Antes Que Ele Sinta

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CAPÍTULO DOIS

Mackenzie sentiu um calafrio passar por ela enquanto Ellington os guiava pela Rota Estadual 47, se aprofundando no coração da Virgínia rural. Virgínia rural. Alguns milharais apareceram aqui e ali, quebrando a monotonia dos extensos campos e florestas. A quantidade de milharais não era páreo para o que ela estava acostumada no Nebraska, mas a vista deles ainda a deixava um pouco apreensiva.

Felizmente, quanto mais perto eles chegavam da cidade de Stateton, menos milharais ela via. Eles foram substituídos por acres de terra recém-nivelada que foram devastados por madeireiras locais. Fazendo pesquisas sobre a área durante a viagem de quatro horas e meia, ela viu o local onde havia um distribuidor de madeira bem grande na cidade vizinha. Quanto à cidade de Stateton, entretanto, havia o Lar para Cegos Wakeman, umas poucas lojas de antiguidade e quase mais nada.

"Esses arquivos do caso lhe dizem alguma coisa da qual eu ainda não esteja a par? É difícil ler o fluxo constante de e-mails daqui do banco do motorista."

"Nada na verdade," ela disse. "Parece que vamos ter que passar pelos mesmos procedimentos de sempre. Visitar as famílias, o lar para cegos, coisas do tipo."

"Visitar as famílias… deve ser fácil em uma cidadezinha consanguínea como essa, hein?!"

Ela ficou chocada a princípio, mas então deixou passar. Ela havia aprendido, após algumas semanas juntos como o que ela supôs que poderia ser considerado "um casal", que Ellington tinha um senso de humor relativamente ativo; contudo, poderia ser seco algumas vezes.

"Você já passou muito tempo em um lugar como esse?" perguntou Mackenzie.

“Acampamento de Verão,” disse Ellington. "É um pedaço dos meus anos de adolescente que eu realmente gostaria de esquecer? Era ruim desse jeito no Nebraska?"

"Não desse jeito, mas ficava desolado algumas vezes. Há momentos nos quais eu acho que eu prefiro a calma lá fora, em lugares como esse, mais do que eu gosto do tráfego abarrotado e das pessoas em lugares como DC."

"É, eu acho que posso entender isso."

Era divertido para Mackenzie conseguir conhecer Ellington melhor sem as armadilhas de um relacionamento tradicional de encontros. Mais do que aprender um sobre o outro em jantares chiques ou em longas caminhadas em um parque, eles iriam se conhecer durante viagens de carro e no tempo passado em escritórios do FBI ou em salas de conferência. E ela apreciava cada minuto disso. Algumas vezes ela se perguntava se algum dia ela ficaria cansada de conhecê-lo.

Até agora, ela não tinha certeza de que isso fosse possível.

Em frente, uma pequena placa ao lado da estrada lhes dava as boas vindas a Stateton, Virgínia. Uma estrada de duas pistas simples os levou através de mais árvores. Umas poucas casas e seus gramados quebraram a monotonia da floresta por cerca dois quilômetros, antes que algum sinal real de uma cidade predominasse. Eles passaram por um restaurante de copo sujo, uma barbearia, duas lojas de antiguidades, uma loja de suprimentos para fazenda, dois pequenos mercados, um posto dos correios e, então, depois de cerca de três quilômetros de tudo isso, uma construção de tijolos perfeitamente quadrada logo ao lado da rua principal. Uma placa de estilo bem militar logo na entrada dizia Departamento de Polícia e Instalações Carcerárias do Condado de Staunton.

"Já viu isso antes?" perguntou Ellington. “Uma delegacia e a cadeia do condado em um só prédio?"

"Algumas vezes no Nebraska," ela disse. "Acho que é muito comum em lugares como este. A prisão de verdade mais próxima de Stateton fica em Petersburg, que fica a aproximadamente cento e trinta quilômetros de distância, eu acho."

“Jesus, esse lugar é pequeno. Vamos conseguir terminar isso bem rápido."

Mackenzie assentiu enquanto Ellington virava na entrada e para o estacionamento da grande construção de tijolos que parecia estar literalmente no meio do nada,

O que ela estava pensando mais não disse era: eu só espero que você não tenha nos dado azar.

***

Mackenzie sentiu o cheiro de café preto e de alguma coisa parecida com Febreze quando entraram no pequeno saguão na frente do edifício. Parecia bastante agradável no interior, mas era um prédio antigo. Sua idade podia ser vista nas rachaduras do teto e na óbvia necessidade de um novo carpete no saguão. Uma mesa enorme ficava junto à parede dos fundos e, embora também parecesse ser tão velha como o restante do edifício, estava bem conservada.

Uma mulher mais velha se sentava atrás da mesa, folheando um grande fichário. Quando ela ouviu Mackenzie e Ellington entrarem, olhou para cima com um enorme sorriso. Era um belo sorriso, mas também mostrava a idade dela. Mackenzie supôs que ela estivesse atingindo os setenta.

"Vocês são os agentes do FBI?" perguntou a velha senhora.

"Sim, senhora," disse Mackenzie. "Eu sou a Agente White e esse é meu parceiro, o Agente Ellington. O xerife está por aí?"

"Ele está," ela disse. "De fato, ele me pediu para encaminhá-los diretamente para o escritório dele. Ele está bem ocupado fazendo ligações sobre a última horrível morte. Basta descer pelo corredor à esquerda de vocês. A sala dele é a última à direita."

Eles seguiram as direções dela e ao descerem o longo corredor que levava aos fundos do edifício, Mackenzie foi surpreendida pelo silêncio do lugar. No meio de um caso de assassinato, ela esperaria que o lugar estivesse repleto de atividade, mesmo estando no meio do nada.

Enquanto iam para o fundo do corredor, Mackenzie reparou alguns poucos avisos que foram postados nas paredes. Um dizia: Acesso a Prisão Requer Cartão. Em outro se lia: Todas as Visitas à Prisão Devem Ser Liberadas por Policiais do Condado! Aprovação Deve Ser Apresentada No Momento da Visita!

Sua mente começou a correr com pensamentos sobre a manutenção e regulamentos que deveriam ser instaurados para que uma prisão e um departamento de polícia compartilhassem o mesmo espaço. Era bem fascinante para ela. Mas antes que sua mente pudesse ir além, eles chegaram ao escritório nos fundos do corredor.

Letras douradas haviam sido pintadas na parte superior de vidro da porta, onde se lia Xerife Clarke. A porta estava parcialmente aberta, então Mackenzie a abriu devagar para o som de uma forte voz masculina. Quando ela espreitou dentro, viu um homem corpulento atrás de uma mesa, falando alto no telefone da mesa. Outro homem estava sentado em uma cadeira no canto, digitando furiosamente em seu celular.

O homem atrás da mesa—Xerife Clarke, Mackenzie presumiu—interrompeu-se ao telefone quando ela abriu a porta.

"Um minuto, Randall," ele disse. Ele cobriu o captador e olhou intermitentemente entre Mackenzie e Ellington.

"Vocês são do FBI?" ele perguntou.

"Nós somos," disse Ellington.

"Graças a Deus," ele suspirou. "Dê-me um segundo." Ele então descobriu o captador do telefone e continuou com sua outra conversa. "Olhe, Randall, a cavalaria acabou de chegar. Você estará disponível em quinze minutos? Sim? Ok, ótimo. Vejo você então."

O homem corpulento desligou o telefone e veio ao redor da mesa. Ele ofereceu a mão carnuda a eles, aproximando-se primeiro de Ellington. "Prazer em conhecê-los," ele disse. "Sou o Xerife Robert Clarke. Esse," ele disse indicando com a cabeça o homem sentado no canto, "é o Policial Keith Lambert. Neste momento, meu delegado está fora patrulhando as ruas, fazendo o melhor para encontrar algum tipo de pista nesse crescente desastre."

Ele quase se esqueceu de Mackenzie quando terminou de apertar a mão de Ellington, oferecendo outro aperto de mão para ela quase como uma consideração posterior. Quando apertou a mão dele, ela fez as introduções, esperando que o atentaria para o fato de que ela era tão capaz de liderar essa investigação quanto os homens na sala. Instantaneamente, velhos fantasmas do Nebraska começaram a agitar as correntes na cabeça dela.

"Xerife Clarke, eu sou a Agente White e esse é o Agente Ellington. Você será nosso contato aqui em Stateton?"

“Querida, eu vou ser quase tudo de vocês enquanto estiverem aqui," ele disse. "A força policial de todo o condado reúne colossais doze pessoas. Treze se você contar a Frances lá na recepção e no despacho. Com essa matança acontecendo, estamos bem esparsos."

"Bom, vamos ver o que podemos fazer para aliviar o seu fardo," disse Mackenzie.

"Quem me dera que fosse fácil assim," ele disse. "Mesmo se resolvermos esta maldita coisa hoje, eu vou ter metade do conselho de supervisores do condado no meu rabo."

"Por que isso?" perguntou Ellington.

"Bem, os jornais locais acabaram de tomar conhecimento da identidade da vítima. Ellis Ridgeway. A mãe de um emergente político nojento e babaca. Alguns dizem que ele pode conseguir chegar ao senado dentro de mais cinco anos."

"E quem é esse?" perguntou Mackenzie.

“Langston Ridgeway. Vinte e oito anos de idade e acha que é a merda do John Kennedy."

“Sério?” Disse Mackenzie, um pouco surpresa que isso não tenha sido incluído nos relatórios.

“Sim. Como o jornal local conseguiu essa informação está além de mim. Os idiotas não conseguem soletrar direito metade do tempo, mas isso eles conseguem."

"Eu vi as placas do Lar para Cegos Wakeman no caminho para cá," disse Mackenzie. "Fica apenas a nove quilômetros daqui, correto?"

"Cem por cento," disse Clarke. "Eu acabei de falar com Randall Jones, o gerente de lá. Era com quem eu estava no telefone quando vocês entraram. Ele está por lá agora para responder quaisquer perguntas que vocês tenham. E quanto antes melhor. A mídia e alguns mandachuvas do condado estão ligando para ele e o importunando.”

"Bem, vamos até lá," disse Mackenzie. "Você vai com a gente?"

“De jeito nenhum, querida. Estou atolado por aqui. Mas, por favor, volte quando terminarem com Randall. Eu vou ajudá-los da forma que eu puder, mas, realmente… eu adoraria passar essa bola para vocês.”

 

"Sem problema," disse Mackenzie. Ela não sabia ao certo como lidar com Clarke. Ele era honesto e sem rodeios, o que era bom. Ele também parecia adorar soltar palavrões. Ela também pensou que quando ele a chamou de querida, ele não estava sendo ofensivo. Era aquele estranho tipo de charme sulista.

Além disso, o homem estava estressado além da conta.

"Nós voltaremos direto para cá quando terminamos no lar," disse Mackenzie. "Por favor, nos ligue se você souber de algo novo até lá."

"É claro," afirmou Clarke.

No canto, ainda digitando no telefone, o Policial Lambert grunhiu em acordo.

Tendo gasto menos de três minutos no escritório do Xerife Clarke, Mackenzie e Ellington andaram de volta pelo corredor e saíram pelo saguão. A mulher mais velha, que Mackenzie assumiu ser a Frances que Clarke mencionara, acenou-lhes vivamente enquanto eles saíam.

"Bem, isso foi… interessante," disse Ellington.

"O cara está sobrecarregado até a cabeça," ela disse. "Dê uma folga a ele."

"Você só gosta dele, porque ele te chama de querida," disse Ellington.

"E?" ela disse com um sorriso.

"Ei, eu posso começar a chamar você de querida."

"Por favor, não," ela disse ao entrarem no carro.

Ellington os conduziu por meio quilômetro até a Rodovia 47 e então pegou a esquerda na estrada de volta. Logo de cara, viram uma placa indicando o Lar para Cegos Wakeman. Ao se aproximarem da propriedade, Mackenzie começou a imaginar porque alguém teria escolhido um lugar tão aleatório e isolado como local de um lar para cegos. Certamente, havia algum tipo de significado psicológico por trás disso. Talvez estar localizado no meio do nada os ajudasse a relaxar, removidos dos zumbidos de uma grande cidade.

Tudo o que ela sabia com certeza era que, enquanto as árvores ficavam mais espessas ao redor deles, ela começava a se sentir mais sufocada do resto do mundo. E pela primeira vez em um logo período, quase ansiou pela familiar vista daqueles milharais da sua juventude.

CAPÍTULO TRÊS

O Lar para Cegos Wakeman não parecia nada com o que Mackenzie estava esperando. Em contraste com o Departamento de Polícia e Instalações Carcerárias do Condado de Staunton, o Lar para Cegos Wakeman parecia com uma maravilha moderna do design e da construção—e essa era a vista que Mackenzie tinha antes mesmo de entrar.

A frente do lugar era composta de grandes janelas de vidro que pareciam formar a maior parte das paredes. Na metade da calçada até a entrada, Mackenzie já conseguia ver o interior. Ela viu um amplo saguão que se assemelhava com algo saído direto de algum tipo de spa. Era amigável e convidativo.

Era uma sensação que apenas se intensificou uma vez que entraram. Tudo era muito limpo e parecia novo. Na pesquisa que ela havia feito a caminho de Stateton, ela descobriu que o Lar para Cegos Wakeman fora construído apenas em 2007. Quando foi construído, houve uma ligeira comemoração no Condado de Staunton, já que trouxe novos postos de trabalho e comércio. Agora, no entanto, enquanto ainda era um dos edifícios mais proeminentes do condado, a excitação havia morrido e o lar parecia ter sido engolido pelo seu entorno rural.

Uma jovem mulher sentava-se atrás de um balcão curvo ao longo da parede do fundo. Ela os cumprimentou com um sorriso, mas evidente que estava perturbada. Mackenzie e Ellington se aproximaram, se apresentaram e foi-lhes solicitado que se tomassem um assento na área de espera enquanto Randall Jones saía para encontrá-los.

Como se viu, Randall Jones estava muito ansioso para conhecê-los. Mackenzie ficou sentada por não mais que dez segundos antes que um conjunto de portas duplas que levavam aos fundos do edifício se abrissem no outro lado da sala de espera. Um homem alto, vestindo uma camisa social e calças cáqui as atravessou. Ele tentou um sorriso enquanto se apresentava, mas, assim como a recepcionista, não conseguia esconder o fato de que ele estava cansado e muito conturbado.

"Eu estou feliz que vocês estejam aqui tão cedo," disse Jones. "Quanto mais cedo conseguirmos finalizar isso, melhor. As fofocas dessa pequena cidade estão em fogo com isso."

"Nós também gostaríamos de derrubar isso o quanto antes," disse Mackenzie. "Você sabe exatamente onde o corpo foi encontrado?"

"Sim. é um jardim de rosas a cerca de oitocentos metros daqui. Originalmente, seria o local para o Wakeman, mas alguma estranha regulação de zoneamento do condado atrapalhou tudo."

"Você poderia nos levar até lá?" perguntou Mackenzie.

“Claro. Tudo o que vocês precisarem. Venham comigo."

Jones os levou através das portas duplas que ele havia atravessado. No outro lado, havia uma pequena alcova que levava diretamente para o lar. As primeiras portas pelas quais passaram eram escritórios e espaços de depósito. Estas eram separadas dos quartos do residentes por uma área aberta de escritório onde um homem e uma mulher estavam sentados atrás de um espaço de balcão bem parecido com uma ala hospitalar.

Ao passarem pelos quartos, Mackenzie espreitou dentro de um que estava aberto. Os quartos eram bastante espaçosos e eram enfeitados com uma bela mobília. Ela também viu notebooks e tablets em alguns dos quartos.

Apesar de estar localizado no meio do nada, aparentemente não havia uma escassez de fundos para manter o lugar funcionando, ela pensou.

"Quantos residentes vivem aqui?" perguntou Mackenzie.

"Vinte e seis," ele disse. "E eles vêm de todos os lugares. Nós temos um senhor mais velho que veio da Califórnia, por causa do serviço excepcional e da qualidade de vida que nós podemos proporcionar."

"Perdoe-me caso seja uma pergunta ignorante," disse Mackenzie, "mas que tipo de coisas eles fazem?"

"Bem, nós temos aulas que cobrem uma grande variedade de interesses. A maioria tem que ser especializada para atender as necessidades deles, é claro. Nós temos aulas de culinária, programas de exercício, clube de jogos de tabuleiro, clubes de trívia, aulas de jardinagem, artesanato, coisas do tipo. Também, algumas vezes por ano, organizamos passeios para permitir-lhes fazer trilhas ou nadar. Ainda temos duas almas corajosas que são levadas para canoagem sempre que saímos."

Ouvir tudo isso fez Mackenzie se sentir insensível, mas também feliz. Ela não tinha ideia de que pessoas que eram completamente cegas poderiam se tornar adeptas a coisas como canoagem e natação.

Próximo ao fim do corredor, Jones os levou a um elevador. Quando entraram e desceram, Jones se escorou na parede, claramente exausto.

"Sr. Jones," disse Mackenzie, "você tem alguma ideia de como os jornais da região já tenham descoberto sobre o assassinato?"

"Não faço ideia," ele disse. "Essa é uma das razões para eu estar tão cansado. Eu estive interrogando minha equipe extensivamente. Mas todos estão limpo. Certamente, há um vazamento, mas eu não tenho noção de onde ele esteja vindo."

Mackenzie assentiu. Não é muito de se preocupar, ela pensou. Um vazamento em uma cidade pequena como essa é quase certo. No entanto, isso deve ficar no caminho da investigação.

O elevador parou e os deixou em um pequeno tipo de porão com acabamento. Algumas cadeiras estavam espalhadas aqui e ali, mas Jones os levou para uma porta logo a frente deles. Eles saíram e Mackenzie se viu atrás do edifício, de frente para um estacionamento para funcionários.

Randall os levou até o carro dele e quando entraram, ele não perdeu tempo para ligar o ar condicionado. O interior do carro era como uma fornalha, mas o ar condicionado logo começou seu trabalho.

"Como a Sra. Ridgeway chegou ao jardim?" perguntou Ellington.

"Bem, considerando que estamos no meio do nada, nós permitimos aos nossos residentes certa liberdade. Nós temos um toque de recolher às nove horas durante o verão—o qual cai para as seis horas no outono e no inverno, quando escurece mais cedo. O jardim de rosas para o qual nos dirigimos é um local que alguns dos residentes vão apenas para dar uma volta. Como vocês irão perceber, é uma caminhada rápida sem qualquer perigo."

Randall os levou para fora do estacionamento e virou na estrada. Ele se deslocou para na direção oposta do departamento de polícia, revelando um novo seguimento da estrada para Mackenzie e Ellington.

A estrada era uma reta que se afastava para mais distante, de volta para a floresta. Mas dentro de trinta segundos, Mackenzie foi capaz de ver os pequenos portões de ferro fundido que limitavam o jardim de rosas. Randall estacionou em uma pequena faixa de estacionamento, no qual havia apenas três outros carros parados, um dos quais era uma viatura policial abandonada.

“O Xerife Clarke e seus homens estiveram por aqui a maior parte da noite passada e cedo nessa manhã," Randall disse. "Quando ele ouviu que vocês estavam vindo, ele a abandonou. Ele realmente não quer atrapalhar, sabem?"

"Nós certamente apreciamos isso," disse Mackenzie, saindo do veículo de volta para o calor sufocante.

"Nós sabemos de fato que esse foi o último lugar que Ellis Ridgeway visitou," disse Randall. "Ela passou por outros dois residentes a caminho da saída, assim como por mim. Provas adicionais disso podem ser vistas nas câmeras de segurança no lar. Ela estava muito distraída indo nessa direção—e todos no lar sabem que ela gosta de dar passeios tarde da noite por aqui. Ela o fazia pelo menos quatro ou cinco vezes na maioria das semanas."

"E ninguém mais estava aqui com ela?" perguntou Mackenzie.

"Ninguém do lar. Honestamente, não são muitas pessoas que vêm aqui na metade mórbida do verão. Eu não sei se vocês repararam que nós estamos no meio de um período quente bem árduo."

Ao se aproximarem do lado leste do jardim, Mackenzie foi quase arrebatada com os aromas. Ela pegou uma lufada de rosas, hortênsias e do que acreditou ser lavandas. Ela supôs que deveria ser uma boa escapada para os cegos─ uma forma de realmente desfrutar dos outros sentidos.

Quando chegaram a uma dobra na trilha que curvava ao longe, de volta para o leste, Jones se virou e apontou para trás deles. "Se vocês olharem através daquele espaço nas árvore no outro lado da estrada, vocês podem ver a lateral do Wakeman," ele disse tristemente. “Ela estava bem perto de nós quando morreu."

Então ele saiu da calçada e se esgueirou por dois grandes vasos de plantas contendo rosas vermelhas. Mackenzie e Ellington o seguiram. Eles chegaram a um portão dos fundos que esteve quase escondido por todas as flores, árvores e vegetação. Havia um espaço de cerca de um metro e trinta centímetros que estava vazio, a não ser por alguma grama dispersa.

Ao atravessarem, ela pode perceber instantaneamente como parecia um lugar perfeito para um assassino obstinado atacar. Randall Jones o disse ele mesmo─ninguém vem muito até aqui quando está tão quente. O assassino certamente sabia disso e usou ao seu favor.

"Aqui é onde eu a encontrei," disse Jones, apontando para o espaço vazio entre os dois grandes vasos e os portões de ferro fundido. "Ela estava deitada de bruços e curvada como em forma de 'U'."

Você a encontrou?” perguntou Ellington.

"Sim. Aproximadamente às nove e quarenta e cinco da noite. No momento em que ela não retornou para o recolhimento obrigatório, eu comecei a me preocupar. Depois de meia hora, achei que eu deveria vir verificar se ela havia caído ou entrado em pânico ou algo assim."

“Todas as roupas dela estavam no lugar?" perguntou Mackenzie.

"Tanto quanto eu poderia dizer," disse Randall, claramente surpreso pela pergunta. "No momento, eu não estava realmente pensando dessa maneira."

"E não há absolutamente qualquer coisa naquelas imagens de vídeo no lar?" perguntou Ellington. “Ninguém a seguindo?”

“Ninguém. Vocês estão convidados para olhar as imagens por si quando voltarmos."

Enquanto eles retornavam pelo jardim, Ellington levantou uma questão que estava fermentando na cabeça de Mackenzie. "O lar parece bem quieto hoje. Por quê?”

"Eu acho que você chamaria isso de luto. Nós temos uma comunidade muito unida no Wakeman e Ellis era muito querida. Por todo o dia, pouquíssimos dos nossos residentes saíram dos quartos. Nós também fizemos um anúncio pelo sistema de som de que teríamos agentes de DC vindo investigar o assassinato de Ellis. Desde então, quase ninguém saiu dos quartos. Eu acho que eles estão assustados… com medo."

Isso, mais o fato de ninguém tê-la seguido para fora do lar, eliminam que algum residente seja o assassino, pensou Mackenzie. O parco arquivo sobre a primeira vítima declarava que o assassinato ocorreu entre onze horas e meia noite… e a uma boa distância de Stateton.

 

"De alguma forma seria possível que nós falássemos com alguns de seus residentes?" perguntou Mackenzie.

"Está absolutamente tranquilo por mim," disse Jones. "É claro, se eles estiverem desconfortáveis com isso, eu terei que pedi-los para parar."

"É claro. Acho que eu poderia—"

Ela foi interrompida pelo toque do celular dela. Ela verificou e viu no visor que não era um número familiar.

"Um segundo," ela disse atendendo a chamada. Ela se afastou de Jones e respondeu: "Aqui é a Agente White."

“Agente White, é o Xerife Clarke. Olha, eu sei que vocês acabaram de sair daqui, mas eu realmente apreciaria se vocês se apressarem de volta para cá o quanto antes."

“Certamente. Está tudo ok?"

“Já esteve melhor," ele disse. "Eu acabo de receber essa irritante perda de espaço que é o Langston Ridgeway por aqui. Ele exigiu falar com vocês sobre o caso da mãe dele e ele está começando a fazer uma cena."

Mesmo no meio do mato você não pode escapar da política, pensou Mackenzie.

Irritada, ela fez o melhor para responder de maneira profissional. “Dê-nos cerca de dez minutos," ela disse e desligou.

"Sr. Jones, nós teremos que voltar para o xerife por agora," ela disse. "Você poderia preparar aquelas filmagens de segurança para nós, quando voltarmos?"

"É claro," disse Randall, os guiando de volta para o carro dele.

"E enquanto isso," acrescentou Mackenzie, "eu gostaria de uma lista de qualquer um sobre o qual você tenha a menor suspeita. Eu falando de funcionários e de outros residentes. Pessoas que saberiam o alcance a câmera de segurança no jardim."

Jones assentiu sombriamente. O olhar em seu rosto dizia a Mackenzie que era algo que ele próprio havia considerado, mas não se atreveu a colocar muita fé. Com aquela mesma expressão no rosto, ele deu partida no carro e os levou de volta para o Wakeman. Ao longo do caminho, Mackenzie notou novamente o silêncio da pequena cidade─não tranquila, mas mais como a calmaria antes de uma tempestade.