A Última Missão Da Sétima Cavalaria

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Capítulo Onze

Quando o sol da manhã surgiu sobre a copa das árvores, Sparks puxou uma grande mala camuflada de dentro da caixa de armas e abriu as travas. Lá dentro, em um ninho de espuma, estava o Drone de Vigilância Dragonfly.

Os outros soldados vieram assistir enquanto ele cuidadosamente retirava a pequena aeronave da mala e a colocava na grama. Ele também pegou um controle joystick, um iPad, e várias baterias de lítio do tamanho de moedas.

“Parece mesmo uma libélula,” Kady disse.

“Sim,” Kawalski disse, “uma libélula do tamanho da sua mão.”

Sparks colocou uma bateria no compartimento da barriga da Dragonfly e verificou as asas para ter certeza de que elas se moviam livremente. Em seguida, ele colocou uma segunda bateria em um compartimento pequeno no controle. Ele ligou os interruptores no controle e no iPad, depois levantou a aeronave para inspecionar a câmera minúscula fixada abaixo da barriga. Conforme ele ajustava a câmera, uma imagem apareceu na tela do iPad.

Kady acenou, sua imagem no iPad também acenou. “Sim, somos nós.”

“Que bando de aparência terrível,” Kawalski disse.

“É,” Autumn disse, “e alguns deles tem um cheiro terrível, também.”

“Se vocês se moverem para longe do Paxton,” Lojab disse, “talvez sintam um pouco de ar puro.”

“Certo, meninos e meninas,” Sparks disse. “Agora a ciência esquisita toma o controle.” Ele ficou em pé e se afastou. “Dêm um pouco de espaço para ela. Estamos prontos para decolar.”

Um zumbido suave vinha das asas conforme Sparks mexia no controle. O som aumentou quando a Dragonfly subiu da grama.

“Karina,” Sparks disse, “pegue o iPad e segure ele aqui onde eu consigo ver.”


A aeronave subiu acima de suas cabeças. “Temos uma boa imagem, Sparks,” Karina disse. “Você consegue ver?”

Sparks olhou para o iPad, e de volta para a aeronave que continuava subindo. “Sim, está bom.”

Rapidamente a Dragonfly estava no nível das árvores, e Karina via o pelotão inteiro olhando para cima, exceto por ela, que observava a tela.

“Agora vamos ver onde estamos,” o sargento Alexander disse.

“Provavelmente vamos ver o mágico atrás de sua cortina verde,” Kawalski disse.

“Ou um cenário de filme gigantesco,” Kady disse.

A Dragonfly ia cada vez mais alto, mostrando florestas em todas as direções.

Todos assistiam ao vídeo na tela do iPad.

“Uau,” Lorelei disse, “olha só aquilo.” Ela apontou para a longa trilha atrás do exército. Se estendia por muitos quilômetros ao sudeste.

“E eles ainda estão vindo para o acampamento,” Kady disse.

“Onde está o rio?” Lorelei perguntou.

Sparks mexeu no controle, e a Dragonfly girou em direção ao norte.

“Aqui,” Kawalski disse.

“Você consegue ir mais alto, Sparks?” o sargento perguntou.

“Confira a altitude, Karina,” Sparks disse.

“Como?”

“Toque na parte de baixo da tela,” Sparks disse.

“Ah, aqui está,” Karina disse. “Você está a quatrocentos e cinquenta metros.”

“Ok, vamos mais alto.”

“Seiscentos metros,” Karina disse.

“Faça uma panorâmica,” o sargento disse.

A imagem no iPad girou.

“Uau,” Karina disse, “nunca tive visão tão limpa e clara.”

“Sem rodovias, sem cidades, sem torres de celular", Kawalski disse, "nenhuma estrutura feita pelo homem.”

“Espere aí,” o sargento disse. “Volte. Ali, quinze quilômetros ao norte. O que é aquilo?”

Sparks aproximou a imagem.

“Deve ser uma cidade,” Paxton disse.

“Uma aldeia,” Kady disse.

“Sim,” Karina disse, “e é grande.”

“Suba e aumente mais a imagem.”

“Novecentos e dez metros,” Karina disse.

“A que altura ela consegue chegar?” Kawalski perguntou.

“Uns mil e quinhentos metros,” Sparks disse.

“Estou vendo pessoas,” Paxton disse.

Sparks ampliou ainda mais.

“Ei, são aqueles cachorros.”

“Vocontii,” Autumn disse.

“Sim, é mesmo,” o sargento disse. “E tem centenas deles.” Ele olhou para cima mas não conseguia ver a Dragonfly. “Leve ela até mil e quinhentos.”

Todos assistiam ao iPad enquanto Sparks reduzia o zoom ao normal e a aeronave ia cada vez mais alto.

“Lá está o rio,” Autumn disse.

“É enorme,” Kady disse.

“Faça uma panorâmica pelo horizonte, Sparks,” o sargento disse.

“Olhem, um oceano,” Kawalski disse.

“Qual a distância?” Autumn perguntou.

“Provavelmente uns trinta quilômetros,” Sparks disse.

“Montanhas.”

“Montanhas com neve,” Kady disse.

“Uau!” Autumn disse. “Volte.”

Sparks parou a panorâmica e girou para trás.

“Amplie,” Autumn disse, “ali, foque naquela montanha.”

“Parece familiar,” Kawalski disse.

“E deveria,” Autumn disse. “É o Monte Cervino.”

“Puta merda!” Kawalski se inclinou mais perto da tela. “É o Monte Cervino!”

“Qual a distância, Sparks?” o sargento perguntou.

“Um…talvez duzentos e quarenta quilômetros.”

“Direção?”

“Nordeste.”

O sargento desenrolou seu mapa na grama. “Karina, me mostre o Monte Cervino neste mapa.”

Ela ajoelhou ao lado dele, analisando o mapa. “Aqui.” Ela apontou para um pico na cordilheira.

O sargento colocou o dedo no monte e mediu duzentos e quarenta quilômetros para o sudeste. “Aquele rio é o Ródano, e o oceano é o Mar Mediterrâneo.”

“Aqui,” Karina disse para Kady enquanto entregava o iPad da Dragonfly para ela, “segura isso.” Karina correu para pegar seu iPad na mochila, então ligou e começou a pesquisar.

“Sparks estava certo,” Autumn disse. “Estamos da Costa Azul.”

“Obrigado,” Sparks disse.

“Mas onde estão as estradas e as cidades?” Kawalski perguntou.

O sargento balançou a cabeça e estudou o mapa.

“Ei!” Karina disse enquanto voltava correndo para o grupo. “Olhem para os elefantes.”

“O quê?” o sargento perguntou.

“Mostre os elefantes no vídeo,” Karina disse.

Sparks girou a Dragonfly para olhar diretamente para baixo.

“Aproxime um pouco,” Karina disse.

Sparks mexia no controle.

“Ali! Pare!” Karina disse. “Alguém precisa contar os elefantes.”

“Por quê?” Kawalski perguntou.

“Apenas faça!”

Todos começaram a contar os elefantes.

“Trinta e oito.”

“Quarenta.”

“Trinta e oito,” Kady disse.

“Cinquenta e um,” Paxton disse.

“Paxton,” Lorelei disse, “você não conseguiria contar até vinte nem com a ajuda dos dedos dos pés.”

“Trinta e nove,” o sargento disse.

“Certo,” Karina disse enquanto lia algo em sua tela. “Podemos concordar que há aproximadamente vinte e seis mil soldados?”

“Não tenho certeza.”

“Milhares, de qualquer forma.”

“Eu acho que são mais de vinte e seis mil,” Lorelei disse.

“Escutem isso aqui, gente,” Karina disse. “Em 218 a.C.—”

Lojab riu. “218 a.C.! Sua palhaça boba, Ballentine. Você perdeu completamente a noção.”

Karina encarou Lojab por um segundo. “Em 218 a.C.,” ela recomeçou, “Aníbal levou trinta e oito elefantes, juntamente com vinte e seis mil soldados entre cavalaria e infantaria, dos Alpes para atacar os romanos.”

Muitos outros caíram na risada.

“Que bobagem,” Lojab resmungou.

“Então, Ballentine,” o sargento disse, “está me dizendo que fomos transportados de volta para 218 a.C. e caímos no exército de Aníbal? É isso que está me dizendo?”

“Estou apenas relatando o que vejo; o Rio Ródano, o Mar Mediterrâneo, os Alpes, alguém dizendo que este lugar se chama Gália, que é o antigo nome da França, sem rodovias, sem cidades, sem torres de celular, e todos os nossos relógios cinco horas adiantados". Ela olhou de volta para sua tela. “E eu estou lendo para vocês os fatos da história. Podem tirar suas próprias conclusões.”

Todos ficaram em silêncio enquanto assistiam à tela no iPad de Sparks. Ele diminuiu o zoom e fez uma panorâmica pelo horizonte, procurando por algum sinal de civilização.

“Os Vocontii eram os antigos habitantes do sul da França", Karina leu de seu iPad. “Eles se importavam pouco com comércio ou agricultura, preferindo invadir as tribos vizinhas em busca de grãos, carne, e escravos.” Ela desligou seu iPad e o colocou de lado.

Sparks trouxe a Dragonfly para baixo e a pousou suavemente na grama. “É 218 a.C.,” ele sussurrou, “e aquele é o exército de Aníbal.”

Um silêncio momentâneo reinou enquanto os soldados pensavam sobre o que Karina havia dito.

“Sparks,” Lojab disse, “você acreditaria em Ballentine se ela dissesse que a lua é feita de queijo azul.”

“Queijo verde,” Sparks disse. “E ela está certa sobre aquilo, também.”

Kawalski olhou para o sargento. “Toto, eu tenho a impressão de que não estamos mais no Afeganistão.”

“A Dragonfly pode voar a noite?” o sargento perguntou.

“Sim, mas podemos perdê-la no escuro.”

“Mesmo com o vídeo ligado?”

“Se tivermos um fogueira grande e mantivermos a câmera apontada para o fogo, acho que posso trazê-la de volta para onde estamos". Sparks desligou o interruptor da Dragonfly e a colocou no lugar. “Porque quer fazê-la voar a noite, Sargento?”

 

“Acho que caímos em um buraco do passado e é apenas essa área ao nosso redor. Talvez quinze quilômetros quadrados.”

“Tipo um buraco de minhoca?” Sparks perguntou.

“Algo assim.”

“O que é um buraco de minhoca?” Kawalski perguntou.

“É uma propriedade hipotética do contínuo espaço-tempo", Sparks disse. “Basicamente um atalho entre tempo e espaço.”

“Ah.”

“Mas Sargento,” Sparks disse, “nós vimos os Alpes e o Monte Cervino, há duzentos e quarenta quilômetros.”

“Sim, mas não conseguimos ver nenhuma cidade distante. A noite, a mil e quinhentos metros de altura, poderíamos enxergar o brilho de luzes da cidade. Talvez Marselha ou Cannes.”

“Poderíamos, eu acho.”

“Se conseguirmos localizar uma grande cidade, vamos em sua direção até sair desta loucura.”

Capítulo Doze

Autumn andava pela mata logo abaixo do acampamento da Sétima, procurando por lenha. Era um pouco depois do pôr-do-sol, mais ainda se via o crepúsculo.

“Precisa de ajuda, Apache?”

Autumn se assustou com a voz do homem, quase deixando cair toda a madeira que carregava. “Lojab, não dá para assobiar ou algo do tipo quando estiver espiando uma mulher?”

“Não estou espiando, só queria ajudar.” Ele colocou a mão em seu ombro.

Autumn apertou o olhar na mão dele. “Eu sei o que você quer.” Ela afastou a mão.

“Ah, que bom. Isso poupa muita conversa fiada.”

“Ah, claro.”

“Você não é como as outras, é?”

“Outras o que?” Ela ajoelhou-se para apanhar um ramo seco e colocá-lo junto com os outros.

“As outras mulheres. Elas não entendem o que eu preciso.”

“Ah, eu acho que elas entendem muito bem.” Ela se virou para voltar ao acampamento.

Ele agarrou o braço dela. “Espera aí. Não precisa de tanta pressa.”

“Fique longe de mim.” Ela puxou o braço para se afastar, deixando toda a madeira cair. “Você está sendo idiota.”

“Sua vadia de merda.”

“Sim, eu sou.” Ela ajoelhou para recolher a madeira. “E se você me tocar de novo, eu acabo com a sua raça.”

Ele murmurava quando ela saiu e o deixou plantado ali.

De volta ao acampamento, Autumn soltou a lenha na fogueira, que formou uma nuvem de fumaça e brasas.

“É grande o suficiente para você, Sparks?”

Sparks olhou para o fogo. “Sim.” Ele olhou para Autumn, com seus pés separados e as mãos nos quadris. Ela estava com uma expressão que assustaria até um daqueles cachorros. “Um, sim, está muito bom. Você é provavelmente a melhor apanhadora de lenha da Sétima Cavalaria.” Ele tentou um olhar de desculpas.

O sargento estava sentando um tronco lá perto, segurando um copo de café em lata. Ele lançou um olhar para Autumn como quem diz ‘O que diabos você tem?’

Autumn relaxou e soltou um sorriso. “Desculpe, Sparks.” Ela caminhou ao lado da fogueira em sua direção. “Acabei de ter uma pequena discussão com o seu camarada encantador, Lojab.”

“Camarada?” Sparks abriu a capa da Dragonfly para inserir uma bateria nova. “Desde quando ele é meu camarada?” Ele colocou o aeronave na grama.

“Bom, alguém tem que ser amigo dele.” Ela pegou o copo do Sargento e tomou um gole de café.

“Desejo sorte a ele nessa fantasia,” Sparks disse. “Certo, crianças, lá vamos nós.”

Um zumbido suave vinha das asas do pequeno drone, então ele decolou, indo diretamente para cima.

“Vá com calma, Sparks,” o sargento disse enquanto ele pegava o iPad para ver a tela.

“Isso.”

O sargento segurava o iPad para que Sparks pudesse ver enquanto mexia no controle. A fogueira ficou cada vez mais pequena no vídeo à medida que a Dragonfly ia cada vez mais alto.

“Seiscentos metros,” Sparks disse. “Vou tentar uma panorâmica, depois focar na fogueira novamente.”

Eles viam nada além de escuridão total, horizonte a horizonte.

“Vá até novecentos metros” o sargento disse.

Kawalski e os outros chegaram para ficar ao lado do sargento, observando o iPad.

“Olhe ali,” Autumn disse, “no nordeste.”

Um leve brilho arqueava sobre as árvores.

“Amplie, Sparks.”

“Isso.”

“Caralho,” o sargento disse. “São fogueiras.”

Lojab apareceu vindo da mata. Ele olhou para Autumn, em seguida cruzou os braços e foi ver a imagem no iPad.

“É a aldeia dos Vocontii,” Autumn disse.

“Sim,” o sargento respondeu. “E é muito maior do que imaginávamos.”

“Deve haver centenas de fogueiras,” Autumn disse.

“Suba para mil e quinhentos metros,” o sargento disse.

Sparks reduziu o zoom e centralizou no fogo novamente. Depois subiu até mil e quinhentos metros. A imagem da fogueira sumiu da tela.

“O que aconteceu?” o sargento perguntou. “Perdemos o fogo.”

“Vento.” Sparks girava os controles. “Preciso ver o fogo para encontrá-la.”

“E se você não conseguir localizar o fogo?”

“Posso apertar o botão ‘início’, e ela vai voar de volta para cá. Mas pode atingir árvores na descida e se despedaçar.” Ele passou a câmara da esquerda para a direita. “Ah, estamos quase no acampamento Vocontii.” Ele observava a tela conforme a Dragonfly se desviava na direção das fogueiras dos Vocontii. “Então, o vento está vindo do sudoeste.” Ele virou na direção do vento e voou para frente. “Voltamos.” A fogueira deles apareceu na tela novamente. “Agora que sei a direção do vento, posso manter a nossa posição.”

“Uau,” Kawalski disse conforme Sparks girava ao redor do horizonte. “Está escuro como se fosse meia-noite numa mina de carvão.”

“Caralho,” o sargento disse. “Eu tinha certeza de que íamos ver uma cidade grande. A que distância está o horizonte a essa altura?”

“Uns cento e trinta quilômetros” Sparks disse.

“Então, se tivesse alguma cidade lá fora,” Autumn disse, “mesmo que a trezentos quilômetros, nós veríamos o brilho das luzes.”

“Acredito que sim,” o sargento disse. “Está bem, Sparks, traga ela para baixo. Esse buraco é muito maior do que eu pensava.”

“Se estamos em um buraco,” Lojab disse, “não conseguimos ir alto o suficiente para ver o que está fora.”

“Estamos a mil e quinhentos metros, Lojab,” o sargento disse. “É alto o suficiente para enxergar algo, se há algo a ser visto.”

“Acho que deveríamos nos mexer,” Lojab disse, “e ver se conseguimos escalar para fora daqui.”

“E eu digo que ficamos aqui,” o sargento respondeu, “até que tenhamos uma ideia melhor do que está acontecendo com a gente.”

“Bom, eu voto a favor de ir para o norte até encontrarmos uma grande cidade e civilização. E aí podemos voltar para nossa própria época.”

“Este exército ainda não é uma democracia.” O sargento deu um passo na direção de Lojab. “Não votamos no que queremos fazer; nós seguimos ordens.”

“O que nós somos?” Lojab disse. “Um bando de cachorrinhos de estimação, deitados por aí, esperando você nos dizer quando comer, quando dormir, e quando fazer xixi?”

O sargento olhou ao redor enquanto os demais observavam com atenção. “Eu não chamaria nenhum dos meus soldados de cachorrinhos, Lojab, mas sim, todos vão esperar até que eu decida o que fazer. E isso inclui você.”

“Foda-se essa merda.” Lojab saiu na direção de Trevor e dos outros dois tripulantes do C-130.

Atrás do sargento, Sparks latiu igual a um cachorro.

“Calma, garoto,” Kawalski disse. “Seja bonzinho e eu deixo você ir no colo da Apache.”

* * * * *

Na manhã seguinte, Kawalski caminhava com Liada, perto do rio. Seu rifle estava nas costas, e ele carregava o seu capacete pela correia do queixo.

“Liada,” ele disse.

Ela olhou pra ele.

“Aqueles homens são soldados de infantaria.” Ele apontou para um grupo de homens que trabalhavam em uma jangada.

“Sim.”

“E aqueles de cavalaria.”

Ela observou os quatro homens cavalgarem por eles. “Sim.”

“Os homens cavalgando com capas vermelhas…” Ele tentou explicar com as mãos, como havia visto Autumn fazer. Ele arrancou uma flor vermelha de um arbusto e ficou agitando ela sobre o seu ombro.

Ela deu risada. “Cartago filhos de, um, pessoas grande.”

“Ah,” Kawalski disse, “a aristocracia.” Ele colocou a flor no cabelo dela, sobre a orelha. “Ok, temos os soldados de infantaria.” Ele estendeu a mão aberta, mais ou menos na altura da cintura. “Então a cavalaria.” Ele subiu a mão um pouco mais. “Os filhos de Cartago.” Esticou a mão um pouco mais alto. “Então vem o Rocrainium,” sua mão foi mais alto, “o chefe.”

Liada enrugou a testa.

“Quem está acima, no topo?”

Liada encarou Kawalski por um momento, então seu rosto ficou mais leve. “Chefe grande?”

“Sim, quem é o chefão?”

“Aníbal é.”

“Aníbal?”

“Sim,” ela disse.

Kawalski colocou seu capacete e ligou o comunicador. “Alguém aí?”

Várias pessoas responderam.

“Apache?”

“Sim.”

“Sargento?” Kawalski perguntou.

“Sim, o que foi?”

“Ballentine?”

“Aqui,” Karina respondeu.

“Por mais difícil que seja para mim admitir isso, Ballentine,” Kawalski disse, “você estava certa.”

“Sobre o que? Estou certa sobre tantas coisas, que até esqueço a maioria delas.”

Alguém deu risada.

“Lembra daquele general quatro estrelas que vimos no cavalo de guerra preto?”

“Sim?”

“Eu sei o nome dele.”

“Sério?” Karina disse.

“Como sabe disso?” o sargento perguntou.

“Vem aqui,” Kawalski disse para Liada.

Ela chegou mais perto, e ele colocou o braço ao redor dela, puxando-a ainda mais até que seus lábios quase tocaram os dele.

“Quem é o chefão?” Kawalski apontou para o microfone em seu capacete.

“Aníbal,” ela sussurrou no microfone. Ela olhou para cima, dentro dos seus olhos, mantendo os lábios perto dos seus.

Ele levantou o capacete.

“Eu sabia,” Karina disse.

“Onde você está, Kawalski?” o sargento perguntou.

“Aníbal está indo cruzar o Ródano,” Karina disse. “Então ele vai para os Alpes. Não é, Kawalski?”

Kawalski tirou o capacete e o largou no chão.

“Quem é o chefão?” Kawalski sussurrou.

“Aníbal.” A respiração quente de Liada acariciava seus lábios.

“Aníbal?” Ele prolongou a última sílaba.

“Aníí…”

“Pergunte a ela quando Aníbal vai cruzar o rio.” a voz do sargento vinha do comunicador dentro do capacete de Kawalski que estava no chão, mas estava muito baixa para Kawalski escutar. “Kawalski?”

“Eu acho que o comunicador dele falhou,” Karina disse.

“É isso, ou ele está tentando conseguir algo mais da Liada,” o sargento disse.

“É.” Autumn deu risada. “Provavelmente é isso.”

Capítulo Treze

O sargento Alexander bebia seu café e assistia Sparks desdobrar os painéis solares e ligar o seu carregador para recarregar as baterias da Dragonfly.

“Sabe o que tenho pensado?” Sparks perguntou.

O sargento olhou para Sparks e levantou uma sobrancelha.

“Sabemos que os satélites ainda estão lá em cima, certo?”

“Sim, o seu GPS capta eles. Essa é uma das razões pelas quais eu acredito que estamos em algum tipo de buraco.”

“Sabe o que mais pode estar lá em cima?”

O sargento olhou para o céu. “O quê?”

“A Estação Espacial.”

“Ei, é verdade. Conseguimos contatá-los?”

“Eu não sei a frequência que eles usam, mas estou transmitindo em todas elas.”

“Se pudéssemos contatá-los e dizer onde estamos, eles poderiam nos dizer onde fica a cidade mais próxima.”

“Talvez.” Sparks encarou o céu por um segundo. “Talvez eu possa montar um refletor e apontar diretamente para cima. Como a estação espacial orbita a Terra, eles vêm a superfície inteira a cada poucos dias.”

“E no que isso ajudaria?”

“Acho que posso configurar o refletor em Código Morse, talvez ‘S.O.S. Chame 121.5.’ Se eles verem a luz piscando, vão descobrir que está enviando um Código Morse.”

 

“Você já viu alguma foto de satélite da Europa à noite?”

“Eu sei, tem milhões de luzes, mas se estivermos em algum tipo de buraco, como você disse, então haveria quilômetros de escuridão ao nosso redor. Desta forma, nossa luz pode se destacar. E seria muito mais brilhante do que qualquer fogueira.”

“É uma boa ideia, Sparks. Você precisa de alguém para ajudar?”

“Não, apenas vou ter que mutilar alguns aparelhos eletrônicos para montar a estrutura.”

* * * * *

Eram quase duas da madrugada na terceira noite depois que Sparks montou o refletor. Tudo estava quieto até o rádio ganhar vida.

“Olá.”

“Olá,” Sparks murmurou, e cobriu a cabeça com o cobertor.

“Olá aí em baixo.” Isso foi seguido por um bloco de estática. “Alguém em casa?”

“O quê?” Sparks arrancou seu cobertor.

“Sparks!” o sargento gritou. “Alguém está no rádio.”

“Puta merda!” Sparks rolou da cama e agarrou o microfone. “Quem é?” Ele deixou o microfone cair, depois pegou novamente. “Quem está aí?”

“Aqui é o comandante Burbank da Estação Espacial, transmitindo para 121.5.”

“Comandante, aqui é Richard Sparks – Quer dizer, McAlister. Como você está?”

“Estou bem, Richard. Onde você está?”

“Estamos bem aqui, no Ródano.”

“Me dê o microfone, Sparks,” o sargento disse.

“Conte a ele o que aconteceu com a gente.” Sparks entregou o microfone para o sargento.

“Aqui é o sargento Alexander da Sétima Cavalaria.”

“Sétima Cavalaria?” o comandante Burbank disse. “Você está brincando?”

“Não, senhor. Nós estávamos em uma missão de combate no Afeganistão quando nossa aeronave foi atingida, mas nós nos salvamos. De alguma forma, viemos parar na França. Vocês estão bem aí em cima?”

“Sim,” o comandante disse, “pelo menos até o momento. Nós perdemos o contato, e quando vimos que toda a Terra estava na escuridão, checamos as gravações dás últimas vinte e quatro—”

“Espere um pouco,” o sargento disse no microfone, “toda a Terra está na escuridão?”

“Sim, sua luz é a primeira feita pelo homem que nós vimos nas últimas sete noites.”

“Como isso é possível?” o sargento perguntou.

“Vocês não sabem o que aconteceu?”

“Tudo o que sabemos é que nossa aeronave foi destruída exatamente no momento em que estávamos saltando sobre o Afeganistão. Dez minutos mais tarde, caímos na França, em 218 a.C.”

“O quê!?”

Os outros soldados haviam acordado com o rádio, e se aproximavam para ouvir.

“Sim, comandante,” o sargento disse, “pelo menos é isso que nós achamos, a menos que alguém esteja pregando uma pegadinha muito elaborada em nós. E não, nós não sabemos o que aconteceu.”

“Bom, eu duvido seriamente que vocês estão em 218 a.C.,” o comandante Burbank disse. “Nós temos duas câmeras de vídeo que não desligam apontadas para a Terra. Depois que nós perdemos a comunicação, e vimos que a Terra estava completamente no escuro, nós assistimos aos vídeos. Sete dias atrás, houve um deslocamento polar.”

“O que você quis dizer com isso?”

“O eixo que atravessa o centro da Terra se deslocou em quinze graus. O Polo Norte agora está na Groenlândia, e o Polo Sul no Oceano Pacífico, perto da Nova Zelândia. Quando assistimos ao vídeo, a superfície da Terra ondulou de costa a costa em todos os continentes, como um cobertor sendo puxado de uma das extremidades. Então ondas gigantescas de maré atravessaram todos os oceanos. A superfície da Terra girou aproximadamente seis mil quilômetros imediatamente.”

“Puta merda!” o sargento disse.

“Toda estrutura feita pelo homem na face da terra foi completamente destruída. Talvez alguém tenha sobrevivido em algum lugar, mas vocês foram os únicos com quem nós tivemos contato.”

“Ai, meu Deus!” Karina disse. “Minha mãe, pai, minha avó Walker...eles se foram? Não é possível. Todos mortos?”

“Olá, é uma voz feminina que estou ouvindo?” o comandante Burbank perguntou.

“Sim,” o sargento respondeu. “É a soldado Karina Ballentine.

“Soldado Ballentine,” Burbank disse, “estamos todos de luto aqui em cima, também. Quando assistimos ao replay, estávamos vendo nossas casas e famílias desaparecerem.”

“Eu não acredito nisso,” Kady disse. “Meus irmãos e irmãs, e minha mãe. Eles não podem ter morrido só porque os polos mudaram de um lugar para o outro.”

“E as aeronaves?” Sparks se aproximou do microfone. “Deveriam ter milhares de aviões no ar.”

“Toda aeronave abaixo de três mil metros foi destruída, assim como a de vocês foi.”

“Mas os aviões das linhas aéreas voam a dez mil metros. Eles não sobreviveriam?”

“Provavelmente, mas agora não há lugar para pousarem. Quando o combustível acabar, eles tem que descer. Alguns podem ter caído no oceano ou em rios, mas não muitos. Algumas pessoas podem sobreviver à queda, mas e ai?”

“Sim, entendo o que você quer dizer,” o sargento disse. “Nós descemos de paraquedas, e com suprimentos e armas, mas eles não.”

Autumn se inclinou perto do sargento para falar ao microfone. “Comandante, o que vai acontecer com você e o seu grupo?”

“É outra mulher que está falando?” Burbank perguntou.

“Sim, senhor. Sou a soldado Autumn Eaglemoon.”

“Quantas pessoas há na sua unidade?”

Autumn olhou ao redor. Muitos estavam em lágrimas, e todos em choque e descrentes. “Dezesseis.”

“Bom, soldado Eaglemoon, respondendo à sua pergunta, nós temos seis meses de comida e água, então temos algum tempo para pensar em um plano. As duas cápsulas de escape russas são a nossa melhor esperança, mas tanto a NASA quanto o Centro de Controle de Missão em Korolev se foram, não há como controlar onde nós pousaríamos. Se a sequência de pouso pré-programada não funcionar, podemos acabar no deserto do Saara ou no meio do Oceano Pacífico.”

Um momento de silêncio se passou enquanto todos tentavam digerir a realidade do que havia acontecido.

“Nós tememos a guerra nuclear há décadas,” Autumn disse, “mas isso é muito pior, é aniquilação total.”

“Talvez,” o sargento disse. “Nós estamos vivos, talvez haja outros que sobreviveram. Nós só temos que sair desse lugar e encontrar o século vinte e um.”

“Você não entende, sargento?” Lojab perguntou. “Tudo que nós conhecemos, todos que nós amávamos e cuidávamos se foram. Estamos totalmente ferrados.”

O sargento encarou Lojab por um segundo. “Comandante, existe alguma forma de verificar se toda a Terra está agora em 218 a.C? Eu ainda acredito que nós caímos em algum tipo de buraco e quando nós conseguirmos sair, vamos encontrar tudo como estava antes.”

“Não conseguimos ver muitos detalhes daqui de cima, mas sabemos que as grandes cidades como Nova Yorque, Londres, e Paris desapareceram. A Ponte Golden Gate se foi. A Torre Eiffel se foi.”

Autumn falou novamente. “Quais estruturas antigas seriam visíveis do espaço em 218 a.C.?”

“Bom, vamos ver…as pirâmides e partes da Grande Muralha da China, com certeza.”

“Você disse que todas as estruturas feitas pelo homem foram destruídas há sete dias, certo?”

“Sim,” o comandante Burbank respondeu.

“Então se você puder ver ou as pirâmides ou a Grande Muralha,” Autumn disse, “e elas não forem pilhas de entulho, o que isso te diria?”

“Isso me diria que eu provavelmente fiquei louco, mas nós vamos passar pela China em alguns minutos, então vamos descobrir.”

“Vocês tem um telescópio?” Autumn perguntou.

“Não, mas nós temos uma câmera com lente de zoom. Vamos tirar algumas fotos da Muralha e ver como está. Eu volto a falar com vocês em dez minutos.”

Houve um clique, e depois estática.

“Sargento,” Autumn disse enquanto abaixava o microfone, “se as pirâmides e a Grande Muralha não estiverem destruídas, nós estamos presos aqui, dois mil anos no passado?”

“Eu sempre acreditei que viagem no tempo era apenas bobagem de ficção, mas aqueles astronautas viram toda a superfície da Terra destruída, e agora, se eles nos disserem que a Grande Muralha não é uma pilha de escombros de mil e duzentos quilômetros de comprimento, então temos que acreditar que viagem no tempo é possível.”

“Uau, Sargento,” Kawalski disse, “esse é o discurso mais longo que eu já ouvi de você.”

“Eu ainda não acabei. Se nós viajamos para o passado, então deve ser possível ir para o futuro. A pergunta é, como?”

“Se foi preciso um deslocamento polar para nos trazer aqui,” Autumn disse, “deve ser preciso outro para nos levar de volta.”

“Com que frequência isso acontece?” Kawalski perguntou.

“O último,” Karina disse, “foi há dez mil anos atrás.”

“Olá,” o comandante Burbank soou no autofalante.

“Estou aqui,” o sargento respondeu no microfone.

“Estamos em estado de choque aqui em cima,” Burbank disse. “Primeiro achei que vocês estavam brincando com a gente, ou que estariam sofrendo de alucinação em massa, mas agora parece que fomos todos transportados de volta no tempo.”

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