A Última Missão Da Sétima Cavalaria

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“Sim.” Lojab apontou em direção as árvores. “Você dar uma caminhada comigo?”

“Lojab,” Autumn disse, “seu tosco. Você a conheceu dois minutos atrás, e já está tentando levar ela para a moita.”

“O que é que tem, Apache? Se ela está querendo…”

“Ela não tem ideia do que você quer fazer com ela.”

“Então por que ela está sorrindo?”

“Eu não sei, Lojab,” Autumn disse. “Talvez ela esteja tentando fazer amizade com um idiota?”

“Por mais que eu odeie acabar com essa festinha,” Alexander disse enquanto caminhava até eles, “alguém sabe onde nós estamos?” Ele tirou seu capacete.

“Sargento,” Tin Tin disse. “Capacete?”

“Claro,” Alexander disse. “Divirta-se.”

“Liada?” Tin Tin falou no microfone depois de ter colocado o capacete.

“Tin Tin,” Liada respondeu. Elas se afastaram, ainda conversando e aparentemente testando o alcance do sistema de comunicação.

“Nós estamos em um lugar chamado Gália—” Autumn começou.

“Gália?” Karina disse conforme se aproximava, retirando seu capacete. “É isso que elas disseram, ‘Gália?’”

“Sim,” Autumn respondeu.

“Sargento,” Karina disse. “Gália é um nome antigo para França.”

“Sério?” Alexander disse. “Qual o nome daquele rio?”

“Eu não consegui descobrir como perguntar isso,” Autumn disse, “mas eu acho que eles estão planejando cruzá-lo. E mais uma coisa…”

“O quê?” Alexander exclamou.

“Elas não têm nenhuma concepção de anos, datas, sequer de horas.”

Alexander observava Tin Tin e Liada se comportando como duas crianças com um brinquedo novo. “Estranho,” ele sussurrou. “E aparentemente, elas também nunca ouviram falar de comunicação sem fio.”

Capítulo Sete

“Eu queria que essa merda tivesse rodas,” Kawalski disse.

“Para de reclamar, Kawalski,” Autumn disse, “e segure a sua ponta.”

“Ah, eu estou segurando a minha ponta, e provavelmente vou ter que segurar a sua também.”

O restante do pelotão vinha atrás dos quatros soldados que carregavam a caixa de armas.

“Para onde estamos indo, Sargento?” Lojab perguntou. Ele estava na frente do lado esquerdo, na frente de Kawalski.

Alexander estevava atrás, no lado esquerdo, com Autumn a sua frente. “Vamos seguir até o rio.”

“Eu não fui recrutado para ser escravo de ninguém,” Lojab murmurou sob ofegos, mas todo mundo ouviu.

“Estamos todos fazendo a mesma porcaria,” Autumn disse.

“Sim, e se todos nós reclamássemos, nosso destemido líder faria algo a respeito.”

“Tipo o que, Lojab?” O sargento perguntou.

“Tipo tirar a gente daqui.”

“Você tem alguma ideia de como fazer isso?”

“Você que é o sargento, não eu,” Lojab disse. “Mas eu vou te dizer, se eu estivesse no comando, não estaríamos seguindo um bando de homens das cavernas, pisando em merda de elefante e carregando essa caixa grande pra caramba.”

“Você está certo, eu sou o sargento, e até que você fique no meu lugar, eu darei as ordens.”

“Sim, senhor. Sargento, senhor.”

“Por que você não simplesmente cala a boca, Lojab?” Autumn disse.

“Ei,” Kawalski disse, “olha só quem está vindo.”

Liada estava a cavalo pelo lado da trilha, vindo da frente da coluna. Ela montava um cavalo vigoroso de pelo caramelo. Quando ela viu o pelotão, atravessou e guiou seu cavalo na direção deles. Ela estava sem nada nas costas, seu arco e sua aljava estavam penduradas por uma tira de couro no ombro do cavalo. Assim que ficou lado a lado com a tropa, ela desceu do cavalo, deixando as rédeas ao redor do pescoço dele. Ela caminhou até Alexander, equanto seu cavalo a seguia.

“Sargento?” ela disse, “boanoite.”

“Oi, Liada,” Alexander disse. “Como vai você nesta manhã?”

“Como vai nesta manhã?”

“Bom,” o sargento disse.

“Bem.” Ela caminhou até Autumn. “Autumn Eaglemoon nesta manhã?”

“Bem,” Autumn disse.

“Bom.”

Ela deu um tapa na lateral da caixa, e perguntou com sinais para onde eles estavam indo. Com sua mão livre, Autumn fez um movimento de água e apontou para frente.

“Rio.”

“Rio,” Liada disse. Ela fez um movimento de levantar com as duas mãos.

“Sim, está pesado.” Autumn enxugou o suor de sua testa.

“Pesado.” Liada usou as das mãos para sinalizar a eles que soltassem a caixa.

“Ei, pessoal. Ela quer que a gente coloque no chão.”

“Meu voto é sim,” Kawalski disse enquanto eles saiam do caminho e colocavam a caixa no chão.

Liada pegou um dos puxadores e tentou levantar. “Pesado.” Ela enxugou o suor da testa e fez alguns sinais para Autumn.

“Ela quer que a gente espere aqui,” Autumn disse. “Só não sei para que.” Ela falou com Liada. “Ok.”

“Ok,” Liada disse, em seguida pulou de volta em seu cavalo e saiu galopando, em direção à frente da coluna.

“Que montadora que ela é,” Lojab disse.

“E você viu o jeito que ela subiu naquele cavalo?” Kawalski disse. “Dois passos rápidos, e ela jogou a perna sobre as costas dele como se fosse um pônei.”

“Sim,” Lojab sussurrou enquanto a observava sair fora de vista em uma curva da trilha. “O que eu não faria com uma mulher dessas.”

“Meu Deus,” Autumn disse. “Vocês podem parar de ficar babando? Parece que nunca viram uma garota andar a cavalo antes.”

Os homens encaravam o lugar em que Liada estava a alguns segundos atrás.

“Ah, eu já vi garotas andando a cavalo antes,” Lojab disse. "Mas precisavam de um cara para ajudá-las a montar, e isso com a ajuda de um estribo. E conforme o cavalo corria, elas iam pra cima e pra baixo igual a bolas de basquete só que com rabo de cavalo.”

“A Liada simplesmente desliza,” Kawalski disse, “e ela cavalga como se fosse parte do cavalo.”

“Autumn,” Kady disse, “você acha que esses caras já tiveram algum encontro com uma mulher de verdade?”

“Claro, com uma mulher inflável de verdade,” Autumn disse.

“Sim, 8,95 no eBay,” Kady disse.

“É só encher de ar, e ela já está pronta,” Autumn disse. “Sem pagar bebidas, ou jantar; apenas pular na cama.”

“Ah é?” Lojab disse. “E o jeito que vocês garotas ficam doidas por causa daquele oficial alto, feio feito um porco, o de Chapeuzinho Vermelho?”

“Uuuh, Rocrainium,” as quatro mulheres disseram ao mesmo tempo, e começaram a dar risada.

“Rocrainium?” Kawalski disse. “Como sabem o nome dele?”

“Ah, nós temos meios para descobrir.” Autumn fez alguns sinais de onda com as mãos, e as outras fizeram o mesmo, seguindo com mais risadas.

“Ei,” Lojab disse, “ela está vindo.”

Liada vinha m direção a eles na lateral da trilha, passando por um rebanho de gado. Ela era seguida por uma carroça puxada por bois. Rapidamente, eles pararam em frente do caixote de armas e Liada desceu do cavalo.

Alexander foi olhar a carroça; estava vazia. Ele olhou para a mulher que estava lá. Ela permaneceu com os braços cruzados, olhando fixamente para ele. Então ele viu a bandagem em seu braço e se lembrou do corte profundo que eles trataram.

“A ferida de espada,” sussurrou.

Kawalski foi até o lado da carroça. “Olá.”

A mulher olhou para Kawalski, e seu rosto se iluminou. Ela se ajoelhou na carroça e esticou seu braço para ele ver. Ela disse alguma coisa, mas ele não entendeu.

“Sim, parece que está tudo bem.” Ele correu os dedos pela bandagem.

Ela falou novamente.

“Ei, Apache,” Kawalski disse, “vem aqui me dizer o que ela está falando.”

Autumn e Liada foram para ficar ao lado de Kawalski. A mulher disse algo para Liada, que sinalizou para ela, e então para Kawalski. Liada tocou dois dedos em seus lábios, em seguida em seu peito, e apontou para ele.

“Ela quer te agradecer por cuidar do braço dela,” Autumn disse.

“Como se diz, ‘De nada?’”

“Toque seu coração, então estenda sua mão, com a palma para cima.”

Kawalski fez o sinal para ela. Ela sorriu e disse alguma outra. Kawalski olhou para Autumn, que olhou então para Liada.

Liada disse para a mulher, “Kawalski.”

“Kalski,” ela disse. E sem olhar para o sargento, ela apontou para ele e fez uma pergunta para Liada.

“Sargento,” Liada disse.

A mulher falou com Liada, que deu risada. A mulher disse a mesma coisa novamente, junto com a palavra “Sargento” duas vezes.

Liada deu de ombros e falou com Autumn. “Cateri diz Sargento, um…” Ela fez mais alguns sinais.

Autumn sorriu. “Cateri, eu gosto desse nome. Sargento, Kawalski, conheçam Cateri.”

“O que a Cateri tem a dizer sobre mim?” Alexander perguntou.

“Bom,” Autumn disse, “ela disse que você pode colocar sua caixa na carroça dela, e acompanhar andando.”

“Maravilha. Diga a ela que a caixa é do Kawalski. Ela vai descer, ajudar a colocar a caixa, e provavelmente deixar ele dirigir.”

“Ok,” Autumn falou com Cateri. “O sargento disse que vai ser uma maravilha.”

“Ah, tanto faz,” Alexander disse.

“Ok,” Liada disse, e em seguida falou com Cateri.

“Ok,” Cateri disse. Ela apontou para Alexander, e depois para a caixa de armas.

“Certo,” o sargento disse, “vocês ouviram a chefe, vamos carregar.”

Enquanto eles subiam o caixote, Liada subiu em seu cavalo.

“Eu acho que a Cateri gosta de você, Sargento,” Kawalski disse enquanto empurravam a caixa para dentro da carroça.

 

“Sério? Se é assim que ela se comporta gostando de mim, como ela me trataria se me odiasse?”

Lojab caminhou até Liada e segurou o freio de seu cavalo. “Como você está, docinho?”

Liada sorriu para ele, e então olhou para Autumn.

Autumn, parada atrás de Lojab, colocou a língua para fora e fez uma cara de nojo. Depois levantou seu pé como se fosse chutar a bunda de Lojab.

Liada deu risada.

Lojab resmungou com o sorriso de Autumn. "Pergunte a ela onde as pessoas vão para tomar uns drinks,” ele disse.

“Ok,” Autumn respondeu. “Fique de olho nela para ver o que ela acha.”

Lojab olhou para Liada. Autumn apontou o dedo indicador da mão direita para Liada, e o da mão esquerda para Lojab. Ela colocou os dois dedos juntos, um em cima do outro, e ficou balançando eles para cima e para baixo . Por fim, ela fez que balançava um bebê em seus braços.

Liada enrugou sua testa por um momento, mas depois seu rosto ficou mais leve e ela deu risada.

Os outros, que assistiam a pantomima, se esforçavam para não dar risada.

“Qual é a graça?” Lojab olhou para Autumn, e depois para os outros que tentavam se controlar. Até Cateri reconheceu a graça.

“Autumn,” Liada disse e sinalizou para que fosse até ela.

Ela se abaixou para perguntar algo , e depois Autumn sussurrou para ela.

Liada sorriu. “Kawalski,” ela disse e deu uns tapas nas costas do cavalo, atrás dela. “Carona?”

Kawalski olhou para ela, apontou para seu peito, e então para ela.

Ela balançou a cabeça.

“Toma.” Kawalski entregou seu rifle para Autumn. “Segura isso.”

Ele tentou jogar a perna pelas costas do cavalo mas não conseguiu. Liada ofereceu sua mão. Ele segurou e se puxou para cima, atrás dela.

“Pega,” Autumn disse, jogando o rifle para ele.

Liada olhou para ele enquanto ele pendurava a espingarda sobre o ombro.

“Ok,” Kawalski disse.

Ela bateu os calcanhares na barriga do cavalo. Quando o cavalo saltou para frente, Kawalski quase caiu para trás, mas ele agarrou Liada pela cintura para se segurar.

“Aquele filho da mãe magrelo,” Lojab disse. “O que é que ela viu nele?”

Autumn deu de ombros, e ligou o seu comunicador. “Ei, Kawalski.”

“O-o-o-quê?”

“Você está quicando”

“Que dr-o-o-o-oga.”

Os demais deram risada.

Alexander observou Liada e Kawalski saírem de vista, por uma curva na trilha. “Cateri,” ele disse.

Ela olhou para ele.

“Eu acho que isso é seu.”

Ele puxou o chicote do seu bolso e jogou para ela. Ela agarrou o chicote e o desenrolou do cabo sem tirar os olhos dele. Alexander então deu um passo para trás, e ela sorriu e estalou o chicote sobre a cabeça dos dois bois. Como eles não se mexeram, ela bateu as rédeas em seus traseiros. Os bois se abaixaram em protesto mas depois avançaram. O pelotão ia atrás da carroça.

* * * * *

Liada diminuiu a velocidade quando chegaram às carroças de suprimentos.

“O que tem naqueles baús?” Kawalski disse, apontando para quatro caixas de madeira em uma das carroças.

Liada olhou para as caixas e disse alguma coisa para ele.

“Ei, Apache,” ele disse no comunicador. “Como se diz, ‘O que tem naquelas caixas?’ em linguagem de sinais?”

“Desculpa, homem branco, você está sozinho.”

“Nossa, obrigado. Seja o que for, deve ser valioso. Tem seis soldados atrás, e seis na frente.”

Liada continuou a falar e apontar coisas enquanto eles passavam por uma carroça cheia de carnes, jarros de vinhotâmara, e fardos de pele. Quando chegaram às carroças carregadas com jarros de barro cheios de grãos, eles ouviram três toques curtos de uma trombeta. Liada pôs seu cavalo para galopar, e logo eles ouviram gritos em algum lugar a frente. Chegando perto da curva na trilha, eles viram que o comboio estava sob ataque.

“Cachorros!” Kawalski gritou no comunicador. Ele e Liada desceram do cavalo enquanto ela pegava seu arco e flecha, então ele puxou seu rifle e abriu fogo.

“Quantos?” Alexander perguntou enquanto ele e os outros corriam.

“Muitos!”

Kawalski atirou em um dos assaltantes que corria em sua direção, balançando uma espada. A bala atingiu o homem no peito, fazendo com que ele virasse para o lado e caísse no chão.

Liada disse alguma coisa, e Kawalski olhou para ela. Ela curvou seu arco e deixou a flecha voar. Ele acompanhou a trajetória da flecha para vê-la atingir um saqueador no peito. Ele caiu, agarrando o cabo da flecha.

Mais deles saíam da mata, ao longo de toda a trilha. Os soldados corriam para atacá-los, usando suas lanças primeiro, e quando estavam perto, golpeando com suas espadas.

“Kawalski!” Liada gritou.

Ele viu mais dois saqueadores vindo da mata no outro lado da trilha e atirou em dois homens que haviam subido em uma carroça. Ele inclinou seu rifle para a esquerda, mirando em outros três que corriam em sua direção, mas quando ele puxou o gatilho, o carregador estava vazio.

“Liada!” ele gritou. “Aqui!”

Ele retirou o carregador vazio e pegou outro em seu cinto. Liada lançou uma flecha, atingindo o pescoço de um dos homens.

Kawalski apertou o pino, empurrando um cartucho para dentro do compartimento, mas os dois homens estavam quase em cima deles. Então ele decidiu largar o rifle e pegar sua pistola Sig.

Liada atirou sua última flecha, atingindo um homem no lado, mas ele continuava indo.

Kawalski disparou um tiro, matando o outro homem.

Liada pegou o rifle do chão e o usou para bloquear a espada que ia até a cabeça de Kawalski. Kawalski então agarrou a espada do invasor, empurrou sua pistola no estômago do homem, e atirou. O homem tropeçou para trás, abraçando seu estômago.

Kawalski arrancou a espada da mão do moribundo e a levantou para afastar outro bandido que apontava um machado para ele. Ele ouviu Liada gritar, mas ele não podia respondê-la—o homem com o machado vinha para cima dele de novo. Kawalski ergueu a espada, mirando no pescoço do homem, mas atingiu seu braço, fazendo o machado ir ao chão. Enquanto o homem lutava pelo machado, Kawalski sentiu um golpe em suas costas. Ele cambaleou, derrubando sua pistola.

Liada agarrou o rifle pelo cano, e usando-o como um bastão, ela se defendeu de outro atacante.

Um assaltante foi até Kawalski, com uma espada cheia de sangue. Kawalski ergueu sua espada para bloquear o golpe. As duas espadas se chocaram. Kawalski perdeu o controle sobre a espada e caiu de joelhos. Ele alcançou a faca em seu cinto enquanto o assaltante levantava a espada para mais um golpe.

Liada balançou o rifle, atingindo o homem por trás em sua cabeça.

Kawalski se desviou enquanto ele caia. Enquanto ficava de joelhos, ele viu um saqueador indo até Liada por trás. Ele pegou sua pistola da terra e disparou duas vezes, atingindo o homem na perna com seu segundo tiro. Quando o homem caiu, Liada o golpeou com o rifle.

Mais assaltantes saiam da mata, gritando e golpeando com suas armas.

Liada largou o rifle e pegou uma espada cheia de sangue no chão. Sem tempo para chegar até seu rifle, Kawalski agarrou Liada pelo braço, puxando ela para perto.

“De costas,” ele disse e colocou ela com as costas junto às suas. “Vamos levar alguns com a gente.”

Liada disse algo, e ele soube que ela havia entendido.

Conforme os saqueadores vinham de todos os lados, Kawalski atingiu mais dois com sua pistola. Ele tirou o carregador vazio e enfiou outro no compartimento, mas antes que ele pudesse atirar, ele ouviu uma salva de tiros.

“Lá vem a cavalaria!” Kawalski gritou.

Liada deu um grito. Kawalski atirou por cima do ombro dela, matando um homem que estava quase em cima deles.

“Kawalski!” Alexander disse no comunicador. “Para a terra!”

Kawalski envolveu Liada em seus braços, puxando ela para o chão. Balas voavam por suas cabeças enquanto o pelotão de Alexander derrubava os assaltantes.

Eles não estavam com tanto medo dos disparos quanto estavam no dia anterior, mas quando eles viram tantos de seus homens caindo pelos tiros, alguns deles correram para a floresta. Logo, todos estavam em retirada, com alguns feridos mancando atrás deles. Esses eram aniquilados pelos soldados que irrompiam no campo de batalha de todas as direções.

Kawalski ficou de joelhos e ajudou Liada a se levantar. Ele colocou seu cabelo para trás e limpou a sujeira de seu rosto.

“Você se machucou?”

Ela sorriu enquanto ele procurava por feridas. Havia muitos cortes e hematomas em seu rosto e braços, mas nada sério. Suas mãos estavam cheias de sangue, mas era dos invasores. A saia de sua túnica estava rasgada no lateral, da cintura até o joelho, mas sua perna estava apenas arranhada.

Kawalski tentou ficar em pé, mas caiu de joelhos novamente. “Acho que estou um pouco zonzo.”

Liada colocou as mãos em seu pescoço, conferindo se havia feridas. Ela passou as mãos pelos seus ombros, pelos braços e ao redor de sua cintura. Ela soltou uma exclamação quando viu sangue fresco em sua mão. Ela examinou suas costas.

Ele a ouviu dizer algo enquanto colocava o braço ao redor de seus ombros para deitá-lo no chão. Ela ficou ao seu lado, inclinou-se perto de sua boca, e falou no microfone do capacete.

“Autumn, Autumn!”

“Estou chegando,” Autumn disse correndo em direção a eles.

Ela ficou de joelhos, colocou os dedos no rasgo ensanguentado da camiseta de Kawalski, e puxou para rasgar mais. Autumn respirou fundo. “Que droga, Kawalski.”

“O que…” Ele desmaiou.

Capítulo Oito

“Alguém está sentindo falta de um cinto?” Sharakova perguntou no comunicador.

“Não.”

“Não.”

“Não,” Alexander respondeu. “Por quê?”

“Estou vendo um cinto em um dos cachorros mortos.”

“Que tipo de cinto?”

“Americano. Edição do exército,” Sharakova disse. “Igualzinho ao que estou usando.”

“Onde você está, Sharakova?” Alexander perguntou.

“Uns noventa metros a frente, à esquerda.”

“Não deixe que peguem os pertences dele antes de eu chegar aí.”

“Certo, Sargento.”

Alguns minutos depois, os demais assistiam o sargento tirar o cinto do homem morto. Ele examinou, então entregou para Joaquin.

“Tem que ser o cinto do capitão,” Joaquin disse.

“Você acha que capturaram ele?” Kady perguntou.

Alexander encarou o cinto por um segundo. “Não tenho ideia.”

“Precisamos da Apache,” Joaquin disse.

“E Liada,” Kady Sharakova completou.

“Ei, Eaglemoon,” Alexander disse no comunicador. “Onde vocês estão?”

Sem resposta.

“Ela deve estar sem o capacete,” Lojab disse.

“Eles colocaram o Kawalski na carroça da Cateri,” Lori disse, “e levaram ele para o campo principal, pelo rio.”

Alexander olhou ao redor, observando as mulheres e crianças pegarem as roupas dos mortos. “Vamos dar o fora daqui antes que eles venham até a gente.”

* * * * *

No campo principal, Alexander fez uma contagem e viu que todos estavam presentes.

“Não se afastem, pessoal. Vamos permanecer juntos até descobrirmos o que vai acontecer.”

Ele caminhou até a sombra de uma árvore e sentou ao lado de Kawalski, que estava enrolado em um cobertor térmico Mylar. Autumn estava lá, ajoelhada ao lado do inconsciente Kawalski, checando sua pressão arterial. Liada e Tin Tin Ban Sunia estavam atrás dela, observando tudo que ela fazia.

Lojab pegou um maço de Marlboro no bolso de sua jaqueta e se encostou em uma árvore enquanto acendia. Ele exalava fumaça pelo nariz e observava as pessoas ao redor de Kawalski.

“O que você acha, Eaglemoon?” Alexander tirou seu capacete e correu a mão pela cabeça.

Ela tirou o estetoscópio do ouvido e entregou-o para Liada. “Ele perdeu muito sangue, e a ferida é profunda. Nós limpamos e demos pontos, e eu dei a ele uma dose de morfina.”

Liada colocou o estetoscópio no ouvido como ela havia visto Autumn fazer, em seguida abriu o cobertor e colocou a ponta em baixo da camisa desabotoada de Kawalski. Seus olhos arregalaram com o som das batidas de coração. Autumn havia se acostumado a usar as mãos enquanto falava, para incluir Liada e Tin Tin. As duas mulheres pareciam acompanhar a conversa, pelo menos até certo ponto.

 

“A pressão arterial está boa, e o pulso está normal.” Autumn ficou quieta por um momento enquanto assistia Tin Tin tentar usar o estetoscópio. “Eu acho que não houve dano em nenhum órgão. Parece que a espada passou por baixo da borda do colete à prova de balas e perfurou até o fim, logo acima do osso do quadril.”

“Você fez tudo que podia por ele,” Alexander disse. “Quando o efeito da morfina passar, provavelmente ele vai acordar.” Ele entregou o cinto para Autumn. “Precisamos da ajuda de Liada com isso.”

“De quem é?”

“Nós pegamos de um dos assaltantes mortos.” Alexander a observava compreender a suspeita.

“Ai, meu Deus! O capitão.”

“Ele podem ter aprisionado ele, ou–”

“Liada,” Autumn disse.

Liada olhou para ela.

“Este cinto,” ela o estendeu para Liada, “é igual o meu.” Autumn mostrou o que estava em sua cintura. “E o do Kawalski.” Ela apontou para Kawalski. “E o do Sargento.”

Alexander mostrou seu cinto para ela.

“Mas este aqui, nosso homem está perdido.”

“Perdido?” Liada perguntou.

“Sim,” Autumn respondeu. “Nosso homem, igual ao Rocrainium.”

Tin Tin removeu o estetoscópio dos ouvidos. “Rocrainium?”

Alexander olhou por sua tropa. “Spiros, nos ajude com a Tin Tin.”

O Soldado Zorba Spiros ajoelhou ao lado de Autumn. “E aí?”

“Estou tentando falar para ela que o capitão Sanders é um oficial igual ao Rocrainium.”

Spiros falou com Tin Tin usando seu grego falho. Ela pegou o cinto de Liada.

“Vocês homem Rocrainium?” Tin Tin perguntou para Autumn.

“Sim.”

“Ele perdido para vocês?”

Autumn fez que sim.

“Cinto vem onde?”

“Um dos saqueadores estava com o cinto do nosso Rocrainium.”

Ela tentou usar sinais e movimento para indicar a batalha e os assaltantes mortos. Spiros ajudou como podia.

“Vocontii,” Tin Tin disse para Liada, e mais alguma coisa.

Liada concordou. “Vocontii.”

Tin Tin e Liada conversaram por um minuto.

“Um, aquele bandidos lá…” Liada tentou sinalizar o que ela queria dizer.

“Os bandidos são Vocontii?” Autumn perguntou.

“Sim, sim,” Liada e Tin Tin disseram juntas. “Vocontii.”

Autumn observou as mulheres enquanto elas falavam mais alguma coisa.

“Autumn espera com Kawalski,” Liada disse conforme ela e Tin Tin se levantavam.

“Certo.”

Tin Tin entregou o estetoscópio para Autumn, em seguida as duas correram para o outro lado do acampamento.

“Autumn,” Alexander disse, “pelo que eu vi daqueles…como eles se chamam?”

“Vocontii.”

“Pelo que eu vi deles, não acho que deveríamos ter muita esperança de encontrar o capitão Sanders vivo.”

“Você não deixaria ele para trás, deixaria, Sargento?” Ela se aproximou para tocar seu braço. “Nem se a esperança for mínima.”

“Abandone ele,” Lojab disse. “Ele consegue se virar sozinho.” E cuspiu no chão. “Nós precisamos dar o fora aqui.”

“Não.” Alexander encarou Lojab por um segundo, então se virou para Autumn. “Eu nunca deixaria ninguém para trás, assim como o capitão jamais nos deixaria. Mas esses Vocontii são tão primitivos e brutais, não consigo ver alguma razão para eles o manterem vivo. Se eles estiverem segurando ele por um resgate…” Ele olhou pelo ombro de Autumn, então apontou para aquela direção.

“Ah, não,” Autumn disse. “É o Rocrainium.” Ela ficou de pé e tentou se limpar. Tin Tin e Liada caminhavam ao lado dele. “Elas acharam que eu estava falando dele.”

“Bom,” Lojab disse, “isso vai ser interessante.”

As duas mulheres quase tinham que correr para alcançar a passada larga de Rocrainium. Logo, eles pararam diante de Alexander e Autumn.

“Autumn, Sargento,” Liada disse, apontando para eles. “Rocrainium.”

Alexander era alto, um pouco maior que um metro e oitenta, e ele precisava olhar para cima para ver Rocrainium. Ele esticou sua mão.

“Sargento,” Rocrainium disse. Ele sorriu e se aproximou para apertar as mãos. Depois ele disse, “Autumn” e apertou a mão dela também.

“Um, Rocrainium,” Liada disse, “ir…” Ela tentou sinalizar mas não estava conseguindo. Ela perguntou alguma coisa para Tin Tin Ban Sunia.

“Rocrainium,” Tin Tin disse, “ir soldados vocês Rocrainium.”

“Você quer dizer,” Autumn disse, “que seus soldados vão procurar nosso Rocrainium?” Isto foi dito com sinais tanto quanto com palavras.

“Sim, ir agora.”

“Ah, que bom.” Havia um alívio óbvio no rosto de Autumn. “Obrigada, Rocrainium.” Ela segurou a mão dele com ambas as suas mãos. “Muito obrigada. Mal posso te dizer o quão aliviada eu estou. Nosso capitão—”

“Eaglemoon,” o sargento disse, “você está forçando a barra.”

“Ah.” Ela recolheu as mãos. “Desculpa.” Seu rosto ficou vermelho sob o bronzeado. “Sinto muito. Eu não sei o que–”

“Apenas cale a boca,” Alexander disse.

Ele tocou seu coração, então esticou sua mão, palma para cima. Rocrainium respondeu com uma palavra, então olhou ao redor procurando por alguém. Seis dos jovens com capa escarlate vinham atrás de Rocrainium, e agora estavam parados por perto. Ele apontou para dois deles, e quando eles se aproximaram, Rocrainium deu a eles algumas instruções.

Os dois homens olharam rapidamente para Autumn, e depois saudaram Rocrainium com os punhos no peito. Eles se apressaram para seguir as ordens.

“Eles devem ser oficiais júnior,” Alexander disse.

“Provavelmente,” Autumn disse.

“Nós ir,” Tin Tin disse, “encontrar vocês homem.”

Autumn tocou seu coração, então esticou sua mão, palma para cima. “Obrigada.”

“Aquela Tin Tin é brilhante” Alexander disse enquanto ele e Autumn caminhavam de volta para Kawalski.

“Sim, as duas são.” Autumn ajoelhou ao lado de Kawalski. “Elas aprendem a nossa linguagem e nossos modos mais rápido do que eu aprendo o delas.” Ela checou a bandagem na ferida dele.

“Você acha que nós precisamos trocar a bandagem do braço da Cateri?” Alexander perguntou.

Autumn olhou para ele. “Sim, acho que você deveria checar.” Ela sorriu.

“Esse sorrisinho é desnecessário, e eu checaria a bandagem se eu não achasse que ela vai usar o chicote em mim.”

“Ela só te acertou ontem porque ela achou que você estava tentando tomar a carroça dela.”

“Ei, olha só aquilo,” Alexander disse.

Autumn viu duas colunas de soldados da cavalaria deixando o campo; uma indo para o sul, ao outra para o norte. Cada grupo era liderado por um dos jovens oficiais.

“Uau,” Autumn disse. “Eles falaram sério sobre encontrar o capitão Sanders.”

“Eu acho que o Rocrainium é o segundo no comando,” Alexander disse. “E aquele outro oficial que nós vimos ontem no cavalo preto deve ser o chefe.”

“Eu me pergunto qual o nome dele.”

“Você vai ter que perguntar para Tin Tin. Aqueles Vocontii devem ser uma ameaça constante. Eles atacaram duas vezes nos últimos dois dias, e cada vez que nós os derrotamos, eles correm para a mata, e se reagrupam para outro assalto.”

“Como guerrilheiros.”

“O que teria acontecido na batalha de hoje se não estivéssemos lá?” Alexander perguntou.

“Devem haver mais de quinhentos deles, e com os soldados e carroças espalhados em fila, os assaltantes são muito eficazes.”

“Eles apenas pegam tudo o que conseguem das carroças,” Alexander disse, “e quando os soldados e a cavalaria chegam, eles fogem com qualquer coisa que possam carregar.”

“Você percebeu que essas pessoas usam um tipo de trombeta para alertar todo mundo?”

“Sim.” Alexander observava Autumn ajustar o cobertor ao redor dos ombros de Kawalski. “Eu acho que três disparos significa, ‘Estamos sob ataque.’”

* * * * *

Eles não tiveram notícias do capitão Sanders pelo resto do dia.

O pelotão se estabeleceu em uma rotina, e, permanecendo em pequenos grupos, eles exploraram o campo. As pessoas que seguiam o acampamento haviam organizado um mercado rudimentar em uma seção perto do centro do campo. Depois do almoço, Joaquin, Sparks, Karina e Sharakova partiram em direção ao mercado para ver o que tinham a oferecer.

“Ei,” Lojab gritou atrás deles, “onde vocês estão indo?”

“Ao mercado,” Sparks respondeu.

“Cala a boca, Sparks,” Sharakova sussurrou.

“Legal,” Lojab disse, “Eu vou com vocês.”