Czytaj książkę: «Desejo Mortal», strona 3

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O plano era que apenas um deles voltaria desse trabalho. A esperança deles era que, quando Vincent entregasse o dispositivo a Masters, o demônio estaria concentrado no dispositivo que, obviamente, era uma arma contra sua espécie, e não viria atrás dela de imediato, dando-lhe tempo de obter o feitiço de que ela precisava para neutralizar o símbolo que Masters havia colocado nela.

Eles haviam roubado facilmente o objeto que, para ela, lembrava muito um Cubo de Rubik metálico de dez lados que era coberto de símbolos dourados em vez de cores. Enquanto estavam lá, eles abateram os guardas e roubaram suas armas. Vincent tinha, então, se virado e feito um pequeno discurso de "adeus, querida amiga", dando-lhe um rápido beijo na bochecha.

O problema surgiu quando eles fizeram o trajeto até a saída do museu, apenas para darem de cara com Masters e uma horda de demônios esperando por eles. Masters dera uma risada, dizendo que o símbolo que ele deixara nela tinha lhe servido como aviso sobre o que ela estava planejando… remetendo diretamente ao fato de que ela era neta do Camaleão e estava correndo de volta para ele, onde havia toda uma série de fatores nos quais ele agora estava interessado… inclusive na esfera espiritual.

Masters havia, então, concordado com Vincent, agradecendo-lhe por mantê-la distraída e alheia ao verdadeiro poder do símbolo.

Ela levantara os olhos para Vincent acusatoriamente, depois, arrancou o dispositivo da mão dele e torceu para ter certeza do que ela estava fazendo, quando começou a girá-lo rapidamente. Ela ficara obcecada por uma imagem do cubo antes de chegar ao museu para roubá-lo e utilizou essa memória para vincular rapidamente os dois símbolos.

Um por um, os demônios começaram a cair agonizantes, menos o Masters… não, esse filho da mãe começou a caminhar bem na direção dela com um brilho furioso nos olhos.

Foi nesse instante que Vincent tinha se movido. Ela não percebera que ele havia retirado uma antiga lâmina do mesmo cofre secreto onde estivera o cubo, mas lá estava a lâmina na mão dele, que a comprimia contra a garganta do demônio. Em um movimento rápido, o demônio esticou completamente a mão para envolver o peito e as costas de Vincent.

"Corra", Vincent rosnou para ela, logo antes que ele fechasse os olhos e a cabeça do demônio caísse no chão ao lado dele.

Todos os outros demônios estavam olhando furiosamente em suas posições de decúbito ventral; então, ela pôs o cubo no chão perto dos pés e fez exatamente o que Vincent tinha mandado… ela correu feito louca.

Ela não tinha como saber se Masters tinha contado a ninguém o que ele sabia sobre ela e rezou para que o ganancioso filho da mãe não tivesse compartilhado seus segredos, temendo que outro demônio o atacasse por conta da lendária esfera espiritual. Seus pensamentos continuavam desviando-se novamente para Vincent, imaginando se ele estava bem ou se estava sendo torturado por sua participação quando a ajudou fugir.

Eles não poderiam matá-lo permanentemente, mas ela estava bem ciente de que havia muitas coisas piores do que permanecer morto… ser brutalmente assassinado por várias e várias vezes seria uma delas.

Ela olhou novamente para o próprio ombro, sabendo que precisava conseguir aquela magia e neutralizar o símbolo para que o sacrifício de Vincent não fosse em vão. Ela deixou que a água quente do chuveiro lavasse as lágrimas silenciosas de seu rosto enquanto ela renovava sua determinação.

No andar de cima, Ren parou de andar subitamente e olhou diretamente para baixo, ouvindo o bombeamento de água através do sistema. Um sorriso malicioso apareceu em seu rosto, quando ele percebeu que estava em pé bem acima do banheiro do térreo, onde Lacey estava. Seu olhar seguiu o som através da parede onde as tubulações que conduziam a água por todo o local desciam até o piso e entravam no abrigo antiaéreo.

Ela já ficara naquele banho por tempo suficiente e ele estava pronto para tentar novamente o interrogatório.

Caminhando sobre as tubulações, ele colocou a mão sobre a que ele queria e fechou os olhos, concentrando-se no medidor de temperatura do aquecedor de água. Seus lábios se descontraíram em um sorriso satisfeito quando a camada de gelo apareceu sob seus dedos na tubulação de cobre. O grito que soou através do abrigo antiaéreo fez com que todos pulassem surpresos, exceto Ren.

No vapor do chuveiro, a temperatura da água tinha passado de escaldante para fria congelante em menos de um segundo, fazendo com que Lacey se encolhesse sob os jatos de água. No processo, ela deslizou pelo fundo escorregadio da banheira e tropeçou para fora, quase levando consigo a cortina do chuveiro.

"Lacey!", gritou Gypsy, apreensivamente.

Lacey desvencilhou-se da cortina de chuveiro e empurrou-a para o lado, grata porque ela não havia sido derrubada.

"Estou bem", gritou Lacey olhando para o chuveiro. "Você precisa de um novo aquecedor de água… a maldita temperatura simplesmente passou de escaldante para um frio congelante em menos de um segundo”.

Gypsy franziu a testa do outro lado da porta, imaginando o que tinha causado esse efeito na água. Ela havia tomado um banho de hora logo cedo e a água quente estivera perfeita.

"Vou pedir ao Ren para verificar isso”, replicou Gypsy através da porta fechada. "Ele tem um jeito de manipular as máquinas e fazê-las funcionar, mesmo depois que apresentaram algum defeito".

Lacey virou a cabeça e arregalou os olhos em direção à porta, ouvindo a explicação de Gypsy e soube imediatamente o que tinha acontecido.

"Isto significa guerra”, sussurrou ela baixinho e, não tendo outra escolha, deu um passo para trás para sentir o jato d’água congelante enxaguando do cabelo o restante do sabão.

Ren estava no andar de cima sentado no chão encostado na parede e com um largo sorriso no rosto. Momentos depois, ele ouviu passos na escada e não se preocupou em esconder o sorriso quando viu que era Nick.

"Eu sabia”, exclamou Nick em um sussurro forte. "Mas tenho que admitir… isso foi muito bom”.

Ren deu um leve toque na tubulação fria ao lado dele: “Eu realmente tenho meus momentos”.

Nick deslizou a mão pelo cabelo: “Eu devo tomar cuidado com dela… Gypsy acabou de dizer a ela que você leva jeito com as máquinas”.

O sorriso de Ren ficou ainda mais largo: “Bem, isso não é nenhuma vergonha”.

"Você está se divertindo demais", acusou Nick.

"Claro que estou", concordou Ren. "Agora vamos voltar a descer e ver se eu posso descobrir o que há de errado com o aquecedor de água irregular de Gypsy”.

Nick irritou-se e balançou a cabeça quando Ren dirigiu-se novamente para o abrigo. Ele estava curtindo tanto o fato de que toda a atenção de Ren parecia estar concentrada agora em Lacey em vez de Gypsy.

Ren entrou na sala a tempo de ouvir o chuveiro parar de funcionar. Ele olhou para Gypsy, vendo que ela estava sentada no sofá com a testa franzida.

"O que há de errado?" perguntou Ren com uma expressão inocente.

"De repente, meu aquecedor de água parou de funcionar", explicou Gypsy e olhou para a porta do banheiro. "Lacey disse que ele ficou congelante em questão de segundos”, e estalou os dedos.

"Deve ter enguiçado", disse Ren, fazendo com que Nick se virasse para evitar que Gypsy visse o sorriso largo no rosto.

Lacey estava tremendo quando saiu do chuveiro e enxugou-se rapidamente. Enrolando-se na toalha, ela caminhou até o espelho acima da pia e percebeu que estava com um aspecto bem melhor agora que não estava mais se escondendo sob uma camada de sujeira e roupas que eram grandes demais para ela.

Pegando a escova de cabelo de Gypsy, ela começou a passá-la pelos longos cabelos escuros. Virando-se, ela continuou a escovar o cabelo enquanto abria o grande baú… sorrindo quando viu todas as roupas que ela tinha deixado para trás. Ela lutou contra a vontade de tirar tudo lá de dentro e jogar no ar para depois poder rolar pelo chão sobre elas. Suas roupas… quanta falta lhe haviam feito.

Esticando o braço, ela tirou um vestido de cor lilás reluzente e um par de sandálias pretas e colocou-as sobre o tórax, juntamente com um conjunto de sutiã e calcinha da mesma cor. Virando-se para o espelho, ela terminou de escovar os cabelos e pôs a escova de volta sobre a pia. Sua cabeça inclinou-se para o lado admirando a pequena coleção de cosméticos que Gypsy tinha e aplicou um deles rapidamente, além de secar o cabelo.

Ela voltou a olhar para o espelho apenas para dar um suspiro ofegante, ao ver o mesmo símbolo que estava em seu ombro, agora rabiscado junto com uma imagem preta acetinada, olhando para ela em vez de seu próprio reflexo. Um verdadeiro grito de terror escapou-lhe dos lábios quando a escuridão intensa atravessou o espelho em direção a ela.

Lacey cambaleou para trás e quase tropeçou no baú, na pressa para ficar fora do alcance da criatura. Suas costas bateram na parede do banheiro enquanto aqueles braços excessivamente longos continuavam a se aproximar dela e os lábios de aspecto sinistro se moviam em um ritmo que ela poderia dizer que se tratava de algum tipo de cântico.

Ela deu um pulo quando a porta do banheiro de repente abriu para dentro e Ren apareceu de pé na porta, com Gypsy logo atrás dele. Lacey ficou de olhos arregalados ao vê-los atrás pelo espelho e quis gritar novamente, frustrada, quando viu que a imagem em 3D do demônio havia desaparecido e uma fina camada de cristais de gelo agora cobria o espelho.

A respiração de Ren congelou em seu peito quando ele observou que ela se transformara de um menino de rua sujo para alguém de pele macia, cabelos limpos e sedosos e um corpo que o fez desejar estar no lugar do sabonete. Ele ouvira dizer que ela era bonita, mas novamente ele a havia subestimado. Sua visão instantaneamente focalizou na toalha que estava parcialmente aberta e expondo o lado de Lacey que estava voltado para ele, parando a uma curta distância do mamilo e do suave montículo.

Ele rapidamente forçou-se a desviar os olhos, seguindo o olhar dela no espelho e franziu a testa ao ver a camada de gelo que havia se formado ali. O espelho escolheu esse exato momento para rachar por conta da baixa temperatura, o som ecoando de forma sinistra no súbito silêncio.

Lacey arregalou os olhos ao ver o olhar desconfiado no rosto de Ren e rapidamente pensou em uma maneira de distraí-lo do espelho.

"Que diabos você pensa que está fazendo ao entrar assim pela porta do banheiro enquanto estou aqui dentro, seu pervertido?" ela gritou com ele, enquanto se arrumava e tentava consertar a posição da toalha.

"Pensávamos que você estava em apuros", ofereceu Gypsy suavemente por trás dele.

Lacey suspirou dramaticamente: “Bem, como você pode ver, eu estou bem. Achei que tinha visto algo no espelho e foi só isso. Agora, se não se importam", ela bateu a porta na cara de Ren novamente. "Eu disse que você não conseguiria ficar sem me espionar", ela zombou dele através da porta.

"Se é isso que você diz”, retrucou Ren estreitando o olhar. "Eu não fui o único que gritou com o próprio reflexo”.

"Ren", Gypsy advertiu-lhe e, em seguida, fechou a boca quando observou o olhar bastante determinado no rosto dele.

Lacey abriu a boca para gritar algo em resposta, mas fora forçada a conter-se totalmente. Ela declarara uma guerra pessoal sobre ele, mas jamais poderia achar qualquer coisa que valesse a pena dizer para conseguir superá-lo.

"Droga, ele é bom", sussurrou ela e, depois, voltou a olhar para o espelho nervosamente. Não mais se sentindo segura, ela começou a se vestir rapidamente.

Ren sorriu quando ouviu o elogio dela, mas isso não durou muito tempo, pois seus pensamentos se voltaram para o espelho e a estranha formação de gelo. Ele havia resfriado a água nos tubos, mas isso não teria afetado o espelho ou qualquer outro objeto do banheiro. Não... o grito dela tinha sido tão real quanto o medo que ele tinha visto no próprio rosto quando ele abrira a porta pela primeira vez.

Querendo dar mais tempo a Ren para ficar a sós com Lacey e esperançosamente acender a chama que ele poderia dizer que surgiu ali, Nick olhou a hora em seu celular e, em seguida, novamente para Gypsy: “Você está pronta? São quase nove horas".

Os olhos de Gypsy iluminaram-se e ela sorriu para ele, ansiosa pelo seu primeiro dia de volta à atividade. Ela estava um pouco mais do que curiosa sobre como conseguiria convidar para sua loja seus clientes não-humanos, um de cada vez, quando entrassem em contato com a barreira criada por ela. Também ia ser divertido quando alguém que ela conhecera durante anos tentasse entrar e não conseguisse… revelando-se como um paranormal. Seja como for… o dia de hoje seria muito esclarecedor.

"Bem, isso deve revelar-se interessante. Estou feliz pelo fato de que os humanos normais podem entrar sem serem convidados ou então eu teria que ficar de pé na porta o dia todo como um anfitrião em Wal-Mart. "Bom dia! Por favor, você não quer entrar?" ela deu uma risada enquanto fazia um gesto de convite com a mão, fazendo brotar em Nick um sorriso malicioso.

Gypsy olhou para Ren por cima do ombro: “Vocês dois combinam bem agora”. Ela subiu rapidamente as escadas antes que Ren pudesse dizer qualquer coisa para impedi-la.

Os lábios de Nick se contraíram, mas ele também não disse nada, visto que Ren agora estava franzindo a testa de forma inquietante. Enfiando ainda mais as mãos no bolso, ele seguiu Gypsy no andar de cima para que ele pudesse pendurar a placa de Halloween que havia preparado. A maior parte pensaria que era apenas uma decoração de Halloween, mas simplesmente estava escrito: “Todos os Paranormais Devem Pedir Permissão antes de Entrar". Ele pretendia colocá-la na porta bem na altura dos olhos para que ela não passasse despercebida.

Ren esfregou o queixo enquanto olhava cuidadosamente para a porta do banheiro. Ele estivera certo em achar que Lacey tinha usado um spritzer de máscara aromatizada quando ela invadira o local na noite anterior. Agora que ela tinha lavado tudo aquilo durante o banho, ele poderia cheirá-la. A utilidade desse pequeno poder estava se revelando nele provavelmente a partir do jovem apaixonado que acabara de seguir Gypsy no andar de cima.

Ele podia sentir o cheiro do medo que tomava conta dela agora, juntamente com o som de sua respiração rápida, enquanto ela se apressava para se vestir. Ela havia mentido para ele novamente. Tudo o que ela tinha visto naquele espelho realmente a havia assustado e ele estava bem consciente de que não adiantaria nada perguntar a ela. Foi quando ele decidiu que isso já era o suficiente.

Tirando o telefone móvel, Ren discou mentalmente o número de Storm e aguardou, sorrindo quando ele ficou preso no meio do primeiro algarismo.

"Vou ver se consigo impedir Zachary por você", disse Storm e desligou abruptamente, antes de Ren pudesse ouvir uma palavra distorcida. Nem se sentiu intimidado quando os outros dois homens imediatamente apareceram com ele na sala de estar de Gypsy.

"Que diabos, Storm", queixou-se de Zachary enquanto ensacava a camisa desabotoada novamente nas calças. Ele ia ter uma conversa com o Time Walker sobre ficar entrando e saindo de seu quarto daquele jeito. Já era ruim o suficiente que Nighthawk tinha o hábito de promover essa pequena façanha. "Eu estava no meio de algo muito importante como você podia ver perfeitamente bem”.

"Isso não vai demorar mais que um minuto", disse Ren e sorriu maliciosamente, sabendo exatamente em que Zachary estivera metido. Ele conhecia o senso de humor de Storm bem o bastante para saber que, da forma como Time Walker via isso… o tempo era tudo.

Ele tirou os óculos escuros e enfiou-os no bolso, sabendo que, por um momento, ele teria que olhar Lacey diretamente nos olhos enquanto estivesse usando o poder da Fênix.

Capítulo 4

Lacey terminou de vestir-se, evitando o espelho tanto quanto possível, enquanto resmungava silenciosamente consigo mesma. Por que diabos aquele cara insistia em vir salvá-la?… ela estava bem muito, obrigada. Claro, ela tivera seus momentos de ficar descontrolada de tanto medo, mas nada que com que ela não conseguisse lidar. Sua irritação drenou sua razão agora que os demônios a haviam encontrado, ela não estaria viva por tempo suficiente até mesmo para ficar com ele.

Ela fechou o baú e empurrou-o para o canto, antes de contornar a parede para que ela pudesse ficar fora do reflexo do espelho no trajeto em direção à porta.

O sorriso de Ren tornou-se descaradamente maligno quando a maçaneta começou a girar e ele teleportou-se diretamente na frente da porta do banheiro. Ele não permitiu que ela desse mais que um passo, antes de estirar o braço rapidamente para tocar na testa e, simultaneamente, apoiar a parte de trás da cabeça dela com a outra mão para mantê-la imóvel.

Inclinando a cabeça dela para cima, ele se inclinou para frente e travou seu olhar de mercúrio junto com a dela.

Lacey separou os lábios para gritar com ele, mas de repente sua voz falhou quando ela viu as chamas escuras surgirem em seus lindos olhos prateados. Em um instante, lembranças detalhadas do ano anterior começaram a percorrer sua mente de forma tão rápida que ela mal conseguia acompanhá-los. A avalanche de emoções que seguiram as visões a oprimiram.

Com medo do que estava acontecendo, ela tentou se desvencilhar da forte pegada de Ren mas, com a mente quase sobrecarregando, seu corpo ficou anestesiado e ela não conseguia mover-se.

Ren mantinha Lacey imobilizada enquanto uma profusão de lembranças inundava sua mente, permitindo que ele visse tudo e até mesmo experimentasse algumas das emoções que as acompanhavam. Era pura teimosia que evitava que ele caísse de joelhos com o impacto. Ele absorveu tudo, desde o momento em que ela conhecera Vincent até a visão da criatura atravessando o espelho do banheiro para alcançá-la.

Ele respirou profundamente pelo nariz, vendo os momentos íntimos entre Vincent e ela, e sentiu um ciúme quase ofuscante tingido de ódio pelo homem que a havia colocado nesta perigosa situação. Como ele ousa tocá-la tão suavemente, depois de mostrar tal desrespeito pela vida dela?

Tendo visto o suficiente, Ren soltou-a com um rosnado extremo que foi imediatamente seguido por um estalo ruidoso que ecoou na sala silenciosa. A cabeça dele pendeu para o lado quando a palma da mão da moça bateu na lateral de seu rosto e ele sabia que merecia isso, mas não havia nenhuma maldita maneira para que ele pedisse desculpas pela invasão.

"Como você se atreve a fazer isso comigo, seu idiota?", Lacey enfureceu-se em silêncio. Vendo as chamas escuras lentamente desaparecerem do campo de visão de seus olhos prateados, ela sabia, sem dúvida, que ele observara as memórias junto com ela. "Quem diabos você pensa que é ao invadir meus pensamentos privados dessa forma?"

"Sim, essa é a reação que eu normalmente tenho", concluiu Zachary com um grande sorriso malicioso no rosto.

Lacey espreitou em torno de Ren para ver quem tinha falado, mas só capturou uma visão fugaz de dois outros homens enquanto eles desapareciam no ar rarefeito.

"Por quê?", exigiu Lacey, desconsiderando completamente o fato de que ela tinha visto alguém teleportar-se para fora dali, como se eles tivessem sido enviados até a nave mãe. Isso não a abalou nem a metade do fato de que o homem na frente dela tinha roubado todos os seus segredos. "E você tem a coragem de me chamar de ladrão?"

Ren olhou para ela com uma expressão impassível: “Você não teria me contado nada de outra maneira e, se você se lembrar corretamente… eu fui legal o bastante para perguntar várias vezes. Você não me deixou nenhuma escolha, além de procurar um amigo muito poderoso para me ajudar a obter as respostas necessárias. É uma coisa boa que eu fiz também, pois você está no inferno de um monte de problemas”.

"O problema é meu, não seu", retrucou Lacey.

Ren se inclinou para chegar mais perto dela e sorriu quando ela se encostou no caixilho da porta. "Para sua informação, nem todo mundo por aqui é gente ruim e talvez até mesmo possa ajudá-lo a sair dessa confusão em que você se meteu”. Ele levantou uma sobrancelha escura antes de recolocar os óculos de sol.

"Desculpe se estou um pouco insegura para confiar nas pessoas de imediato… especialmente outro demônio", disse Lacey, desejando que ele voltasse a tirar os óculos de sol. "Certamente, você pode entender por quê”.

"Eu permitirei que você conheça um dos meus segredos se isso fizer com que você se sinta melhor”, ofereceu Ren silenciosamente. "Eu sou humano, mas tenho a capacidade de... copiar... assumir as características de outros paranormais enquanto eles estão dentro da minha faixa de súcubos”.

Lacey franziu a testa: “Súcubo? Eu pensei que o súcubo era uma entidade feminina… na verdade, sei que eles são do sexo feminino. Será que isso não transformaria você em um íncubo?"

Ren balançou a cabeça: “Eu não sou um súcubo genuíno; é exatamente assim que nós sempre chamamos isso, considerando que eu pareço sugar qualquer energia do ar rarefeito quando me aproximo de qualquer pessoa que tenha energia suficiente para permitir que eu faça isso. E também não é escolha minha… Isso acontece independentemente da minha vontade. Se eu me aproximar de mais de um paranormal, recebo mais de um tipo de energia ar fino".

"Então, você é ladrão", observou Lacey com um sorriso satisfeito.

O sorriso de Ren correspondeu ao dela quando ele rapidamente corrigiu sua hipótese: “Eu não posso retirar deles a energia, mas posso combiná-los de forma igualitária, o que é muito útil quando eu me vejo lutando com um deles".

"Se você não sabe o que realmente é, então, como é que você sabe que não é um demônio ou, pelo menos, um híbrido?" Perguntou ela curiosa agora.

"Como o sangue do demônio é preto", disse Ren lembrando a forma como Vincent tinha conquistado a confiança dela. Ele olhou para o abridor de cartas de aparência afiada sobre a mesa do computador de Gypsy. Pegando o objeto, ele fatiou a palma da própria mão e deixou que ela visse o vermelho púrpura que ainda teve tempo de respingar em cima da ferida, segundos antes de começar a sarar.

Os músculos do estômago de Lacey contraíram-se quando ele assobiou suavemente por conta da lesão autoinfligida. Ela olhou rapidamente para o rosto dele, sentindo a culpa tomar conta dela por forçá-lo a fazer isso apenas para provar para ela que ele não estava mentindo. De certa forma, ele a lembrou de Vincent… ainda não humano.

"Como você pode ver… eu sangro muito bem e é vermelho". Ren jogou o abridor de volta sobre a mesa. "Eu sou completamente humano enquanto há apenas seres humanos ao redor… mas como acontece, há uma guerra de demônios acontecendo aqui em Los Angeles. Este lugar está repleto de demônios e outros paranormais no momento. Eu até ouvi falar de alguns deuses que estão circulando na área. Meus poderes tendem a mudar à medida que todos eles entram e saem da minha faixa”.

"Por que você está me dizendo isso?", perguntou Lacey, sabendo que era algo que ele deveria sempre manter em segredo… ela teria mantido.

"Pense nisso como uma penitência por tentar tirar a verdade de você, arrancando-a de suas memórias. Sinto muito que chegou a este ponto”, disse Ren honestamente. "Tenho meus momentos de ser um autêntico bastardo, mas sei disso… Farei o melhor que puder para te proteger, se você deixar. Isso significa que, da próxima vez que algo aparecer diante de você vindo do espelho, não minta sobre isso… grite por mim”.

Lacey piscou quando ele disse “grite por mim” e a mente dela ficou em parafuso. "Você não pode ler meus pensamentos neste exato momento, pode?", perguntou ela rapidamente, sentindo o calor percorrer-lhe as bochechas.

Ren franziu a testa e tentou ouvir o que ela estava pensando, mas tudo o que ele estava conseguindo era o silêncio…. e, em seguida, ocorreu-lhe que ela tinha mais do que um símbolo no corpo. Ele tinha visto quando ela quase perdera a toalha no banheiro. Isso o fez imaginar que outros segredos que ela estava escondendo.

"O pequeno símbolo que está tatuado logo abaixo de sua mama esquerda é, na verdade, uma barreira que evita que os outros leiam seus pensamentos", disse ele, agora sabendo porque ele podia ouvir Nick sem precisar forçar, mas não conseguia ouvi-la mesmo quando ele estivera se concentrando tanto.

Lacey podia sentir o calor em suas bochechas enquanto olhava para ele, incapaz de decidir se ficava estimulada ou chateada. Não era preciso ser gênio para descobrir exatamente para onde estivera focada sua atenção, quando ele entrou pela primeira vez de supetão no banheiro. Ela poderia jurar ter visto o brilho prateado dos olhos dele através dos óculos escuros e desviou o olhar quando sua pulsação acelerou.

"Bem... é bom saber que a tatuagem funciona mesmo", ela replicou com uma cara séria, antes de voltar-se para retirar novamente do banheiro o baú. Logo ela estaria morta, mas suas roupas ainda precisavam ser penduradas e, além disso, ela não poderia simplesmente ficar ali parada, olhando para ele o dia inteiro… isso estava mexendo com ela.

Não ouvindo mais nada, Nick afastou-se do topo da escada, onde ele estivera espionando e entrou na parte principal da loja. Ele deu um sorriso largo e aprovou Gypsy, fazendo com que o jovem sorrisse carinhosamente para ele.

Ele olhou ao redor da sala, contando quantos clientes estavam navegando. Até agora eram cinco e ela não precisara convidar nenhum deles. Ele mantinha os olhos no líder do grupo Wicca local enquanto se aproximava de Gypsy, querendo saber se tinha chegado a remessa que ela tinha encomendado na semana passada.

Gypsy desceu até o quarto dos fundos e começou a segui-la, caso algum dos volumes fosse pesado, mas parou quando tilintou o sino acima da porta. Seu sexto sentido era muito maior que o de um ser humano normal e Nick precisou suprimir seu rosnado quando se virou para ver os demônios logo à frente da porta de entrada.

Ambos pareciam ser ex-militares, com seus cortes de cabelo revolucionários e expressões intensas, mas ele se tornara um profissional em localizar demônios recentemente. Como vampiros sem alma, seu aroma sempre os revelou.

Um jovem muito bonito circulou entre eles e entrou na loja antes de parar. Ele olhou por cima do ombro para os dois companheiros que ainda estavam de pé fora do limite e quiseram rir quando ele os observou olhando para o chão diretamente na frente deles, agitados.

Quando ambos olharam acusatoriamente, ele simplesmente sorriu maliciosamente e deu de ombros: “Desculpem, caras". Ele poderia dizer que eles sabiam que ele não lamentava muito, a julgar pela maneira como eles estavam olhando para ele, mas ele não se importava exatamente com o que eles pensavam. "Parece que eu consigo fazer isso sozinho, afinal de contas".

Dispensando-os, ele se virou e deixou que seu olhar buscasse a loja do velhote ou a neta que ele tinha vindo aqui para ver.

Nick estava bem ereto e escorregou a mão até o final do bolso da gabardine onde o revestimento do bolso estava cortado, fornecendo-lhe fácil acesso a outros itens costurados no couro. Ele tinha um pequeno arsenal de armas que não hesitaria em usar, coisas tranquilas que ele poderia usar contra um inimigo sem chamar a atenção de outros clientes.

Ele seguiu o homem enquanto caminhava em direção ao balcão e observou que não estava olhando para nenhum outro objeto da loja. Nick tinha a sensação de que o estranho não estava aqui como comprador e que seus cães de guarda do demônio que agora o estavam vigiando através da janela não eram um bom sinal para o primeiro dia de Gypsy de volta à atividade.

O estranho olhou curiosamente para Gypsy enquanto ela saía do quarto dos fundos com uma caixa e ia até o outro balcão, onde uma mulher estava esperando por ela.

Nick moveu-se, colocando-se entre Gypsy e o estranho, observando-a. "Posso ajudar?"

O homem quis se safar mostrando a ele uma expressão entediada. Ele odiava dizer isso ao segurança da loja, mas ele não ficava intimidado com tanta facilidade. Vasculhando o bolso interno da jaqueta, ele retirou um envelope de aspecto formal. "Eu sou apenas um mensageiro e não pretendo causar nenhum mal. Trago um convite para o proprietário deste estabelecimento”.

Nick quis pegar o envelope, mas o homem o afastou, colocando-o de novo dentro da jaqueta.

"Somente o proprietário pode ver”, informou-lhe o estranho com um sotaque britânico, levantando uma sobrancelha elegante.

Nick inalou profundamente, mas só descobriu o aroma de um humano. Ele voltou-se e encostou-se ao balcão, voltando a encarar os dois demônios que estavam observando o estranho com olhares inquietantes.

"Você mantém companhias muito estranhas para um ser humano", comentou Nick, não esperando uma resposta e não teve mesmo.

Gypsy olhou em direção à janela e viu os dois homens olhando para a loja, em vez de entrar. Imediatamente ela olhou ao redor procurando Nick, encontrando-o com um homem que ela jamais vira antes.

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