Czytaj książkę: «O Diário De Um Gato Detective»
R. F. KRISTI
O DIÁRIO DE UM GATO DETECTIVE
Traduzido por
Inês Nascimento Wellnitz
Ilustrado por Jorje Valle
(COM CONTRIBUIÇÕES PARA AS ANIMAÇÕES POR VIDEO EXPLAINER)
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www.incabookseries.com
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DIREITOS DE AUTOR
© 2017 POR R.F. KRISTI WWW.INCABOOKS.COM
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EDITADO POR: R.F. KRISTI (WWW.INCABOOKS.COM) – PRIMEIRA EDIÇÃO
© 2017 R.F. Kristi
Reservados todos os direitos.
ISBN:
AGRADECIMENTOS
à minha mentora Alinka Rutkowska pela sua orientação e motivação.
à minha editora Amithy Moragoda Alles pela inspiração que me trouxe e por ter sempre uma atenção especial aos detalhes.
ao meu ilustrador Jorge Valle por dar vida à série Inca – da maneira mais maravilhosa.
&
à equipa da Video Explainer pela sua contribuição para as animações.
A minha “árvore genealógica”
Esta é a minha família:
INCA (EU):
Eu sou uma gata siberiana, e nós, os siberianos, somos muito bem-parecidos.
Eu sou a líder natural aqui da trupe.
Isto tem várias razões.
Afinal,
Eu sou a mais velha e a mana grande destes patudos todos!
Eu sou uma gatinha super esperta!
Aposto que não encontravam nenhum gato mais esperto do que eu, nem que nadassem até à China. A Mãe não sabe, mas EU sou A MAIOR aqui da casa.
CARA:
Cara, uma gatinha siamesa bonitinha, é a minha irmã.
Ela é a vaidosa da família.
Anda sempre toda arranjada, penteada e muito elegante e sempre à beira da nossa mãe.
Ela é a preferida da Mãe. Tudo o que ela faz está bem para a Mãe e ela adora dar-lhe graxa. Bleargh!
FROMAGE:
O meu irmão Fromage é um gato tigrado. Ele chama-se assim porque adora queijo, já que “fromage” em francês significa “queijo”.
O Fromage adora qualquer tipo de queijo, ponto parágrafo. Ele também se considera um grande especialista em queijos.
O Fromage é a mascote da nossa loja de queijo. Ele vai à loja com a Mãe todos os dias. Ele tem um grupo de fãs de pessoas em Londres que adoram queijo.
Ele acredita firmemente que ele é o segredo do sucesso da nossa loja de queijo. Fromage também é trapalhão e mete-se em todo o tipo de sarilhos. Se encontrarem alguma coisa partida na nossa casa, podem apostar o vosso último tostão que a asneira foi da autoria do Fromage!
CHARLOTTE:
A Charlotte é um hamster Roborovski e é a melhor amiga do Fromage.
Ela conheceu-o na nossa loja de queijo em Paris e decidiu vir connosco para Londres. A Charlotte adora o Fromage, apesar de todos os sarilhos em que ele se mete. Eu não entendo esta amizade entre o Fromage e a Charlotte. A Charlotte é inteligente e muito rápida, enquanto o Fromage é?... Bem, o Fromage é o Fromage.
O Fromage não se cala e a Charlotte gosta de o ouvir. Talvez seja esta a razão pela qual eles são tão amigos.
O Fromage também fica ciumento quando alguém tenta ficar muito amigo da Charlotte.
MISSY (MÃE):
A Mãe é um humano que nos pertence a todos. Os outros humanos chamam-lhe Missy, mas nós chamamos-lhe Mãe.
A Mãe toma conta da nossa loja de queijo. A loja fica no centro de Kensington, e foi construída à imagem da nossa conhecida loja de queijo em Paris. Nós deixamos a Mãe pensar que nós é que lhe pertencemos, quando na verdade ela é que nos pertence. Ela é o centro do nosso mundo, mas tem uma fixação com coisas que não nos interessam nada:
A nossa comida
A Mãe controla cuidadosamente, contra a nossa vontade, tudo o que comemos.
Não há miaus ou festas que a façam mudar de ideias enquanto ela prepara o jantar. Nem sequer olhares de adoração resultam.
Bolas!!! Bolas!!! E bolas!!!
A lista de comidas “NÃO, NÃO!” para nós, gatinhos
Nada de chantilly
Nada de bacon
Nada de gelados
Nada de pizza
Nada do que é bom!
A nossa higiene
A Mãe é obcecada com a limpeza! Quando menos esperamos – lá saca ela de uma das nossas escovas…
O Fromage tenta esconder-se sempre que a vê ir buscar as escovas.
Mas a Cara fica toda vaidosa e até ronrona quando a Mãe a escova, e os olhos dela brilham como duas safiras cintilantes – só para a Mãe.
O Fromage normalmente rosna-lhe um “Traidora!” e mete-se debaixo do sofá.
Mas acham que ela se importa?
NÃããããããão!
Eu também finjo que protesto, mas não consigo evitar gostar de sentir a escova a passar no meu pêlo. E, de qualquer maneira, ninguém consegue parar a Mãe quando ela entra em modo “limpar os gatos”.
E, sendo assim, porque não desfrutar do inevitável?
TIA FLORENCE:
A tia Florence é a tia humanóide da Mãe.
Não tenho problemas em admitir que a tia Florence me adora.
Ela é a única família que a Mãe tem para além de nós. A tia Florence costumava viver no chalé em que vivemos agora, em Kensigton, Londres. Neste momento a tia Florence vive na Provença, em França.
E AGORA QUE JÁ CONHECEM A MINHA FAMILIA, VAMOS PASSAR A COISAS MAIS INTERESSANTES!
Blá-blá-blá… Preâmbulo
Numa manhã de sábado em princípios de Dezembro:
A minha vida tornou-se tããããããoooo empolgante!
Foi por esta altura que comecei a escrever um diário!
E tu perguntas: porque é que um gato precisa de um diário???!!!
É simples.
Desde que deixámos Paris e chegámos a Londres que eu tive a minha primeira aventura de detectives.
Desde essa altura que sonho em me tornar o melhor gato detective do mundo.
Maior celebridade do mundo dos gatos detectives
O meu diário é importante para tornar o meu sonho realidade. Que melhor maneira podia haver de não perder de vista os meus casos resolvidos do que manter um registo das minhas aventuras?
Decidi então que já era o melhor gato detective de Londres.
Disso não havia dúvidas!
A minha fama ia espalhar-se rapidamente para o resto do país e depois para além-fronteiras, até à cidade onde nasci, Paris, em França.
Imaginei os meus amigos gatos em Paris a ouvirem histórias da famosa gata detective.
Eles iam ficar admirados quado percebessem que era eu!
Alguns diriam que “estava destinado a ser assim” e reconhecer-me-iam como um super especialista gato detective – um gato detective “par excellence”!
Outros iam ficar invejosos e diriam que “foi sorte”.
Mas não havia dúvida – até os gatos invejosos iam ter que reconhecer um gato detective mundialmente famoso!
Esgueirar-me com um caderno em branco da secretária da Mãe enquanto ela estava distraída foi super fácil.
As aventuras de Inca, a Fantástica Gata Siberiana, o gato detective mais famoso do planeta, seria uma obra-prima – um grande sucesso – um best-seller!
Quem é que conseguiria resistir a histórias felinas como as minhas?
Sim – os meus poderes de dedução iriam levar-me ao estrelato.
Esta era a melhor altura para começar, já que o Natal estava à porta. Havia um sentimento de excitação e antecipação no ar.
Sem dúvida! O Natal era a minha festa preferida do ano. O cheiro a pinheiro cortado, as decorações brilhantes e, acima tudo, os nossos presentes debaixo das luzinhas brilhantes da nossa árvore de Natal.
Eu contei à Cara e ao Fromage sobre o meu diário e eles só quiseram saber que papel é que ELES iam ter nele.
“Veremos”, foi tudo o que lhes prometi.
Ainda ouvi um murmúrio de “espertalhona!” da Cara, que fingi ignorar.
Isto era o MEU diário e EU é que decidia o que escrever nele.
Por isso, toma lá!
Qual espertalhona, qual quê!
Nem pensar que vou deixar a minha irmã e o meu irmão mandar no meu diário. Estou mesmo a ver no que ia dar:
Do Fromage: um relambório interminável sobre o seu amado queijo francês!
Da Cara: o último grito em cachecóis e como andar sempre na moda!!!!
A sonhar acordada, imaginei como uma multidão de cães faziam uma vénia à minha inteligência superior.
YESSS!
Eu ia ser Inca, o gato detective par excellence!
Nunca nenhum gato tinha sido tããão adorado pelo público.
Bravo, Inca!
Dezembro
12 Dias Até Ao Natal
Domingo, Já Muito Tarde:
De repente, tive uma sensação estranha, como se alguém estivesse a observar-nos.
Missy, a nossa Mãe, tinha acendido a lareira e a madeira estava a crepitar alegremente. A casa estava quente e confortável, mesmo com o frio tremendo que fazia lá fora.
Era uma noite normal para a família Inca. A Cara, o Fromage, a Charlotte e eu estávamos sentados à volta da lareira com a Mãe, o jovem humanóide que nos pertence.
Eu pensei que estivesse a imaginar coisas, que nos estivessem a observar, e sacudi a cabeça para me acalmar.
Mas aquela sensação voltou.
Como não queria assustar os outros, fui espreitar cuidadosamente pela janela. Não havia nada lá fora – só escuridão, com alguma luz vinda da enorme Lua lá em cima.
Dei duas ou três voltas e sentei-me de novo, virada para a janela, para o caso de entrarem por lá EXTRATERRESTRES para nos atacar.
Os meus olhos estavam a começar a fechar-se quando vi uma sombra a mover-se do lado de fora da janela. Abri-os logo muito outra vez e olhei lá para fora. Mas não vi nada. Só a calma de uma noite muito escura.
De repente, vi dois olhos verdes brilhantes a fixar-me.
O meu coração parou!
Seria um demónio?
Seria um dragão que come fogo?
Seria uma cobra rastejante?
Estaria o meu maior pesadelo prestes a tornar-se realidade? Seriam os extraterrestres que nos iam atacar?
O meu coração começou a bater furiosamente:
Vi uma pata cinzenta, grande e forte a esticar-se na minha direcção e o pelo das minhas costas eriçou-se como um porco-espinho prestes a atacar.
E, depois, percebi que a aquela figura gorducha na janela, que aparecia e desaparecia, era só a cara do nosso amigo Monk!
Expirei então lentamente e os batimentos do meu coração voltaram gradualmente ao seu ritmo normal.
Monk é um Russo Azul com pernas compridas e olhos grandes verde-dourados, que tem um pelo sedoso e cuidado e é muito bonito – para quem gosta de gatos mais gorduchos. Ele usa sempre com um laço vermelho vivo.
Monk é um gato bem esperto.
Vamos a ver se me explico bem. A maior parte dos gatos é naturalmente inteligente. Mas eu já tinha reparado que o Monk é muito mais inteligente do que a maior parte dos outros gatos que eu conheço. Acho que podemos chamar-lhe um gato nerd.
Monk vivia na casa ao lado da nossa com o Solo (um detective mundialmente famoso), o seu assistente Hobbs, e um cão grande chamado Terrance.
Terrance era o melhor amigo do Monk e também ele um grande cão detective.
Levantei-me devagar para não incomodar os outros, saltei pela janela e fui ter com o Monk debaixo de um arbusto denso que separa a nossa casinha do parque que fica na frente da casa enorme dele.
“O que é que se passa, Monk?”, ronronei baixinho.
O Monk, que normalmente é um gato calmo e descontraído, parecia bastante abalado.
Ouvi um som como se fossem campainhas e o pêlo do meu pescoço, que já tinha voltado ao normal, voltou a eriçar-se quando senti o quão perturbado ele estava.
“Tudo OK?”, miei, tentando abafar o meu próprio pânico.
O Monk engoliu em seco e respondeu no seu costumado miau lento, fazendo um esforço para controlar o medo.
“Vocês, gatinhos, têm de vir hoje à noite até minha casa. O Terrance tem novidades, e bastante inesperadas”, murmurou ele.
Prometi-lhe que íamos lá ter assim que a Mãe adormecesse.
Apressei-me a regressar para junto dos outros para lhes dar as novidades, ao mesmo tempo que me perguntava o que poderia perturbar tanto alguém normalmente tão calmo como o Monk.
Domingo Durante A Noite:
A noite estava escura como breu quando nos esgueirámos para casa do Monk. Comparado com o nosso chalé, o Monk vivia numa casa enorme e muito chique. Mas nós adorávamos a nossa casinha e não a trocávamos por nada deste mundo.
Atravessámos a grande cozinha silenciosamente, e o Fromage parou para cheirar uma taça de natas muito tentadoras que o Hobbs tinha deixado para o Monk.
“Anda, Fromage”, silvou a Cara. “O Monk não vai ficar contente se comeres da comida dele sem lhe perguntar primeiro.”
“Nem penses, Cara, o Monk é meu amigo!”, respondeu o Fromage, ao mesmo tempo que punha a língua de fora à Cara.
Mas mesmo assim ele veio atrás de nós, não sem antes olhar melancolicamente para trás, para o prato cheio de natas.
O Monk e o Terrance estavam juntos, sentados numa sala aquecida, em frente a uma lareira enorme, onde a lenha ainda crepitava.
No início, a amizade entre o Monk e o Terrance tinha-me surpreendido.
Como é que um gato esperto como o Monk podia ser tão amigo de um cão?
Mas fui obrigada a mudar de ideias depois que conhecer melhor o Terrance.
Nós, gatos, tínhamos uma má opinião dos cães. Mas o Terrance é alguém de quem até nós, gatos, aprendemos a gostar e respeitar.
Para ser sincera, a nossa opinião sobre cães tinha mudado gradualmente.
Nunca tínhamos tido muito contacto com cães antes de chegar a Londres. Também nunca tínhamos querido ter. Tínhamo-los sempre tratado como animais terríveis e peludos e um bocado malcheirosos.
Mas agora era diferente. Agora tínhamos dois amigos cães com quem andávamos regularmente.
O Terrance e o Polo!
O Terrance era um cão forte, um Golden Retriever com um pêlo comprido dourado. Apesar do seu olhar um bocado piegas e da sua língua cor-de-rosa, babada e sempre ao dependuro, ele é muito esperto.
Ele era famoso por ter ajudado o Solo a resolver muitos casos.
Se havia alguma coisa que eu respeitava nele, era ele ser tão popular, tanto com os animais como com os humanóides bípedes que nos rodeavam.
A sua expressão meia tonta e a língua babada não mudavam isso nem um bocadinho.
Eu adorava ser popular assim.
O Terrance costumava acompanhar o Solo e o Hobbs para todo o lado.
O Solo tinha posto o Terrance numa escola para cães muito famosa. Ele não se tinha arrependido, pois Terrance tinha tido as melhores notas na Academia Canina de Busca e Salvamento. O Terrance era um bom colaborador da agência de detectives de Solo.
Eu estava morta por saber o que é que o Terrance andava a fazer.
O Terrance abanou a cauda quando nos viu e deu-nos um sorriso de boas vindas. O Monk saltou da sua cadeira favorita e veio receber-nos.
“Alguém quer natas frescas?”, ronronou ele na sua voz grave.
“Obrigada, NÃO”, respondeu a Cara antes que o Fromage ou eu pudéssemos dizer alguma coisa, “nós jantámos antes de vir.”
O Fromage olhou para ela fixamente.
Conhecendo bem o meu irmão, e sabendo que ele estava a preparar-se para começar uma briga, eu mudei rapidamente de assunto.
“Terrance, o que se passa?”, miei.
“Há novidades importantes acerca do Raoul, o pai desaparecido do Polo!”, disse o Terrance, depois que toda a gente se sentou no lugar do costume na biblioteca.
Tenho de vos falar sobre o nosso amigo Polo e o triste estado em que está a sua família.
O Polo é um pequinês. Ele é baixinho e não é muito maior do que eu.
Nós conhecemos o Polo quando nos mudámos de Paris para Londres no Verão passado. Curiosamente, havia uma amizade especial entre ele e a Charlotte.
Tinha havido alguns ciúmes entre o Fromage e o Polo por causa da Charlotte. Foi um alívio quando esses ciúmes passaram à história.
O Polo pertencia à Señora Conchita Consoles, a quem toda a gente chamava Senõra, uma cantora de ópera reformada.
A Señora tinha perdido o seu marido, Raoul, quando ele desapareceu ao escalar o Monte Evereste nos Himalaias. Desde essa altura, e até nós chegarmos, ela tinha estado muito triste.
Ela estava a recuperar-se pouco a pouco da perda de Raoul. Mas nós sabíamos que tanto a Señora como o Polo sentiam terrivelmente a falta do Raoul.
Tornámo-nos bons amigos quando ajudámos o Polo durante o mistério do colar de diamantes desaparecido da Señora.
O desfecho tinha sido surpreendente, mas fantástico, apesar do susto que foi o desaparecimento do Fromage e o sítio muito estranho em que o colar foi descoberto.
Foi nessa altura que o bichinho das investigações me mordeu. Eu estava morta por me envolver noutro caso e tornar-me uma detective famosa de direito próprio.
O Terrance continuou a contar a sua história em latidos graves.
“O Solo chegou a casa com novidades que, se se confirmarem, vão deixar o Polo felicíssimo.”
“O Solo tem um amigo que trabalha para os Médicos Sem Fronteiras no Nepal.”
“Numa viagem recente a Londres, o jovem médico disse ao Solo que tinha ouvido falar de um estrangeiro, ferido, que estava a ser tratado por alguns habitantes locais numa aldeia perto dos Himalaias.”
“A breve descrição que lhe deram fizeram-no pensar que se possa tratar de Raoul, o marido da Señora.”
“Nós vamos aos Himalaias para confirmar esta informação, uma vez que o Solo não pode ter a certeza se é mesmo Raoul, o dono do Polo.”
“Se a Señora ou o Polo ficam a saber disto e afinal é outra pessoa, eles vão ficar muito desiludidos.”
“O mais importante é evitar que tanto a Señora como o Polo saibam oq eu se passa até termos a certeza de que este estrangeiro é o Raoul”, disse o Terrance.
“Não te preocupes, nós vamos fazer tudo para que isto não chegue aos ouvidos do Polo”, disse eu, olhando para o Fromage e a Charlotte com um olhar severo.
“A última coisa que eu quero é desiludir o Polo. Ele é nosso amigo”, disse a Charlotte, olhando para o Fromage e franzindo os seus olhinhos pequeninos.
“Também eu”, murmurou o Fromage, um pouco acanhado. Eu respirei de alívio.
Terrance deu-nos mais pormenores.
Ele ia acompanhar Solo e Hobbs na viagem até ao Nepal. Eles iam apanhar o avião de Inglaterra para Katmandu, a capital do Nepal, onde iam alugar um carro para ir até aos Himalaias. De lá iriam a pé até à aldeia, com a ajuda de um guia local.
O Terrance disse-nos que a parte da viagem que iam fazer a pé era perigosa e difícil, Iam ter de andar por caminhos estreitos em encostas montanhosas.
Mas o Solo estava decidido a fazê-lo porque o Raoul era seu amigo. Se o Raoul estivesse vivo, ia fazer toda a diferença do mundo para a Señora se ela pudesse vê-lo outra vez.
“E não só para a Señora”, disse a Charlotte, numa voz fininha.
“Também para o Polo. Ele adorava o Raoul! Afinal, ele é o pai dele”, suspirou Charlotte com o seu narizinho a tremer.
Prometemos ao Terrance não dizer uma palavra ao Polo acerca da razão que os levava a viajar até ao Nepal.
“Quando é que partem?”, perguntei.
“Amanhã”, ladrou o Terrance.
“O Hobbs está a fazer as malas. Ele já comprou os bilhetes de avião para o Nepal. Eu vou agora tomar as minhas vacinas para poder viajar para fora do país.”
De repente lembrei-me de uma coisa – e o Natal?
Nós tencionávamos festejar o Natal todos juntos em casa do Solo. A Señora, o Polo, os empregados deles, o Senhor e a Senhora Applebee, que eram parentes do Hobbs e muito simpáticos, e a Mãe andavam a planear o jantar de Natal há semanas.
“Se tudo correr bem, estaremos de volta antes do Natal”, disse o Terrance.
Eu senti um arrepio na espinha quando vi o olhar pensativo que os dois velhos amigos, Monk e Terrance, trocaram entre si.
Darmowy fragment się skończył.