A Última Missão Da Sétima Cavalaria

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O tiroteio ensurdecedor, juntamente com a visão de tantos saqueadores sendo mortos, inverteram a sorte da batalha. Os invasores fugiram de volta para a mata, deixando o que roubaram para trás no desespero para escapar. Os soldados do comboio correram em perseguição.

O oficial alto com o manto escarlate veio galopando pela trilha, seguido por uma tropa de cavalaria. Ele examinou o local, bradou uma ordem, e acionou à sua cavalaria para adentrar no bosque.

O oficial desceu do cavalo, e enquanto caminhava entre os corpos, um dos soldados da infantaria reportava a situação, falando entusiasmadamente e apontando em direção aos soldados de Alexander. O oficial balançava a cabeça e fazia perguntas enquanto olhava para o pelotão.

“Quem está com o kit de primeiros socorros?” Alexander gritou.

“Está na caixa de armas, Sargento,” Kawalski respondeu.

“Quebre-a,” Alexander disse. “Veremos o que podemos fazer por essas pessoas. Verifique a mulher na carroça primeiro. Ela está perdendo muito sangue.”

“Certo, Sargento.”

“Sparks, você está bem?” Alexander perguntou.

Sparks destravou seu colete onde a ponta da flecha se projetava. Ele conferiu se havia danos. “É.” Ele bateu os nós dos dedos em sua armadura. “Essas coisas funcionam muito bem.”

Karina estava sentadaem uma roda de carroça no chão, com seus braços apoiados nos joelhos e a cabeça nos braços.

“Ballentine!” Alexander correu até ela. “Você está ferida?”

Ela balançou a cabeça, mas não olhou para cima. Ele se ajoelhou ao lado dela.

“O que foi?”

Ela balançou a cabeça novamente.

“Se reportem pelos números, pessoal,” Alexander disse em seu microfone e sentou ao lado de Karina.

Todos responderam exceto Sharakova.

“Sharakova está bem aqui,” Sparks disse. “Ela acabou com seis dos bandidos.”

“Sparks, da pra você consertar o maldito comunicador da Sharakova?”

“Vou fazer o que posso.”

“Bom, faça antes que ela se afaste e acabe se perdendo.”

Karina tirou seu capacete e o largou no chão. “Foi fácil demais,” ela sussurrou.

Alexander esperou, em silêncio.

“Quando Kawalski atirou naquele primeiro na carroça,” Karina continuou, “e você no que estava no chão, eu entrei no modo automático.”

Alexander deu tapas em seu ombro.

“Sargento, eu nunca tinha matado ninguém.”

“Eu sei.”

“Como pode ser tão fácil? Esses caras não eram páreos para as nossas armas. Por que eu não tentei apenas parar eles em vez de explodi-los?”

“Karina—”

“Onde diabos nós estamos?” Karina perguntou. “E o que está acontecendo com a gente? Eu achei que isso era só um show elaborado até que o bandido cortou o braço da mulher e sangue de verdade começou a rolar. E aí aquele soldado teve as tripas abertas. A gente caiu em algum pesadelo surreal?”

“Eu não sei o que aconteceu com a gente, mas você reagiu exatamente como deveria. Todo o nosso treinamento foi exatamente para esse tipo de ataque. Você não tem tempo para analisar, considerar opções, ou mirar no joelho ao invés do coração. Menos de três segundos se passaram entre o primeiro tiro de Kawalski e a sua primeira morte. Você é uma soldado perfeita, não uma mulher de coração mole, pelo menos não no campo de batalha. É isso que de repente se tornou este lugar estranho, um campo de batalha. E adivinhe quem venceu a batalha? Aforça mais bem armada e treinada do mundo. Se não tivéssemos aberto fogo, aqueles saqueadores teriam vindo até nós com suas espadas e lanças depois que acabassem com aquelas outras pessoas.”

Karina levantou a cabeça e enxugou suas bochechas. “Obrigada, Sargento. Você está certo. A soldado em mim tomou controle, mas agora eu estou de volta, tentando colocar as coisas em ordem.”

“Ei, Sargento,” Kawalski interferiu pelo comunicador. “Eu preciso de ajuda com a ferida no braço dessa mulher.”

“Já vai.” Alexander se levantou e estendeu seu braço a Karina.

Ela se puxou para cima. “Eu vou.” Pegou seu rifle e seu capacete, deu um rápido abraço em Alexander, e depois correu em direção à última carroça.

“Eu também nunca matei ninguém,” ele sussurrou, “até hoje.”

“Você se saiu bem, Sargento,” o soldado Lorelei Fusilier disse no comunicador.

“Merda,” Alexander disse. “Eu sempre esqueço que essa droga de comunicador está ligado.”

“Sim, Sargento,” Sparks disse. “Você fez bem a todos nós.”

“Tudo bem, chega de conversa. Nós estamos em um desafio completamente diferente agora, então vamos verificar as coisas com muito cuidado. E fiquem atentos. No calor da batalha, nós escolhemos um lado; agora vamos descobrir se escolhemos o certo.”

Capítulo Quatro

Karina ajoelhou ao lado de um soldado da infantaria, cuidando de um corte em sua coxa. A espada tinha ido até o fim, mas se ela conseguisse limpar a ferida e estancar o fluxo de sangue, ele iria se recuperar.

Deitado no chão e apoiado em seus cotovelos, o homem ferido a observava. Os outros soldados foram coletar armas no campo de batalha, e ela conseguia ouvi-los executando os atacantes que estavam feridos — cortando suas gargantas ou enfiando a espada em seus corações. Era bárbaro, nojento, e fazia sentir raiva, mas não havia nada que ela pudesse fazer sobre isso; então, ela apenas tentou afastar os sons enquanto trabalhava.

Ela finalizou os pontos da ferida e pegou o spray de bandagem líquida, mas antes que ela conseguisse aplicar, o homem gritou enquanto uma espada descia, perfurando seu coração.

“Seu filho da mãe idiota!” Ela se levantou em um pulo, afastando o outro soldado. “Você acabou de atacar um dos seus próprios homens.”

Ele cambaleou para trás, mas se apoiou em sua espada, retirando-a do corpo do homem. Karina olhou para o homem que havia sido apunhalado; sua boca estava aberta, proferindo um silencioso e débil clamor por ajuda enquanto seus grandes olhos olhavam para o céu. Então seus olhos se fecharam e seu corpo cedeu.

“Eu poderia ter salvado ele, seu idiota ignorante.”

O soldado riu e deu um passo em direção a ela, sua espada ensanguentada apontando para o estômago dela.

“Eu tenho a mira na testa dele, Karina,” Kawalski disse no comunicador. “Apenas me diga quando, e eu explodo a cabeça dele.”

“Estou com os olhos no coração dele,” Joaquin disse.

“E eu na veia jugular,” Lorelei Fusilier disse.

“Não,” Karina disse. “Esse merda é só meu.”

“Sukal!” uma mulher gritou atrás de Karina.

O homem olhou através de Karina, depois de volta para ela, ainda com aquele sorriso de esguelha no rosto.

Karina não conseguia ver quem era a mulher—ela tinha que manter seus olhos nos dele. “O que aconteceu com seus dentes, Sukal?” ela perguntou. “Alguém arrancou eles pra você?”

Sukal empunhou sua espada como uma cobra fazendo um feitiço em frente a uma vítima hipnotizada.

“A menos que você queira comer essa espada, é melhor você tirar ela do meu caminho.”

Ele se movia para frente. Ela se abaixou, rodopiou, e bateu em seu pulso com a mão, jogando sua espada para o lado. Sukal aproveitou a oportunidade de movimento para girar a espada e trazê-la novamente para a frente dela, mirando em seu pescoço.

Karina se jogou no chão, rolou, e espetou seus tornozelos. Ele caiu bruscamente, mas rapidamente se levantou.

Ela também estava de pé, em posição defensiva, pronta para seu próximo ataque.

Ele foi até ela, querendo seu coração.

Ela se insinuou para uma lado, empurrando a espada dele, mas foi para o outro e deu soco em seu olho.

Sukal cambaleou mais fincou sua espada na terra para se firmar. Ele agarrou a arma com as duas mãos, levantou-a acima de sua cabeça, e, berrando feito um touro furioso, correu para ela.

Karina ergueu seu joelho esquerdo e o torceu para os lados enquanto empurrava seu pé para a frente em um chute de caratê que levou sua bota de combate tamanho trinta e oito bem até o estômago dele.

Sukal se curvou, soltando a espada. Em seguida caiu de joelhos, abraçando seu estômago enquanto tentava forçar ar de volta para seus pulmões.

Karina encarou o homem ofegando por um momento, e então se virou para ver quem estava atrás dela. Era a mulher de cabelo escuro que eles haviam visto em um dos elefantes. Ela veio marchando em direção a Karina e Sukal, obviamente muito brava, e parou em frente a Sukal, com seus pés separados e as mãos nos quadris. Ela falou rapidamente, gesticulando em direção ao homem morto. Karina não precisou de um interprete para que saber que ela estava brigando com Sukal por matar o homem ferido.

Sukal estava começando a respirar novamente, mas ele permaneceu de joelhos, olhando para o chão. Não parecia nenhum pouco arrependido; provavelmente apenas estava esperando ela acabar de gritar com ele.

A mulher descarregou sua raiva, então se abaixou, pegou a espada de Sukal, e a jogou o mais longe que pode. Ela fez um último insulto que terminou com uma palavra que soou como, “Kusbeyaw!” Depois ela sorriu para Karina.

A palavra poderia ter significado “idiota,” “estúpido,” ou “merdinha,” seja lá o que fosse, certamente não era um comentário lisonjeador.

“Olá,” Karina disse.

A mulher disse alguma coisa, e quando ela percebeu que Karina não compreendia, tocou dois dedos em sua boca,depois em seu peito, e apontou para Karina.

“Tudo bem.” Karina observou Sukal escorregando. “Eu dei um bom chute naquele kusbeyaw.”

 

A mulher sorriu, e em seguida começou a falar, mas foi interrompida pelo oficial alto, aquele com o manto escarlate. Ele estava a dezoito metros de distância, e sinalizou para a mulher ir até ele. Ela tocou o braço de Karina, sorriu, e foi até o oficial.

Karina olhou ao redor do campo de batalha. Os soldados do comboio haviam pegado todas as armas e objetos de valor dos saqueadores. As mulheres e crianças foram tirar as roupas dos mortos, o que não parecia grande coisa; a maior parte era pele de animal desgastada.

“Eu acho que, neste lugar, tudo tem algum valor.”

“Parece que sim,” Kady disse. “Bom trabalho com aquele escroto, Sukal. Eu nunca vi alguém tão surpreso quanto ele ficou quando seu pé atingiu ele bem no estômago.”

“É, aquilo foi bom. Mas se eu não tivesse acabado com ele, eu acho que a garota do elefante teria conseguido. Ela estava irritada.”

“Eu me pergunto o que ela disse pra você.”

“Eu acho que ela estava querendo dizer que sentia muito por Sukal ter matado o cara que eu estava cuidando. A ferida era bem feia, mas eu acho que teria se recuperado.”

“Ballentine,” o sargento Alexander disse no comunicador. “Você e Kawalski ficam de guarda na caixa de armas. Eu vou dar uma caminhada em direção ao fim desta coluna para ver o quão longa ela é.”

“Certo, Sargento,” Karina disse.

O sargento olhou para a soldado parada ao lado dele. “Sharakova,” ele disse, “venha comigo.”

“Copiado.” Sharakova jogou seu rifle sobre os ombros.

“Bom trabalho com aquele cretino, Ballentine,” o sargento disse. “Espero que você nunca fique brava comigo daquela forma.”

“Hooyah!” Kawalski disse. Ele foi acompanhado por vários outros.

Capítulo Cinco

Depois que Alexander e Sharakova voltaram da caminhada de inspeção, o pelotão carregou a caixa de armas para a beira da mata, onde eles montaram duas fogueiras e abriram as rações operacionais.

“Enquanto comemos,” Alexander disse, “mantenham seus capacetes no lugar e suas armas à mão. Antes de escurecer, vamos configurar um perímetro e fazer rodízio para vigiar. Serão duas pessoas por noite. Agora, vamos falar sobre o que vimos e ouvimos hoje.”

“Quem eram aquelas pessoas?” Kady perguntou.

“Quais deles?” Alexander perguntou.

“Os saqueadores.”

“Eu não sei quem eles eram,” Autumn disse, “mas eles eram ferozes.”

“E asquerosos,” Kady disse. “Vestindo aquelas peles de urso, eles pareciam cachorros.”

“Sim,” Lori disse, “cachorros, quase isso mesmo.”

“Olhem aquilo,” Kawalski disse. “Aquelas pessoas ainda estão atravessando. Quantos ainda faltam, Sargento?”

“Nós caminhamos por aproximadamente um quilômetro,” Alexander disse. “Atrás deste grupo de homens, tem um grande rebanho de cavalos e gado. E depois as pessoas que seguiam o exército. Mulheres, crianças, velhos, e vários comerciantes com suas carroças cheias de vestes. Atrás deles vem um monte de maltrapilhos. É como uma cidade inteira se movendo.”

“Me pergunto para onde estão indo,” Kady disse.

“Me parece,” Alexander respondeu, “que eles estão indo na direção daquele rio que nós vimos. Fora isso, não tenho a menor ideia.”

“Ei,” a soldado Lorelei Fusilier disse, segurando um dos pacotes de ração. “Alguém pegou o menu sete?”

“Sim,” Ransom disse. “Bolo de carne.”

“Você tem tempero amanteigado?”

“Talvez. O que você tem pra trocar?”

“Molho verde picante.”

Todos riram.

“Boa sorte tentando trocar essa porcaria,” Karina disse.

“Você pegou o menu vinte,” Kawalski disse, “né, Fusilier?”

“Sim.”

“Então você tem torta de cereja e mirtilo.”

“Não, essa eu já comi.”

“Aqui, Fusilier,” Alexander disse, “pode ficar com o meu tempero. Eu odeio essa coisa.”

“Obrigada, Sargento. Você quer o meu molho?”

“Não, pode ficar com ele. Alguém consegue chutar quantos soldados tem aquele exército?”

“Milhares,” Joaquin disse.

“Eu acho que são mais de dez mil,” Kady disse.

“E uns trinta elefantes.”

Karina havia acabado de comer, e agora ela usava seu iPad.

“Lá vem os seguidores,” Kawalski disse.

Enquanto as mulheres e crianças passavam, muitos falavam com os soldados de Alexander, e algumas crianças acenaram. Todos pareciam de bom humor, apesar de estarem andando, provavelmente, o dia todo.

Os soldados da Sétima não conseguiam entender a linguagem, mas eles retribuíam os cumprimentos.

“Sabe o que eu acho?” Kawalski disse.

“O quê?” Alexander mordeu um pedaço de mortadela.

“Que as notícias da nossa vitória sobre aqueles bandidos se espalharam até o fim da fila. Você notou como eles estão sorrindo e começando a nos tratar com um pouco mais de respeito?”

“Pode ser.”

Uma grande carroça de quatro rodas passou, com um homem e uma mulher sentados em um monte de peles na parte da frente do veículo. Dois bois puxavam a carroça. A mulher sorriu olhando para os soldados, e o homem estendeu sua mão em saudação.

Joaquin respondeu o cumprimento. “Esse é o primeiro cara gordo que eu vejo.”

Karina ergueu os olhos de seu iPad. “É, eu também.”

“O que você está lendo, Karina?” Kady perguntou.

“Meus livros didáticos. Estou fazendo uma graduação em veterinária técnica”

“Você está online?”

“Quem me dera,” Karina disse. “Eu tentei conectar novamente, mas não tem sinal. Tenho todos os meus livros em um microchip.”

Dois cavaleiros vieram ao longo do caminho, da frente da coluna. Quando viram o pelotão, saíram da trilha e desceram dos cavalos

“Ei,” Kawalski disse, “são as garotas dos elefantes.”

Karina abaixou seu iPad e foi cumprimentar as duas mulheres. Alexander, Kawalski, Lojab, e Kady a seguiram.

As mulheres ficaram ao lado de seus cavalos, segurando as rédeas. Elas pareciam hesitantes, inseguras sobre como se aproximar dos estranhos. Suas roupas eram similares às das outras mulheres na trilha, mas o pano tinha uma textura mais fina, e o corte era mais ajustado. As cores cinza e bege, com alguns enfeites vermelhos, pareciam novas e vivas. Suas roupas consistiam em túnicas curtas sobre calças não muito apertadas, e suas sandálias de couro tinham borlas como ornamentos em torno dos tornozelos.

Karina estendeu sua mão para a morena. “Olá, é bom te ver novamente.”

A mulher sorriu e apertou a mão de Karina, em seguida, disse algumas palavras.

Karina balançou a cabeça. “Eu não entendo sua língua.”

A loira disse alguma coisa para Kady.

“Você não sabe falar inglês?” Kady perguntou.

A outra mulher falou novamente, e depois a loira disse alguma coisa.

“Você sabe o que elas estão fazendo, Sargento?” Kawalski perguntou.

“Falando muito e não dizendo nada?”

“Eu acho que estão tentado diferentes línguas com a gente.”

“É, bom,” Lojab disse, “eu acho que elas são idiotas. Por que elas não falam inglês igual a todo mundo?”

“É tudo grego pra mim,” Kady disse.

Alexander olhou para Kady. “Você pode estar certa. Ei, Spiros,” ele falou em seu microfone.

“Sim, Sargento?” o soldado Zorba Spiros respondeu.

“Onde vocês estão?”

“Estou bem aqui, na outra fogueira.”

“Vem aqui, rápido.”

Spiros logo estava parado ao lado de Alexander. “Uau, elas são sexy.”

“Você é grego, não é?” Alexander disse.

“Meus pais são.”

“Tente falar um pouco de grego com elas.”

“Eu não falo muito bem.”

“Você pode tentar, ‘Olá, onde diabos nós estamos?’”

Spiros disse duas palavras, parou, olhou para o chão, depois para as árvores. “Um…” ele falou, e então fez uma pergunta em grego.

As duas mulheres o encararam por um momento, em seguida olharam uma para a outra. A que estava na direita fez uma pergunta para Spiros.

“O quê?” Spiros disse, estendendo suas mãos, com as palmas pra cima.

A outra mulher fez a mesma pergunta.

“O que é, Spiros?” Alexander perguntou. “Elas estão falando grego?”

“Sim, mas…”

“Mas o quê?”

“Não é igual o grego que eu aprendi. É meio que…um dialeto diferente ou algo assim.”

A primeira mulher fez outra pergunta.

“Eu acho que elas perguntaram que língua eu falei, e aí ela perguntou se nós viemos da Ibéria.”

“Pergunte o quão longe estamos de Kandar,” Alexander disse.

Spiros perguntou, e a da esquerda respondeu. “Ela perguntou, ‘Quão longe de onde?’ Elas nunca ouviram falar de Kandar.”

A mulher disse algo a mais.

“Ei…” Spiros encarou a loira.

“O que foi?” Alexander perguntou.

“Eu acho que elas estão falando Linear B.”

“Linear o quê?”

“Linear B,” Spiros disse.

“Espera um pouco,” Karina disse. “Linear B nunca foi uma linguagem falada. Era uma forma antiga do grego escrito.”

“Você quer dizer,” Kawalski disse, “que elas não estão falando grego moderno?”

“Sim,” Spiros disse. “Você se lembra, no ensino médio, de ler Os Contos de Cantuária e certas partes estarem escritas em inglês medieval?”

“Sim,” Alexander disse.

“Se alguém falasse com você nesse inglês antigo, você teria dificuldade em entender, mas algumas palavras são as mesmas que usamos hoje. É isso que eu estou escutando, algumas palavras em grego que eu compreendo, mas muitas são grego antigo.”

A mulher com o cabelo castanho tocou o braço de Spiros e fez uma pergunta.

Spiros pareceu surpreso, e então balançou a cabeça. “Não.”

“O que ela disse?” Alexander perguntou.

“Ela perguntou se nós somos romanos.”

Capítulo Seis

“Busque a Apache,” Kawalski disse. “Ela pode falar 'nativo americano' com elas.”

“Sabe de uma coisa, Kawalski?” Alexander disse.

“Tá legal, já sei. Cale a boca.”

“Ocasionalmente, Kawalski,” Alexander disse, “você tem uma faísca de inteligência.” Ele falou em seu microfone, “Soldado Autumn Eaglemoon, ao centro.”

Autumn correu para onde estavam Alexander e os demais, parados observando as duas mulheres. “Se elas não entendem inglês, Sargento, com toda certeza não vão entender Apache.” Ela estava ouvindo a conversa em seu comunicador.

“Não,” Alexander disse. “Mas na festa de aniversário do Kawalski, quando tocou ‘Born This Way,’ você se levantou e cantou a música em linguagem de sinais.”

“Sim, mas a essa hora eu já estava dois-terços bêbada.” Ela olhou para as duas mulheres. “Eu não posso falar em língua de sinais com essas pessoas.” Olhou de volta para Alexander. “A menos que você tenha uma garrafa de aguardente escondida na sua mochila.”

“Apenas tente, Eaglemoon. Se não funcionar, tentaremos outra coisa.”

“Tudo bem, você é o chefe.” Ela entregou seu rifle para Alexander e largou sua mochila no chão. “Já que você não tem álcool, vou ter que improvisar. Agora, deixe me ver.” Ela fez um movimento com a mão, indicando todos em seu pelotão. “Nós,” Ela juntou suas mãos na forma de um pássaro e as flutuou pelo ar, “voamos alto no céu.” Ela ergueu as mãos acima de sua cabeça e as colocou em forma de paraquedas, depois as desceu. “Nós pulamos de nosso avião e flutuamos até o chão.”

As duas mulheres assistiam atentamente aos movimentos de Autumn. A morena pareceu perplexa, mas a loira foi em direção a Autumn. Ela tocou seu braço, disse algumas palavras, e apontou para um corvo voando no céu. Então repetiu os sinais de Autumn e terminou com um olhar de dúvida, como se estivesse perguntando se estava correto.

“Sim,” Autumn respondeu. “E agora,” ela ergueu seus braços e estendeu as mãos, palmas para cima, enquanto encolhia os ombros e olhava para os lados, como se estivesse procurando por algo, “nós estamos perdidos.”

A loira encarou Autumn por um segundo, então esticou a mão ao redor para incluir todos no pelotão. “Nov evtamos perdidov?” Ela disse e repetiu o sinal de Autumn para estar perdido.

Autumn fez que sim.

A loira balançou a cabeça, chegou até Autumn, e colocou um braço ao redor de seus ombros. Ela falou algumas palavras e foi para trás, mantendo sua mão no braço de Autumn. Apontou todos os soldados de Alexander, e depois todos do seu povo enquanto falava algumas palavras.

 

Autumn interpretou o que acreditava que a mulher estava dizendo, “Seu pelotão e o meu povo…”

Ela fez um movimento de juntar em direção ao pelotão.

“Não, espera,” Autumn disse. “Ela quis dizer que o seu povo está se reunindo com o nosso povo…”

A mulher falou e apontou para seu olho, e depois para o pelotão.

Ela e Autumn trocaram mais sinais, mas Autumn não estava falando; apenas observando e respondendo com suas mãos.

Depois de um momento, Autumn segurou a mão da mulher. “Autumn,” ela disse, levando a mão da mulher até o seu peito.

“Autumn?” a loira perguntou.

“Sim.”

“Autumn.” Ela colocou sua mão em seu próprio peito. “Tin Tin Ban Sunia.”

“Tin Tin Ban Sunia. É um nome bonito.”

Tin Tin Ban Sunia levou Autumn até a outra mulher. “Liada,” ela disse enquanto juntava as mãos das duas mulheres. “Autumn,” ela disse para Liada.

“Liada,” Autumn disse. “É um prazer conhecê-la.”

As três mulheres andaram em direção aos cavalos, para longe do pelotão.

Liada sorriu. “Autumn.” Ela disse mais algumas palavras.

Autumn tocou a bochecha de Tin Tin. “Isso não é uma tatuagem.”

“O que é?” Kawalski perguntou no comunicador.

“Está cicatrizado, parece muito com uma marca.”

“Ela foi marcada?” Kawalski perguntou. “Como uma vaca?”

“Sim, e pela aparência da cicatriz, foi feita há muito tempo atrás. É tipo uma forquilha, com uma cobra enrolada ao redor do eixo. E também tem uma flecha atravessando o eixo.”

Tin Tin sorriu e virou o rosto de Liada para o lado.

“Liada tem uma igual,” Autumn disse. “As duas foram marcadas quando crianças.”

Tin Tin falou com Liada usando linguagem de sinais para ajudar Autumn. Ela apontou para o pelotão e tocou o ombro de Autumn. Liada apontou para Alexander. As três olharam para ele. Elas estavam a uns trinta metros de distância. Conforme Alexander se contorceu sob o olhar delas e passou o rifle de Autumn para sua outra mão, Kawalski riu.

“Para com isso, Kawalski,” Alexander disse.

“Ok, Sargento.” Kawalski sorriu.

“Ele é Alexander,” Autumn disse para Liada.

“Alder…” Liada disse. “Alexder?”

“É, esse é difícil. Apenas o chame de ‘Sargento.’” Ela sorriu. “Sargento.”

“Sargento?” Liada perguntou.

“Sim, o nome dele é ‘Sargento.’”

Tin Tin e Liada conversaram entre si por um momento, repetindo a palavra “Sargento” diversas vezes.

Liada bateu no capacete de Autumn com as costas dos dedos e levantou os ombros.

“Ah, isso aqui?” Ela destravou o cinto e tirou o capacete, soltando seu longo cabelo. Ela o entregou para Liada. “Capacete.”

“Capacete?” Liada pegou e o olhou por completo.

Tin Tin se aproximou para tocar no cabelo de Autumn. Ela sorriu e disse algo enquanto passava os dedos pelos fios pretos até a altura da cintura.

“Obrigada,” Autumn disse, “mas deve estar uma bagunça.”

Ela pegou uma escova num bolso interno de sua jaqueta, colocou o cabelo sobre seu ombro, e começou a escová-lo. Tin Tin Ban Sunia ficou fascinada com a escova de cabelo. Ela disse algo para Liada.

“Ai, Deus,” Kawalski disse no comunicador. “E lá vamos nós. Primeiro cabelo, depois elas vão falar sobre maquiagem. E depois disso, serão as roupas.”

Liada encarou o capacete, inclinando sua cabeça para o lado e levantando uma sobrancelha.

“Eu acho que a Liada está nos ouvindo,” Karina disse.

Autumn jogou seu cabelo para trás novamente e estendeu sua escova para Tin Tin, que sorriu e tentou escovar seu cabelo, mas ele estava muito emaranhado.

“Aqui,” Autumn disse, “deixe eu te mostrar.” Ela trouxe o cabelo de Tin Tin para a frente e começou a escovar pelas pontas . O cabelo dela era quase tão longo quanto o de Autumn. “Sabe de uma coisa? Algumas mulheres matariam por um cabelo naturalmente enrolado.”

Autumn e Tin Tin continuaram conversando e usando sinais enquanto Autumn escovava o cabelo de Tin Tin, mas o pelotão já não as ouvia mais.

“Eu acho que você perdeu o controle dessa vez, Sargento,” Kawalski disse.

Alexander concordou.

Tin Tin apontou para o pelotão e fez uma pergunta. Autumn ergueu seu braço direito e apontou para o sudeste. Ela fez um movimento de subida e descida com a mão, como algo muito distante depois das colinas. Então entregou a escova para Tin Tin para liberar as mãos e perguntou em sinais, “O que é esse lugar?”

Tin Tin falou, mas o pelotão não conseguiu ouvir o que ela dizia. Autumn tocou a manga da túnica de Tin Tin, sentindo o material. Tin Tin perguntou sobre o zíper na jaqueta de Autumn.

“O que foi que eu disse?” Kawalski falou. “Já estamos nas roupas. O batom não deve estar muito longe.”

“Kawalski,” Karina disse, “você nem sabe o que é importante na vida, não é?”

“Bem, aparentemente é cabelo, roupas, e maquiagem. Parece que a Apache esqueceu sobre ‘Onde estamos?’, ‘Quem são vocês?’, e ‘Qual é a de todos aqueles elefantes?’”

Liada levou o capacete em direção ao seu ouvido, obviamente curiosa. Ela olhou para Autumn, levantando as sobrancelhas.

“Claro, pode colocar.” Autumn fez um movimento em direção à cabeça de Liada.

“Ei, Sargento,” Lojab disse. “Está vendo aquilo?”

“Vai ser interessante,” Alexander respondeu.

“Ela consegue nos ouvir?” Sparks perguntou.

“Claro, se o comunicador da Apache estiver ligado.”

“Oi, docinho,” Lojab disse.

Quando metade do pelotão começou a falar ao mesmo tempo, Liada soltou uma exclamação e arrancou o capacete. Ela olhou dentro, depois em volta do capacete, e por fim o estendeu para Tin Tin, dizendo alguma coisa para ela. Tin Tin olhou dentro do capacete, mas balançou a cabeça.

Autumn se inclinou para perto do microfone. “Se vocês forem falar com as senhoritas, façam um de cada vez. Se não vão deixá-las assustadas.” Ela sinalizou para Tin Tin colocar o capacete enquanto ela colocava seu cabelo para trás.

Tin Tin entregou a escova para Liada, e depois colocou cuidadosamente o capacete, inclinando sua cabeça para o lado e escutando. Ela arregalou os olhos.

“Sargento?”

“Sargento?” Liada perguntou enquanto começava a escovar seu cabelo como ela havia visto Autumn fazer para Tin Tin.

Tin Tin deu um tapa na lateral do capacete, acima do ouvido direito. Ela disse algo para Liada, então as duas olharam para Alexander, que sorriu e deu um tapa na lateral do seu capacete também. Autumn apontou para o pequeno microfone embutido no forro do capacete e fez um movimento de falar com a sua mão.

Tin Tin falou no microfone. “Tin Tin Ban Sunia.”

“Sargento,” Alexander disse.

Tin Tin sorriu. “Liada,” ela falou e apontou para sua amiga.

“Liada,” o sargento disse.

“Autumn,” Tin Tin disse.

“Sim, Autumn Eaglemoon.”

“Sim,” Tin Tin repetiu. “Autumn Eagle Mon.” Ela sorriu para Autumn.

“Ei, Sargento,” Lojab disse. “Eu vi ela primeiro. Deixa eu falar com ela.”

Tin Tin olhou ao redor procurando de onde vinha a nova voz. Alexander apontou para Lojab.

“Lojab,” ele disse em seu microfone.

“Lojab,” Tin Tin disse.

“Oi, Tin Tin.” Lojab acenou.

Ela acenou e sorriu. “Perdi porch mcdonal.”

Lojab riu. “Perdi meu Porsche.”

“Perdi meu porch.”

“Bom,” Lojab disse.

“Bom.”

Liada disse algo para Tin Tin, que removeu o capacete e o entregou para Liada. Liada então devolveu a escova para Tin Tin e colocou o capacete.

“Sargento?”

“Liada,” Alexander disse.

Lojab foi em direção de Tin Tin, retirando seu capacete. Seu cabelo loiro estava raspado. Ele tinha um pouco mais de um metro eoitenta, e um corpo forte e musculoso. Suas mangas estavam dobradas, exibindo uma tatuagem de Jesus em uma Harley no seu bíceps esquerdo. Jesus sorria, com sua auréola sendo levada para trás com o vento.

“Lojab perdi meu porch,” Tin Tin disse e deu risada.

“Você aprende rápido, Tin Tin.”

Lojab estendeu sua mão para ela. Ela olhou para sua mão, se aproximou para segurá-la, mas pareceu mais interessada em outra coisa. Ela passou a mão pela sua cabeça.

“Isso é um cabelo raspado,” Lojab disse.

“Raspado.” Ela tocou sua barba, que ele não fazia há dois dias. “Raspado?”