um rosto pálido da vista para olhar para o caminho que eles tinham vindo.

Jalis protegeu os olhos do sol. Seu olhar flutuou além da muralha até a distância extrema, percorrendo a vista nebulosa. “Oh,” ela suspirou.

Acima e muito além das muralhas pontudas, os contrafortes sombrios do último vestígio da civilização dos Dias dos Reis se esparramavam, quase invisíveis, no horizonte nebuloso.

“A legendária cidade de Lachyla. Impressionante.” Oriken desviou os olhos da vista para olhar para Jalis. “Meio que coloca as coisas em perspectiva, não é?”

“O que você quer dizer?” Ela manteve os olhos nas torres e pináculos, os telhados arredondados que marcavam a paisagem como bolhas inchadas. A cidade de Lachyla era impressionante, mas saber que o lugar estava morto e vazio há séculos enviou um arrepio através dela.

“O que eu quero dizer,” Oriken disse, “é que nosso contrato para uma pequena bugiganga empalidece em comparação com …” Ele estendeu o braço para apontar para a cidade distante. “Com aquilo.”