Vampiros Gêmeos

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Capítulo 2 "Calor da Cidade"

Kyoko acordou com um susto, sabendo que o sol estava se pondo. Era como um despertador biológico para ela e já fazia... ela nem lembrava mais quanto tempo. Ela se levantou sabendo que era hora de ir trabalhar. Ela só desejava estar sendo paga por isso.

Uma sirene distante chamou sua atenção para a janela a tempo de pegar os últimos raios de luz deixando o céu da cidade. Ela podia ouvir o som fraco do tocar de música das casas noturnas na área onde ela morava. Ela havia escolhido um apartamento no coração da cidade por um motivo.

Ela podia sentir a vibração através da sua cama... O Submundo era o nome da boate sobre a qual ela morava. O aluguel era barato porque não havia como alguém viver aqui e esperar ter qualquer descanso, a menos que fosse durante o dia. É aí que Kyoko acreditava na sorte.

Onde mais poderia ter encontrado um lugar que funcionava durante as mesmas horas que ela? Não havia pessoas rudes correndo para cima e para baixo nos corredores... a menos que você contasse Yohji, mas ele geralmente não fazia nada, a menos que fosse no início da manhã quando ela chegava em casa ou à noite, antes de ir para o trabalho.

Falando em aluguel... o dela estava atrasado. Ela teria que prestar contas logo se não quisesse lidar com Yohji, o irmão do locador, que morava do outro lado do corredor dela. Na última vez que ela atrasou com o aluguel, ele de fato ofereceu para que ela trabalhasse para ele para cobrir a dívida. Ele pareceu bem desapontado quando ela lhe entregou o aluguel em seu total, menos de uma hora depois.

Ela olhou para o celular, vendo o símbolo de mensagem piscar, e sorriu. Ao clicar nos botões que poderiam conectá-la a algo familiar, ela ouviu a voz de sua mãe, sem sequer prestar atenção ao que estava dizendo. Ela já sabia, de qualquer maneira.

"Olá Kyoko, é sua mãe," Kyoko imitou as palavras na secretária eletrônica. "Eu realmente queria que você ligasse, nós sentimos muito sua falta. Gostaríamos de saber quando você volta para casa, para que eu possa fazer o seu jantar favorito. Tama esteve muito bem no outro fim de semana, mas já está começando a ter recaídas por não te ver. Você está comendo bem ou precisa de algum dinheiro? Por favor, ligue, eu amo você."

Kyoko balançou a cabeça e deixou o correio de voz continuar a tocar o resto das mensagens. Uma era de Yohji, lembrando-a que o aluguel era devido. "Sim, sim... imundo." Ela apagou sua mensagem. O outro era de seu irmão mais novo, Tama, falando-lhe sobre sua última namorada, avisando ela para não contar ao avô senão ele espalharia rumores realmente embaraçosos sobre ela e Tasuki. Era uma ameaça vazia e ambos sabiam disso.

"Você vai ter que fazer melhor do que isso, irmãozinho," disse Kyoko no telefone.

Ela tinha saído de casa para mantê-los seguros. Não havia como contornar o fato. Desde que ela era pequena, ela tinha medo dos demônios no mundo... mas isso não significava que ela quisesse que seu irmãozinho soubesse que os monstros dos filmes eram reais e esperavam na escuridão. Era como se ela fosse a única que podia vê-los andando entre os inocentes... alimentando-se deles.

Os demônios costumavam parecer pessoas normais até que tivessem sua vítima encurralada. Os demônios dentro da cidade estavam se multiplicando a um ritmo perigosamente rápido e ela estava tendo problemas para acompanhar o ritmo e ajudar a manter as chances dos humanos. Na verdade, ela sentia que estava perdendo a guerra.

Aqueles seres humanos que ela estava tentando proteger deram ao mal um nome através de livros e filmes... vampiros. Era apenas um nome, porém... vampiro, demônio, para ela era o mesmo. Ela encolheu os ombros. Com ela era quase como um espelho de dois sentidos porque, embora pudesse detectar os vampiros... eles também sabiam quando ela entrava em uma sala lotada. Ela não pensava que eles pudessem detectar seu poder... não era o que parecia atraí-los para ela... era mais como um sino de jantar com ela como o prato principal.

Ela já havia até mesmo ido ao médico uma vez para ver se ela tinha um tipo estranho de sangue... pensando que ele estava os atraindo para ela. Mas o doutor tinha dado a ela um laudo perfeito. O que dava a ela arrepios frios foi que, quando ela estava saindo do escritório, o médico a impediu e pediu que ela doasse sangue. Estranho... foi bem estranho.

Por algum motivo, os vampiros sempre foram atraídos para ela e ela tinha que lutar contra eles. Talvez o médico simplesmente não estivesse procurando a coisa certa. Uma expressão triste deslizou por seu rosto, pois sabia que era por isso que ela tinha que permanecer sozinha. Ela tinha colocado sua família e amigos em perigo muitas vezes para viver perto deles. Da última vez, ela foi seguida até sua casa. Era difícil o bastante manter seu segredo sem ter um demônio no quintal de casa.

Seu avô era quem a trouxera para essa vida, então foi a ele que ela fez a pergunta que a atormentava. Como os vampiros sentiam quando estava perto e por que eles sempre a buscavam em um lugar cheio de centenas? Ela lembrou-se de ele ter tocado o queixo enquanto pensava profundamente, mas a maneira como ele olhou para ela fez com que ela sentisse que ele estava guardando algo dela.

"Eu vou pesquisar e informá-la se eu tiver uma pista." Era tudo que seu avô tinha dito.

Ela parou de questionar por que ela tinha o poder de atingi-los e realmente machucá-los... não era como se eles não conseguissem se virar de vez enquanto, no entanto. Ela havia mancado muitas vezes para casa para pensar que ela era indestrutível. Mas ela se curava mais rápido do que qualquer um que ela conhecia e ela poderia levar um socão melhor que... certo, ela não conhecia ninguém que pudesse aguentar o que ela podia... qualquer humano que fosse.

Agora que ela estava a uma distância segura de tudo o que ela amava... Kyoko tinha uma razão para se irritar e um motivo para lutar. Ela os culpava por isso... os demônios que a perseguiam. Eles a forçaram a sair de casa e abandonar tudo que lembrava uma vida normal. Agora, sua família havia se mudado para a casa do santuário. Convenhamos, isso os deixava mais perto de Tasuki e isso fazia ela se sentir melhor.

"Não é tão ruim," Ela disse em voz alta dentro da solidão de seu apartamento. Saindo da cama, ela se dirigiu para a pequena cozinha e abriu a geladeira. "Certo... talvez seja sim tão ruim," Kyoko sorriu, vendo que ainda estava vazia.

Ela teria só que ir caçar vampiros hoje à noite e, se eles tivessem um punhado de dinheiro no bolso quando ela os matasse, então que seja... não era como se pudessem levá-lo para o inferno com eles. Ao fechar a porta, ela se virou para a única coisa que ela sabia que tinha o bastante. "Agradeço a Deus pelo café."

Ela levantou a taça aos lábios, sabendo que seria uma longa noite.

*****

Hyakuhei deitou-se na cama ouvindo a voz de seu irmão mais uma vez antes que ela desaparecesse. Isso tinha se tornado um hábito... embora, na opinião dele, era melhor que estar cara a cara. Eles ouviam os pensamentos uns dos outros na maioria das noites, durante os poucos momentos que levavam para que o sol se pusesse... então a ligação desaparecia. Ultimamente, as conversas silenciosas estavam se tornando cada vez mais perturbadoras.

Ele olhou para o dossel que cobria sua cama... vendo o presente de seu irmão. O Espelho das Almas aparecera em seu quarto há mais de um mês... ele já o havia visto antes. Era o único espelho que poderia lançar o reflexo de um vampiro. Já tinha sido preciosa propriedade de seu irmão.

Quando ele chamou silenciosamente Tadamichi, perguntando por que ele havia lhe dado, seu irmão respondeu: "Eu só quero lembrá-lo do que você é."

Ele agora olhava para o seu próprio reflexo e sabia que havia outro motivo para o presente. Era uma maneira de ver seu irmão gêmeo enquanto olhava para si mesmo. Hyakuhei jogou o braço sobre os olhos, recusando a visão.

Ele pensou que Tadamichi ficaria bravo quando ele lhe dissesse que estava matando os vampiros híbridos dentro da cidade pelo simples fato de que eles estavam em seu caminho... ou no lugar errado na hora errada. O pensamento sequer perturbava Tadamichi. Seu irmão apenas o fazia lembrar que o poder de governar a cidade humana e os demônios dentro dela era deles se quisessem tomá-lo.

Tadamichi até mesmo confessou que isso lhe agradava. De alguma forma bizarra... seu irmão gêmeo estava feliz por ter-lhe fornecido entretenimento... algo para matar... novamente lembrando-o do que ele era. Hyakuhei olhou para o espelho novamente, pensando na manipulação. Ele e seu irmão não eram senão monstros em todos os sentidos da palavra, e ele não precisava ser lembrado disso.

Uma coisa que Hyakuhei percebeu nos últimos meses foi que quando seu irmão se transformou em um vampiro, ele foi gerando outros vampiros, e assim por diante, e tudo o que foi sendo gerado eram vampiros fracos e sedentos, que eram gananciosos e descuidados. Enquanto ele era sangue puro... ele só se alimentava talvez uma vez por ano e não deixava nenhuma evidência para trás. Ele poderia sobreviver sem nada ou até mesmo partilhar de alimentos de humanos se ele preferisse fazê-lo. Um vampiro híbrido recém-transformado se alimentaria todas as noites e geralmente acabava com sua refeição antes de terminar.

Um verdadeiro vampiro não fazia isso... um vampiro de sangue puro podia seduzir seres humanos para sua servidão, depois se alimentar apenas o suficiente para sanar sua sede antes de partir e levar com eles a memória do que acontecera. Ninguém ficaria sabendo. Em outras palavras, quanto mais longe os vampiros estavam de Tadamichi... mais perto eles estavam de serem uma feia responsabilidade, como o lixo da cidade.

 

Ele sentia a necessidade de sair para a cidade e se tornar parte dela. Ele não precisava de Tadamichi lembrando-o de quem ele era... ele já conseguia sentir a necessidade da caçada. Sua fome estava crescendo não só pela necessidade de se alimentar... mas também pela necessidade de se sentir parte de algo. Ele culpou seu irmão desse desejo.

Hyakuhei deslizou sua camisa de seda preta ao se aproximar da janela, abrindo a cortina de volta agora que o sol tinha desaparecido. Ele estreitou os olhos para a vista. "Bela parede," ele disse sarcasticamente. Sua paisagem era a lateral de um prédio de tijolos em um pequeno beco e havia uma razão para isso. Embora ele pudesse suportar a luz do dia por alguns momentos de cada vez... a última coisa que queria era que ela entrasse pela janela do quarto.

Ele quase se virou e se afastou, mas algo chamou sua atenção e ele olhou para o beco.

Lá... encostado na parede mais distante do alcance das lâmpadas da rua estava um jovem talvez em seus vinte e poucos anos. Hyakuhei olhou para o olhar bem vestido de aluno de faculdade, sabendo que isso podia enganar. Ele podia sentir o cheiro do sangue do último assassinato deste lacaio, até mesmo através da janela fechada. O rosto sombrio virou um pouco e Hyakuhei pôde ver o brilho da luz incomum que emanava de seus olhos.

Se havia uma coisa que Hyakuhei poderia dizer sobre si mesmo, era que ele era muito territorial. Até mesmo ele e seu gêmeo ficavam em diferentes lados da cidade por esse motivo. Ele não permitiria que esses gananciosos híbridos se alimentassem tão perto de seu prédio. Se isso era o que seu irmão desejava... vê-lo matar um assassino... então, que seja.

Hyakuhei estendeu a mão e abriu a janela sem fazer som.

Antes que ele pudesse pular pela janela, Hyakuhei ouviu passos do outro lado do beco e parou. Ele esperou que o estúpido humano entrasse na armadilha mortal. Quem quer que fosse... merecia por andar em um beco escuro.

Demônios não eram os únicos perigos da noite da cidade... lixos humanos como ladrões e estupradores também se escondiam na escuridão da maioria dos becos da cidade. Talvez ele até deixasse o vampiro ter sua última refeição antes de matá-lo... era o mínimo que ele podia fazer. Não era como se ele devesse algo à população humana. Ele não devia a ninguém.

Ele se inclinou contra o peitoril da janela com olhos escuros. A primeira coisa que Hyakuhei notou foi o longo cabelo castanho-avermelhado quando o humano escorregou das sombras para a luz fraca abaixo. Metade dele estava em um rabo de cavalo saltitante, deixando o resto em cascata pelos ombros dela e em volta, em ondas de seda.

Ela usava uma pequena minissaia preta com trilhas de renda preta descendo e cobrindo um pouco do inferior de suas coxas. A camisa combinava, um tecido de cetim preto que caía logo acima do umbigo, mas também tinha as mesmas trilhas em forma de V de renda preta que se moviam enquanto ela caminhava.

Ele não perdeu nada enquanto seu olhar acariciava os pequenos pedaços de pele exposta. Sua aura era do tamanho de uma centena de seres humanos e se espalhava, cobrindo quase todo o beco. À medida que sua aura passava por coisas mundanas, as cores apagadas se tornavam vibrantes, tornando até mesmo a escuridão parecer viva.

Ele estava tão fascinado observando a garota que ele momentaneamente esqueceu que ela estava entrando em sua armadilha mortal.

Kyoko caminhou lentamente como se não tivesse preocupação nenhuma no mundo. Ela sabia que ela parecia delicada e indefesa... era pouco mais que uma criança, na verdade. Ela se sentia bem com isso porque era um bom alvo. A noite da cidade era viva e retumbante, mas se você virasse no canto errado, ela poderia se transformar em sombras escuras com bordas mortais... para humanos.

Seus lábios insinuaram um sorriso enganador quando ela virou e se dirigiu a um desses longos becos escuros. Ao ouvir o leve eco de seus próprios passos, ela manteve seu olhar à frente, mesmo ao notar uma sombra se afastando da parede, no meio do caminho.

Abaixando os cílios para que ela não se entregasse, Kyoko notou a roupa dele e teve que suprimir um sorriso. Parecia que ele viera da parte rica da cidade. Uma coisa que ela notava sobre os vampiros na cidade era que a maioria deles poderia ter tido trabalhos de modelo antes de serem transformados... sexy e mortal.

Ela virou a cabeça para cima, sabendo que o demônio estava prestes a se mover. Fiel ao seu papel... ela deu um grito quase silencioso... ela não queria chamar a atenção de pessoas inocentes passando pela calçada, era apenas um estratagema para parecer assustada e sair correndo.

Passando por ele, ela correu e depois se dirigiu para o lugar mais sombrio do beco, como se estivesse tentando se esconder dele. Assim que ela se virou, ele grudou nela violentamente, colocando as palmas das mãos em cada lado da cabeça dela como se ela fosse tentar escapar.

O vampiro agressivo empurrou seu corpo contra o dela enquanto ele olhava para ela com olhos azuis e frios. "Você gostaria de se juntar a mim para o jantar?" Sua voz tinha um senso de humor perverso que ela não deveria perceber.

Kyoko quase sorriu ao ouvir o pedido ambíguo. "Claro... desde que seja bife." Suas mãos deslizaram ao redor dele e ele sorriu até que sentiu a dor entrar por suas costas até a frente dele. Ele olhou para a ponta da luz brilhante que se espalhava no seu peito e abriu a boca, sem som.

Ao ver a garota presa na parede, Hyakuhei agarrou o peitoril da janela decidido que ele seria egoísta e não permitiria ao vampiro sua última refeição. Empurrando-se para frente, seus pés caíram no chão exatamente quando a menina saiu da sombra, sozinha.

Hyakuhei não se moveu quando ela pareceu não o notar. Ele recuou para as sombras e observou ela tirar um par de calças da escuridão. Ele ergueu uma sobrancelha ao perceber que era a roupa do vampiro que acabara de atacá-la.

"Deve haver uma maneira melhor de se livrar deles," murmurou Kyoko. "De qualquer maneira, quem já ouviu falar de um vampiro derretendo? Nunca vou me acostumar com isso. Deveria ser mais como nos filmes... puf e eles sumiam." Ela continuou enquanto alcançava o bolso dianteiro das calças e tirou um maço de cigarros. "Guarde aqueles para mais tarde, nunca se sabe quando vou precisar de um favor. Por que diabos um vampiro está fumando?"

Ela segurou as calças na frente dela e fez uma careta com a gosma na frente lentamente pingando. "Eca," ela disse infantilmente antes de começar sua busca nos bolsos traseiros. "Vamos ver aqui," ela sussurrou. "Pente, isqueiro... cartão da academia local... fio dental?" Kyoko olhou para o produto de higiene dental antes de jogá-lo para trás. "Agora esse é um pensamento grosseiro."

Deixando cair a calça, tirou o casaco dos restos do vampiro e começou a procurar ali. "Beleza, isso é mais promissor," disse ela um pouco mais alto. "Tiffany e Co., definitivamente vale a pena vender. HA, bingo," exclamou Kyoko quando pescou a carteira da criatura morta.

Abrindo, tirou os cartões de crédito, um a um, olhando para eles. "Cartão bancário, MasterCard, Visa... uau, cartão American Express... Não saia de casa sem ele." Ela deixou cair os cartões de crédito no chão e tirou o dinheiro. "Ponto!" Kyoko gritou quando viu o quanto havia lá. "Outro mês sem ter que fazer sexo com Yohji para ter um lugar para viver, a vida é boa." Ela terminou ao colocar o dinheiro no bolso e jogou a jaqueta em uma lata de lixo.

Hyakuhei arqueou uma sobrancelha, ouvindo a jovem. "Ela é louca," pensou para si mesmo. Ele deixou o sorriso mais breve aparecer em seus lábios quando ela aliviou o vampiro morto de todo seu dinheiro. Quando ela voltou para a calçada, ele saiu da escuridão e lentamente caminhou em direção ao local onde o outro vampiro estava.

Vendo que o que restou era uma poça de poeira negra, ele alcançou no bolso um fósforo e o acendeu, jogando-o sobre os restos. O beco se iluminou por cerca de cinco segundos antes de se apagar... não deixando nada para trás.

Ele estava tendo dificuldades em aceitar que uma mera mulher humana tivesse feito isso com um vampiro. Ela estava vestida indecentemente, aparentemente tinha alguns parafusos a menos na cabeça e era uma ladra mestra, considerando todas as joias sem valor que ela deixara para trás. Prova disso era o Rolex falso que tinha queimado com o resto do híbrido morto.

Ele inalou, ainda cheirando o perfume persistente da menina. Que estranho uma vestida tão provocativamente ainda ser virgem. Ele olhou para o lugar queimado no chão já não se importando como ela o matara... se ela não tivesse... ele teria.

Quando ele pisou na calçada, seu olhar lentamente girou na direção que ela tomou. Pela primeira vez em muito tempo, Hyakuhei sentiu uma agitação em seu sangue. Esta noite ele caçaria e, antes do amanhecer... ele a provaria.

*****

Kyoko gemeu ao ver a multidão ainda reunida na entrada do Submundo. Era fim de semana e o lugar parecia ser badalado. Ela deslizou pela fila e se dirigiu ao segurança, dando-lhe um simples aceno de cabeça antes de se esquivar debaixo do braço que segurava a porta aberta para ela. Todos os seguranças a conheciam de vista, pois ela vivia acima da boate.

Uma vez dentro, ela se dirigiu direto para a porta que dizia: "Não entre". Apertando o código no painel da porta, ela estendeu a mão e abriu, deixando-a fechar atrás dela. Ela suspirou assim que o barulho se tornou um rugido abafado. Sentindo o punhado de dinheiro apertado em sua mão, ela subiu as escadas. Demônios não eram o único perigo da cidade e ela não iria caminhar a noite toda com o dinheiro no sutiã.

Parando perto das pequenas caixas com fechaduras no final do corredor, ela digitou outro código e abriu uma delas para verificar sua correspondência. Normalmente estava vazio, mas Kyoko sorriu ao ver o envelope solitário descansando dentro e o pegou, reconhecendo a letra do avô no espaço do endereço.

Ao fechar a caixa postal, ela subiu outro lance de escadas. O segredo para ficar em forma... viver no terceiro andar sem elevador. Ela parou antes de chegar ao último andar e contou o dinheiro, vendo que só teria vinte dólares depois de dar a Yohji seu dinheiro do aluguel.

Yohji... ela se retraiu. Kyoko sabia que ele queria que ela lhe pedisse mais tempo para pagar o aluguel, mas ela se ferraria se isso acontecesse. Yohji era escória para ela, mas ela tinha que ser legal com ele já que ele era quem recolhia seu aluguel todos os meses. Era ele também quem consertava as coisas e ele tinha a palavra sobre quem alugava e quem era expulso.

Ela caminhou até sua porta, e mal colocou a chave na fechadura quando a porta do corredor se abriu. Kyoko reclamou em seu interior antes de se virar e dar um sorriso tenso a Yohji. O que ele era... psíquico?

"Como está indo Gostosinha?" Yohji perguntou enquanto se apoiava contra a moldura de sua porta, como se estivesse sendo legal.

"Está indo," respondeu Kyoko, de repente desejando que ela estivesse usando um enorme sobretudo que escondesse tudo aquilo para que ele estava olhando tão ansiosamente. "Ah, eu tenho o dinheiro do aluguel, por sinal." Ela entregou o dinheiro que contou cuidadosamente, não se atrevendo a se aproximar da porta dele. Na última vez que ela chegou perto, ele a convidara para entrar.

Os ombros de Yohji visivelmente caíram quando seus olhos a secaram novamente, "Muito bem, entre e eu vou te dar um recibo." Ele esperava que ela ficasse devendo este mês e implorasse para deixar passar. O canto do seu lábio se ergueu em um sorriso malicioso.

Kyoko balançou a cabeça enquanto contava até dez. "Eu posso esperar aqui pelo recibo." Ela cruzou os braços, como se estivesse bem entediada de esperar por ele.

Yohji encolheu os ombros, conhecendo aquele joguinho... eles o jogaram antes. Ele iria buscar o recibo e ela teria ido embora antes que ele voltasse. "Eu vou te dá-lo mais tarde."

"Está bem," Kyoko virou a chave na fechadura e abriu a porta do apartamento, tentando uma fuga rápida.

 

"Alguém te falou o quão gostosa você fica nessa saia?" Yohji perguntou de repente, logo atrás dela.

Kyoko olhou por cima do ombro para ele e arqueou uma sobrancelha. "Você está flertando comigo, Yohji?" Ela sempre se perguntou como ele ficaria nocauteado... com um nariz cheio de sangue.

"Faz diferença?" Ele perguntou, passando uma mão por seus cabelos espetados e sorrindo, pensando que ele finalmente teria sorte.

"Na verdade, sim," afirmou Kyoko. "Eu não acho que meu namorado gostaria muito."

Yohji sorriu, pois sabia que ela passava seu tempo dentro do apartamento, sozinha, "Olha, nós dois sabemos que você não tem namorado, Kyoko. Se eu fosse tolo, eu diria que você estaria tentando evitar o inevitável." Ele pressionou sua mão grande contra a porta aberta de Kyoko para que ela não conseguisse fechá-la. "O que houve? Com medo de eu não ser homem o suficiente para você, ou você está se guardando para esse especial alguém imaginário?"

Kyoko olhou para ele, seus olhos esmeralda tornando-se tormentosos. Se ele estava cansado de ser gentil... então ela também estava. "Desculpe Yohji, mas gosto mais de caras que não mergulham em um sabor diferente de molho a cada noite."

Kyoko ofegou quando Yohji, de repente, agarrou a mão que ela tinha na maçaneta da porta e fechou a porta, pressionando-se contra a parte de trás dela, empurrando seu corpo contra a madeira implacável.

"Você não pode me dizer que você não está nem um pouco curiosa, Kyoko," sussurrou Yohji em seu ouvido ao apertar sua excitação contra o fundo dela. "Não vou contar ao seu namorado imaginário se você não contar."

"Ele não é imaginário. Na verdade, vou encontrá-lo no andar de baixo daqui a pouco," Kyoko afirmou, sabendo que se ela perdesse a paciência com o imbecil... ela definitivamente seria expulsa e ele sairia em uma ambulância.

"Ah é? Diga-me como ele se parece," perguntou Yohji, se sentindo pressionado por dentro do jeans. Ele gostava das que resistiam um pouco.

Kyoko respirou fundo. "Ele tem longos cabelos pretos, pele pálida, olhos muito escuros e um corpo de matar." Ela descreveu e sorriu mentalmente. 'Toma essa, otário!' "E ele é muito possessivo."

Yohji fez um som que era para ter sido um rosnado. Kyoko quase começou a rir... se é que Yohji soubesse como soava de verdade. Ela finalmente decidiu que bastava e estava prestes a atacá-lo quando uma porta mais adiante no corredor abriu.

Amni saiu com um jeans apertado e uma camiseta preta que acentuava seu corpo atlético. Seus olhos cor azul do céu se estreitaram e os músculos de sua mandíbula pularam quando ele notou o tal locatário praticamente esmagando Kyoko. Ele observou Yohji rapidamente se afastar de Kyoko e a mulher de cabelos castanho-avermelhados se virar com um olhar mortal.

"Avise quando você quiser o aluguel," ela disse docemente. "Pensando bem... talvez eu comece a enviá-lo para seu irmão Hitomi, para que eu não te incomode mais... certo?"

Antes que Yohji pudesse detê-la, Kyoko entrou no apartamento e trancou todas as fechaduras atrás dela. Lançando sua jaqueta em uma cadeira próxima, Kyoko abriu a carta do avô e começou a lê-la. Ela deslizou no sofá e revirou os olhos com seu conteúdo.

"Ah, isso é ótimo," grunhiu Kyoko suavemente. "Não só sou uma virgem de dezoito anos... mas essa é a razão pela qual os vampiros podem me sentir?" Ela sorriu com desgosto antes de seus olhos se arregalarem na última linha da carta. "Você quer que eu faça o quê?" Kyoko gritou.

Seu avô acabou de pedir que ela encontrasse um namorado ou ele contaria para Tasuki aonde a encontrar.

"Vovô?" Ela espumou enquanto amassava a carta com o punho. "SEU TROUXA PERVERTIDO, VOCÊ PODERIA TER ME DITO HÁ MUITO TEMPO!"

Amni secou Yohji até que o esquisito voltasse para seu apartamento. "Eu vou ficar quites com você mais tarde por tê-la tocado," ele informou a porta fechada e depois se virou para bater na de Kyoko. Sua mão parou no ar, perguntando-se com quem ela estava gritando.

Houve uma batida suave na porta e Kyoko atravessou a sala. Ela rapidamente desfez todas as fechaduras e quase arrancou a porta do apartamento de suas dobradiças antes de olhar para a pobre alma do outro lado.

"O QUÊ?" Ela exigiu.

Amni voltou um passo e ergueu as mãos na frente dele. "Calma Kyoko, eu estava apenas checando se você estava bem." Embora ele admitisse que ela ficava muito sexy com raiva, especialmente quando seus peitos se erguiam e caíam assim.

Kyoko suspirou e inclinou sua têmpora contra a moldura da porta. Amni era o barman do andar de baixo, na boate. Eles começaram um tipo de amizade pouco depois de ela se mudar. Amni era muito fofo com seus cabelos loiros que pendiam em camadas ao redor do rosto e pelas costas... as camadas mais longas quase tocavam suas coxas. Sua pele era livre de qualquer defeito e tinha uma aparência sedosa com a qual Kyoko tinha certeza que qualquer garota poderia se acostumar.

Ele seria sua primeira escolha para o que o avô Hogo havia sugerido... pena que ele era um vampiro. Era uma relação estranha senão desastrosa esperando para acontecer, se é que aconteceria... certamente não. Amni nunca fez nenhum movimento no sentido de matá-la ou levá-la para a cama, pelo que ela estava agradecida. Era melhor assim, de qualquer maneira, pois ela não terminaria com um vampiro como namorado, nem em um milhão de anos.

Amni ficou pacientemente do lado de fora e estudou a expressão cansativa dela. Ele conheceu Kyoko neste mesmo corredor na mesma noite em que ela se mudou. Ele ainda ficava um pouco zonzo quando percebia todas as implicações desse encontro.

Ela tinha acabado de sair do quarto e estava o trancando quando ele saiu do dele. Ambos congelaram e olharam um para o outro. Seu punho direito estava fechado e ele viu o dardo espiritual brilhante apertado firmemente dentro dele. Depois de secá-lo por alguns instantes, ela se virou para encará-lo, mas ficou ao lado de sua porta, apoiando-se nela.

Amni percorreu cuidadosamente o corredor em direção à escada e soltou um suspiro de alívio quando ele finalmente chegou à boate. Mais tarde naquela noite, ou no início da manhã, se preferir, ele subiu as escadas, pronto para tirar os cheiros do bar do corpo dele com um banho. Mais uma vez, viu Kyoko de pé ao lado de sua porta e lembrou que ficou se perguntando se ela ficara ali a noite toda.

Conforme ele caminhou por ela em direção a sua própria porta, ela finalmente falou com ele.

"Eu sei o que você é," disse Kyoko suavemente.

Amni parou, mas manteve-se de costas para ela, esperando que ela visse aquilo como um sinal de confiança. "Eu tenho uma boa ideia do que você é também."

"Então eu proponho uma trégua," afirmou Kyoko.

Amni finalmente olhou para ela com curiosidade. "Por que você não me matou ontem à noite?"

Kyoko cruzou os braços, tendo pensado nisso durante toda a noite. A verdade era... ela simplesmente não queria. "Você não mata os humanos para se alimentar," ela ficou mais do que grata por encontrar pacotes de sangue vazios da Cruz Vermelha no lixo dele.

"Meu sustento é entregue uma vez por semana," Amni explicou secretamente, perguntando-se como ela já sabia.

A partir daquele momento, Amni tornou-se amigo de Kyoko, irmão, protetor... talvez mais. Ele não estava realmente certo sobre a palavra que ele usaria para descrever seu relacionamento. Tudo que ele sabia era que eles meio que cuidavam um do outro.